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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2000 Alexandra Sellers

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

A tentação do xeque, n.º 342 - março 2018

Título original: Sheikh’s Temptation

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-966-4

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Capítulo Treze

Capítulo Catorze

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

 

O Inverno parecia ter terminado nas montanhas. Um vento forte começara a soprar logo cedo, mas uma hora depois um lindo tempo primaveril dera o ar da sua graça. No entanto, agora, vestindo um blusão e calças de ganga, perfeitamente confortáveis para aquela manhã, Lana Holding tremia inexplicavelmente de frio. Por certo a temperatura iria baixar ainda mais.

A estática guinchava nos seus ouvidos de novo.

– Não se ouve nada – disse Lana, desligando o rádio. Inclinou-se para ver Arash a apertar os parafusos de um pneu da carrinha, que tinha mudado.

Ela poderia tê-lo ajudado na tarefa, mas quando, na sua maneira autoritária, Arash lhe dissera que não se incomodasse, Lana não insistira. Propusera-se a aproveitar ao máximo a viagem pelas montanhas do Kohi Shir, apesar da presença dele e da situação incómoda que pairava no ar entre os dois. Iniciar uma discussão desagradável por causa de mudar um pneu não era nada interessante, nem aquela era a hora certa.

Lana suspirou com ansiedade.

– Eles devem estar milhas atrás de nós – comentou.

Arash terminou de apertar o último parafuso e endireitou o corpo.

– Eles provavelmente ainda não saíram de Seebi-Kuchek – observou.

Seebi-Kuchek era a aldeia onde tinham passado a noite. A pequena caravana consistia em duas carrinhas, quando se prepararam para fazer o passeio, saindo do palácio na véspera; uma carrinha com Arash e Lana; na outra, dois seguranças de Arash, que seguiriam à frente. Mas Lana pensava que o motivo era não permitir que ela e Arash ficassem sozinhos, por motivos de moralidade.

Sendo essa a razão, muito bem, dizia Lana a si mesma. Ela também não queria ficar sozinha com Arash, ou, melhor dizendo, não queria ficar com ele de nenhum jeito. Porém, estava tão impaciente para visitar as montanhas que, naquela manhã, quando a outra carrinha apresentara um pequeno problema mecânico, fora ela quem sugerira que partissem à frente, sem os seguranças.

– Eles podem alcançar-nos à hora do almoço – insistira. – O tempo está lindo. Quero chegar ao alto das montanhas enquanto o céu estiver claro, o que não acontecerá se demorarmos muito.

 

 

E agora, Lana lamentava ter insistido. Formavam-se nuvens à volta do magnífico pico do monte Shir e logo aquela estrada se transformaria numa rota deserta, sem vista nenhuma.

Arash concordara sem hesitar em partirem à frente, embora Lana desconfiasse que ele não gostara nada da ideia.

Demoraram propositadamente a almoçar, à espera dos outros. Mas quando viram que não apareciam, resolveram seguir viagem.

Já se tinham atrasado muito a mudar o pneu do carro, devido à dificuldade em remover os parafusos. E agora, se quisessem chegar ao seu destino, teriam de se apressar para atravessar o desfiladeiro naquele dia mesmo, antes do anoitecer.

Lana fitou-o, apreensiva.

– Achas melhor voltarmos? – perguntou.

– A escolha é tua – Arash virou-lhe as costas, para guardar as ferramentas. Bateu a porta da carrinha com força. – Podemos continuar ou voltar. A distância é mais ou menos a mesma. E em ambos os casos será muito improvável atravessarmos os desfiladeiros antes de anoitecer, de maneira a chegarmos a alguma aldeia.

Lana fitou-o, alarmada.

– O que é que isso quer dizer?

– Que teremos de passar a noite nas montanhas.

– Porque é que esta viagem tinha de ser assim tão desagradável?

– Não faço ideia – respondeu Arash com voz calma, o que a irritou ainda mais.

