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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 1998 Peggy A. Hoffmann

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Um motivo para viver, n.º 326 - março 2018

Título original: A Body to Die For

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-956-5

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Prólogo

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Se gostou deste livro…

Prólogo

 

Jackson Beaumont considerava-se um exímio conhecedor do sexo feminino. Tinha apenas dez anos quando se sentiu fascinado pelo corpo feminino, mais do que por carros ou barcos.

Ao contrário de muitos outros homens, decidiu não impor limites ao seu conhecimento. Por conseguinte, experimentou todo o tipo de mulheres: as louras esbeltas, as morenas de curvas deslumbrantes e as ruivas de personalidade forte. No entanto, quando viu a mulher que se encontrava no gabinete de Mark Spenser, não teve a menor dúvida de que era única.

Estava toda vestida de preto. Não conseguia ver-lhe o rosto, uma vez que estava tapado pelo véu que saía da aba do chapéu que usava. Contudo, via-lhe as pernas, compridas, maravilhosas, elegantemente traçadas e cobertas por umas meias de seda preta com costura. Jackson seguiu aquela linha preta com o olhar, desde os calcanhares, passando pela barriga das pernas até se perder na sua suave curva do joelho. «A viúva negra».

Jackson olhou por cima do ombro para Jon Wilcox, o namorado do director geral, Mark Spenser.

– É viúva?

– Está mais do que evidente que aprecia o drama – comentou Jon, suspirando. – A Bette Davis usava um chapéu como aquele em Toda a verdade sobre Eva. A Marilyn Monroe também entrava nesse filme, sabias? Eu daria um rim para ter aquele chapéu. Sempre senti um fraco por véus. Um dia destes, Sunshine disse-me que eu devia ter sido Scarlett O’Hara numa outra encarnação.

Jack desatou-se a rir. Sunshine Seagul dirigia o café Quinta Dimensão, muito perto dali e descarregava sobre Jon a sua dose diária de sabedoria.

De todas as pessoas que passavam pela Agência de Seguros S. J. Spade, Jon Wilcox era o que mais chamava a atenção. Aspirante a chefe de cozinha e a drag queen a tempo parcial, Jon aparecia habitualmente à hora de almoço com uma das suas criações, ansioso por obter a aprovação de Mark e dos restantes funcionários da seguradora. A cada prato que inventava dava-lhe um nome em honra de Marilyn Monroe, o seu grande ídolo. Naquele dia tinham sido asinhas de frango Com franjas e diabruras e Os cavalheiros preferem o brie, uma espécie de bolo de queijo coberto com verduras.

– Disse-te que foste um personagem de ficção numa outra vida?

– Goza, goza. De qualquer forma, Sunshine afirmou que a ficção é simplesmente um outro plano da realidade. Por outro lado, não posso negar que sinto uma vontade incontrolável de me vestir com as colgaduras da minha mãe.

– Colgaduras? – indagou, espantado. – Deixa-me adivinhar. É algum tipo exótico de roupa interior feminina?

– Esta é fabulosa! O bajulador Jack Beaumont a fazer-me perguntas sobre a roupa interior das mulheres! – exclamou Jon, deitando-lhe a língua de fora. – São cortinados, estúpido. Cortinas, sabes?

– Pensei que vestias vestidos – replicou Jack, que se desligara completamente da conversa.

– Muito bem! Já algum dia ouviste falar de um filme chamado E tudo o vento levou? Com Scarlett? E Rhett? E o divino Ashley? Aluga o filme e depois conversamos.

Enquanto Jon se afastava, murmurando algo imperceptível, Mark Spenser saía do seu gabinete com uma pasta na mão. Pela sua forma conservadora de vestir e pelo seu ar de eficiência, era difícil pensar que ele e Jon tinham algo em comum. Contudo, dentro das paredes daquele edifício, com vista para o Golden Gate, em São Francisco, nada era o que parecia.

Muito poucas pessoas em São Francisco sabiam que, por detrás da fachada da Agência de Seguros S. J. Spade, se camuflava um serviço de guarda-costas, que operava com êxito há já quinze anos. E embora a reputação de Samantha fosse impecável, de acordo com o que Jack ouvira comentar, nenhum dos empregados, à excepção de Mark, a conhecia.

– Estive a conversar com Samantha – informou Mark. – Só estás connosco há um mês e…

– Dois meses – corrigiu-o Jack.

– Sete semanas. Apesar disso, ela acredita que estás preparado para este caso – declarou Mark, entregando-lhe a pasta.

– Vais dar-me o caso da viúva negra? – inquiriu, surpreendido.

– Para ti, é senhora Parmentier.

– De que é que se trata?

Desde que começara a trabalhar ali, tinham-lhe destinado o trabalho menos interessante, apesar de ser um dos melhores da equipa. No entanto, Jack era firme nas suas decisões e Samantha esperava que demonstrasse a sua coragem, como toda a gente. Fora essa sua determinação que o levara a suportar a sua quota parte de futuras estrelas de cinema, respeitáveis homens de negócios, desportistas reformados e, inclusivamente, amuletos e estar sempre pronto para trabalhar a qualquer hora do dia ou da noite.