– Eu sei que não fazes, Arash. Mas será que não entendes o que significa uma maneira de falar? Nunca ouviste uma pergunta de retórica antes?

Como resposta, ele fitou-a firmemente por segundos e depois, como se Lana não tivesse dito nada, perguntou:

– O que preferes, afinal? Seguir em frente ou voltar?

Lana pôde sentir a controlada impaciência sempre existente na voz dele quando lhe falava e, naturalmente, aquele impasse idiota não era de solução fácil para nenhum dos dois. Contudo, por mais que detestasse Arash Durrani ibn Zahir al Khosravi, primo e assistente do príncipe Kavi, Lana sabia que ele contestaria o que quer que ela dissesse com pelo menos igual força.

Não podia imaginar por que motivo Arash se deixara convencer a servir-lhe de cicerone, no passeio até Barakat; também não podia entender por que razão ela própria aceitara aquela situação.

Desejara, não oficialmente, ser a primeira a viajar por aquelas fabulosas montanhas através da nova estrada Emerald, que o dinheiro do seu pai tornara possível construir. E quando Alinor, a sua melhor amiga da universidade, agora princesa de Parvan, dissera que Kavi tinha um motivo particular para desejar que Arash a acompanhasse, dando a entender assim que havia uma missão diplomática secreta envolvida no caso, Lana não soubera como dizer à amiga que a ideia de fazer a viagem com Arash roubaria toda a sua alegria na aventura.

E agora lá estava ela, empancada na mais deserta montanha da face da Terra, com Arash al Khosravi, um homem que a irritava, no que deveria ser um dos momentos mais felizes da sua vida.

– Também estás aqui – retorquiu Lana. – O que preferes fazer?

– Vamos continuar – respondeu Arash.

Ele reforçou a mudança do carro para galgar outra rampa abrupta na tortuosa estrada que, com uma pequena contribuição da vasta fortuna de Jonathan Holding, fora construída através das cordilheiras de Shir e Noor para unir Parvan aos Emirados de Barakat.

 

 

Arash não quisera atender ao pedido do príncipe Kavi, quando este lhe sugerira que acompanhasse Lana Holding naquela peregrinação pela estrada inacabada. Arash jamais solicitara ao príncipe favor algum e ficara horrorizado com o pedido que lhe fora feito.

Resistira o máximo que pudera.

– Kavi, eu imploro-te que não me peças isso. Não posso levá-la às montanhas. Com certeza, qualquer outro…

Como o meu assistente de maior confiança, Arash, és o único a quem posso pedir este favor – respondera Kavi com insistência e Arash percebera haver mais naquele pedido do que lhe tinha sido expresso abertamente. – Devemos tudo a ela. Como posso confiar a segurança de Lana a qualquer outro?

Arash encarara o príncipe por longos minutos, depois dissera:

– Quem decidiu isso, Kavi?

– Eu próprio – respondera Kavi, mas num tom de voz que não dava a impressão de que dizia a verdade.

Arash abrira a boca para protestar, mas resolvera calar-se.

Era verdade que Kavi e o país deviam tudo a Lana Holding. Kavi tinha motivos para agradecer aos céus por ele e Arash terem frequentado a universidade ao mesmo tempo que Alinor, agora esposa dele, e ao mesmo tempo que Lana, amiga de Alinor. Lana, que por sinal era filha do bilionário americano Jonathan Holding, apaixonara-se por Parvan e persuadira o pai a ajudar o pequeno reino após a selvagem e destrutiva guerra contra os invasores de Kaljuk. Portanto, fora fácil a Kavi pedir ao seu assistente e primo que acompanhasse Lana.

Entre Kavi e Arash não havia uma coisa chamada ordem. Arash não poderia jurar obediência a ninguém, pois tal tipo de juramento jamais seria exigido a um homem da sua linhagem, tão antiga. Mas existia lealdade naquela amizade e, na opinião de Arash, a lealdade era um sentimento mais poderoso que qualquer ordem. Ele tinha de atender ao pedido do primo.

No entanto, preferiria que Kavi lhe tivesse dado qualquer outra missão.

 

 

O modo como Arash forçava a carrinha fazia Lana pensar que ele resolvera mesmo atravessar o desfiladeiro antes de parar para a noite.

Mash’Allah! – exclamou ela, como ouvira muitas vezes durante a sua temporada em Parvan. Seja o que Deus quiser. Num território como aquele, era fácil crer na máxima «o homem põe e Deus dispõe».

Arash escutou um sussurro e perguntou:

– Como?

– Eu pensava agora mesmo que será possível atravessarmos o desfiladeiro e só pararmos no lugar que planeámos inicialmente, se continuares nessa velocidade.

Arash sacudiu a cabeça. Desejava que fosse verdade.

– Porém, acontece que é muito perigoso viajar depois do pôr-do-sol – observou ele.

Arash quis dizer que poderiam arriscar-se a encontrar outro buraco na estrada escura e danificar mais um pneu.

Lana olhou nervosamente para o céu. Tentava convencer-se, durante a última hora, de que as espessas nuvens se movimentavam para o Leste e de que o céu já não estava tão carregado. Porém, na realidade, as nuvens não se dirigiam para o Leste e o azul do céu parecia ter encolhido.

Arash acompanhou o olhar de Lana, mas não disse nada.

Fizeram uma curva e ele travou abruptamente. Uma rajada de pedregulhos, rochas e neve caiu pelo lado da montanha até parar na estrada. Arash chocou contra aquilo tudo, embora bem devagar.

À noite, sem a vantagem do luar, aquilo iria acontecer por certo. E mais de uma vez. Lana aceitou então que seria melhor passarem a noite na montanha.

 

 

– E se houver uma tempestade? – ela tentou falar com naturalidade, porém, não conseguiu esconder a nota de desânimo na voz. – Há alguma protecção por aqui?

– É tudo como estás a ver – ele encolheu os ombros.

Lana sabia que, em caso de tempestade, precisavam de encontrar um abrigo. Naquela região longínqua de Parvan tinham sido colocados avisos sobre minas por toda a parte e em ambos os lados das estradas. Nas montanhas inabitadas, cobertas de neve, tanto quanto nos vales, muitas minas tinham sido espalhadas pelos Kaljuks nos últimos dias de guerra, antes da retirada.

Qualquer objecto poderia ser uma mina disfarçada. Um pente, um brinquedo, uma folha…

Havia grupos organizados por todo o país a trabalhar na limpeza do território. Lana sabia disso, sendo aquele um projecto prioritário em Parvan.

E ela sabia também que, exceptuando as vias de grande acesso, as estradas das montanhas eram as últimas áreas a ser verificadas.

Fazia sentido cuidar primeiro dos vales, das pequenas cidades, das fazendas e das estradas mais transitadas. E aquilo significava que, embora ela e Arash vissem uma caverna ou uma aba de telhado, não poderiam usá-las como abrigo. Estavam a salvo das minas apenas se se mantivessem a alguns metros de ambos os lados da estrada.

Uma rajada de vento desceu da montanha, sacudindo a carrinha e espalhando areia e granizo contra o pára-brisas. Lana tremia de medo, agora.

Tempestade e montanha eram duas coisas que faziam um ser humano sentir-se frágil e insignificante.

– Talvez não possamos abrir a nossa tenda em caso de tempestade. Teremos de ficar sentados dentro da carrinha – disse Lana, num sussurro.

Silêncio. Arash não a contradisse.

Lana sentiu a primeira sensação de alarme. Ficar sentada numa carrinha a noite inteira durante uma violenta tempestade, com apenas Arash e uma vela por companhia! Aquilo desafiava qualquer imaginação, pois aquele homem mal podia ser cortês com ela em circunstâncias normais!