– Samantha vai dar-te todos os pormenores – comunicou-lhe Mark. – Está à espera na linha dois, por isso, é melhor entrares.

Jack entrou no gabinete de Mark e sorriu para a sua cliente.

– Senhora Parmentier – saudou, engasgando-se um pouco ao tentar imitar a pronúncia de Mark. – Chamo-me Jackson Beaumont. Vou encarregar-me do seu caso – acrescentou, ao mesmo tempo que lhe estendia a mão.

A mulher levantou-se ligeiramente da cadeira e virou-se para encará-lo. Em seguida, apertou-lhe a mão. Jack conseguiu aperceber-se de que tinha um rosto arredondado, uns lábios carnudos, uns olhos grandes e umas pestanas compridas. Uma senhora bem conservada, sem dúvida alguma, de idade indeterminada. Talvez tivesse cerca de quarenta anos.

– Madeline Parmentier – apresentou-se com um suave sorriso. – Senhor Beaumont, é um prazer conhecê-lo, ainda que o motivo que me traz aqui não seja tão prazenteiro.

Aquela simples palavra, prazer, pronunciada num sussurro, era um inconfundível convite à sedução. E o sotaque do Sul dava-lhe um ar ainda mais misterioso.

Mark tossiu ligeiramente e Jack apercebeu-se de que ainda estava à porta. Mark apontou para o telefone e com um sorriso que mais parecia um pedido de desculpa, Jack aproximou-se da secretária e premiu o botão da recepção.

– Bom dia. Fala S. J. Beaumont.

– Jack! Tesouro! Já foram apresentados?

– Já.

– Muito bem – retorquiu Samantha. – Vou contar-te toda a história. O falecido marido da senhora Parmentier, o juiz Lamar Parmentier, era nosso cliente. Estávamos encarregues de proteger uma importante testemunha num caso sobre crime organizado. E agora, a senhora Parmentier precisa da nossa ajuda.

– Tenho a certeza de que serei capaz de fazer tudo o que for necessário para protegê-la – afirmou Jack, sorrindo para Madeline Parmentier.

– Tens um relatório completo dentro da pasta. Charilyn está a tratar do bilhete de avião – acrescentou Samantha. – Dispões de tempo suficiente para ir a casa fazer a mala.

– Para onde é que vou?

– Para Luisiana.

– Fells Crossing – precisou Madeline, com o seu suave sotaque. – Perto de Baton Rouge.

– Bem, se não tens mais perguntas, Jack, só quero frisar que a senhora Parmentier fica sob a tua responsabilidade.

– Tudo bem. Podes estar certa de que vou fazer o meu trabalho como deve ser.

– És um anjo.

– Tu também – replicou Jack.

Assim que Samantha desligou, Madeline levantou-se e esticou a saia.

– Pelo que entendi, vamos viajar juntos para Nova Orleães, senhor Beaumont. Encontramo-nos junto à porta de embarque.

Encaminhou-se para a saída, mas Jack deteve-a, tocando-lhe no cotovelo. Uma escaldante sensação, que fez os impossíveis por disfarçar, subiu-lhe pelo braço. Há meses que não tocava numa mulher.

– Senhora Parmentier, se corre perigo, creio que deveria acompanhá-la…

– Não corro o menor perigo, senhor Beaumont – declarou, saindo do gabinete.

Jack ficou a olhar para ela, sem compreender.

– Então, porque é que necessita de um guarda-costas? – inquiriu baixinho, falando para si próprio.

Ainda se encontrava no gabinete, quando Mark regressou com o bilhete.

– O teu voo parte dentro de duas horas. Tens aqui um telemóvel e um cartão de crédito da empresa. Desta vez, não te esqueças da tua arma. As despesas têm de estar directamente relacionadas com o caso e não com futilidades que encontres para ocupar o teu tempo livre.

– Futilidades?

– Tu e Lucas Kincaid são iguais. Sexo, barcos e rock’n’roll. Certamente recebeste um postal dele – disse, entregando-lhe o cartão. – Porta-te bem, Beaumont. E como diria Samantha, não ponhas as mãos em cima desta mulher.

– Não te preocupes, Spenser. Sou um bom rapaz. Não vou fugir com uma das clientes, como fez Kincaid. Garanto-te.

– Está bem – murmurou Mark.

Jack deu uma vista de olhos pelo postal, com a imagem de umas baleias, e depois leu o que o outro escrevera: Estamos a divertir-nos bastante. Alegro-me de não te ter por perto. Kincaid.

Lucas tinha encontrado a rapariga dos seus sonhos; uma jovem muito bonita, chamada Grace. Naquele momento, encontrava-se casado e a caminho de um lugar exótico. Lucas Kincaid era a última pessoa que imaginava algum dia ver assente, criando juízo e constituindo uma família. Pelos vistos, até os tipos mais duros davam o grande salto, mais cedo ou mais tarde.

– Eu não – sussurrou, dirigindo-se à porta principal. – Nem que viva um milhão de anos. Há muito tempo que deixei de acreditar em contos de fadas.