Lana olhou para as nuvens mais uma vez. E perguntou:

– Vamos ter muita neve?

Que pergunta idiota, disse ela a si mesma assim que a fez. Quando o tempo era a coisa mais imprevisível do mundo, quem poderia adivinhar? Porém, como fazia parte da natureza humana perguntar, Lana conformou-se. Aquilo não faria dela propriamente uma ignorante mas, pelo modo como Arash a fitou, dava para pensar que a considerava uma pessoa à qual faltava o elemento básico da capacidade intelectual.

– Dez centímetros? Meio metro? – ele encolheu os ombros.

Meio metro?

– É impossível adivinhar!

A voz de Arash não tinha entoação definida; ele não dividia nada com a sua interlocutora. E Lana teve de respirar fundo para abafar a irritação. Ela falava apenas para acalmar os nervos e Arash devia saber como a sua companheira se sentia. Lana nunca estivera naquele lugar antes, ao passo que a cidade da família dele ficava no sopé daquelas mesmas montanhas. Então, por que razão não fazer perguntas a um especialista no assunto?

Por outro lado, por que motivo estava a defender-se?

A verdade era que os dois estavam sempre a discutir. Tratava-se de uma daquelas inexplicáveis e infundadas antipatias. Ambos ficariam felizes se nunca mais se vissem. Seria bom se ao menos um deles saísse da cidade.

Porém, Parvan era a terra de Arash e ele jamais emigraria. E, exceptuando aquele passeio que insistiram que ela fizesse agora, Lana não iria a parte alguma até ao nascimento do bebé de Alinor. Depois, bem, não tinha ideia de quando deixaria Parvan.

Jamais conhecera povo tão valente. Como eram fortes aqueles cidadãos do pequeno país de Kavi! Numa terra cheia de montanhas e de desertos, que, com a ajuda do dinheiro do seu pai, tentava restabelecer-se dos destroços da guerra, Lana sentia ter encontrado uma razão de viver.

 

 

– O que há, Lana? Adoptaste um novo país? – perguntara-lhe o pai com ar de brincadeira quando lhe fora solicitada outra contribuição. – Já não pus dinheiro na maioria das aldeias, estradas e escolas? E aquela estrada na montanha, a da Esmeralda, está a consumir uma verba incalculável, como um aspirador de pó. O que mais queres?

– Vê bem, papá, se não gastares o teu dinheiro em alguma coisa como Parvan, em que irás gastá-lo? Queres comprar poder, é isso? Então deixarás de ser um homem notável e tornar-te-ás um monstro; e todos te odiarão – explicara ela, sem rodeios. – Não quero que ninguém no mundo odeie o meu pai.

– Não estou a tentar comprar poder neste momento, Lana. Estou a tentar investir num museu.

O novo museu era a paixão de Benjamin Holding e precisava de espólio, também, além do dinheiro dele. O que o ajudou a obter aquele espólio foi que muitas famílias ricas de Parvan se viram obrigadas a vender antigos tesouros para reconstruir as suas vidas. Com a ajuda de Lana nas negociações, o pai comprou-os.

Kavi e Alinor, bem como todas as pessoas que entravam em contacto com Lana, adoravam-na, pois as generosas ofertas do seu pai, bem como o dinheiro reunido à custa dos eventos organizados por ela, ajudavam a reorganizar a vida de muita gente. E todos estavam gratos aos Holdings.

Apenas Arash ficara fora do círculo dos admiradores.

Como xeque e líder tribal, com um vale cheio de fazendas e aldeias sob a sua responsabilidade, não interferira quanto ao facto de a sua gente receber o quinhão de generosidade. Porém como homem cujo país e família sofreram, não aceitaria nada de Lana.

E embora soubesse que o seu doloroso defeito na perna, consequência da guerra, podia ser resolvido com uma cirurgia, negava-se a aceitar a oferta de Lana para financiar a viagem à Europa, para a intervenção necessária.

Ela jamais entendera as razões de Arash, nem tentava entendêlas.

 

 

Lana virou a cabeça e viu o perfil firme de Arash enquanto conduzia, atento à estrada. Ele usava um blusão de couro, calças de brim e botas, mas era um xeque a cem por cento, como se estivesse com roupas tradicionais de gala.

– Esta carrinha vai funcionar, mesmo que haja muita neve? – ela não resistiu a fazer a pergunta.

– Há muitas coisas imprevisíveis que não me permitem responder-te – disse ele.

– Podemos então acabar por ter de esperar por um helicóptero para o nosso resgate? – «e quanto tempo demorará para vir?», quis acrescentar ela, mas conteve-se. A resposta seria outra irritante recusa e ela já começava a ranger os dentes. – Bem que eu achei que deveria ter ido de avião – resmungou ela.

– E por que não fizeste isso?

– Bem, sabes a resposta melhor do que eu, Arash!

– Sei apenas que Kavi me pediu para te levar em segurança a Barakat e que insististe em ir de carro.

– Percebi, Arash, que se tratava de fornecer cobertura a uma missão secreta ao príncipe Omar.

– Não fui incumbido de nenhuma missão, além de entregar-te sã e salva ao meu primo Omar e à princesa Jana, em Barakat.

– Então, por que foi tão importante que tu e ninguém mais me acompanhasse? – perguntou ela, duvidosa.

Houve uma pequena pausa.

– Entendi que isso tivesse sido uma escolha tua – retorquiu Arash, com alguma surpresa.

Minha escolha? Que escolha? Ter-te comigo? Por que motivo seria essa a minha escolha?

– Naturalmente que achei os teus motivos inexplicáveis.

– Realmente pensaste que eu tivesse pedido a Kavi que te forçasse a vir comigo? Kavi não poderia ter-te contado tamanha mentira!

– É talvez uma possível explicação para algo inexplicável.

– Obrigada pelo voto de confiança! – respondeu ela asperamente. – Que motivo pensaste que eu tivesse, Arash? Não te interessou saber?

– Desconfiei que o teu motivo viria a ser revelado mais cedo ou mais tarde. Portanto, não me preocupei.

– Não me venhas com essa! – ela mostrou-se irritada. – Se pensaste que eu tinha engendrado tudo isto, então deves ter tido algumas ideias sobre o motivo! Qual foi a minha motivação, Arash?

Lana encarou-o, furiosa. Pensava em como iria ser perigoso estar sozinha com Arash, Arash entre todos os homens do mundo. Existia um poço de ressentimentos nela contra Arash. Não havia nenhum outro assessor de Kavi do qual não gostasse. Preferiria estar com qualquer um deles, naquele momento.

– Que razão poderia eu ter para desejar estar sozinha contigo aqui, neste lugar perdido no mundo?

Ele demorou a responder e Lana explodiu:

– O que pensaste, Arash? Que eu quisesse estar sozinha contigo para te fazer uma proposta?

– Que tipo de proposta, exactamente, tinhas em vista, Lana? Apenas um breve affair ou deveria eu ir mais adiante e propor um casamento de conveniência, da fortuna com um título antigo? Foi isso?

– Não foi isso que eu perguntei. Quis apenas uma simples explicação.

Arash parou o carro abruptamente e encarou-a, furioso.

– Essa possibilidade não te ocorreu? Negas?

– Não! Não me ocorreu. Nego! O que te dá o direito de falar assim comigo?

Os olhos de Arash estavam negros de ódio e um tremor percorreu o corpo de Lana. «O que poderá acontecer agora?», perguntava-se ela.

Arash ergueu a mão do volante e apontou para a ponta do nariz dela. Os seus olhos expeliam faíscas e a fúria da voz assustou-a.

– O que me dá o direito? Tu deste-me esse direito, Lana. Tu, com a tua insistente sugestão de que estou à venda em hasta pública.