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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2006 Kathie DeNosky

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Anos de amor, n.º 776 - Março 2016

Título original: Reunion of Revenge

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em português em 2007

 

Reservados todosos direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-7788-7

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S. L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Epílogo

Se gostou deste livro…

 

De Emerald Larson, proprietária e presidente da Emerald, S.A.

 

Para: O meu secretário pessoal, Luther Freemont

Ref: O meu neto, Nick Daniels

 

O meu neto Nick, vai para o Wyoming no final da semana para dirigir o rancho Sugar Creek. Aviso-te que ele não vai achar graça nenhuma quando descobrir que o capataz do rancho é a mulher com quem ele, supostamente, iria casar há treze anos. Para garantir o sucesso do meu plano e poupar-me às suas fúrias, peço-te que não me passes nenhuma chamada do Nick até informação em contrário.

 

Como sempre, confio na tua total discrição.

 

Atentamente,

 

Emerald Larson

Capítulo Um

 

– Larga esse rolo de arame e afasta-te da carrinha.

Nick Daniels respirou fundo, tentando controlar os calafrios que o percorriam dos pés à cabeça. Tinham passado treze anos desde a última vez que ouvira aquela voz tão suave, tão feminina. Mas mesmo que vivesse até aos cem anos, seria capaz de reconhecê-la em qualquer lugar.

Aquele som melódico perseguira-o em sonhos durante demasiadas noites para conseguir esquecê-lo.

– Já te disse para largares o rolo de arame e te afastares da carrinha.

Ao ouvir a espingarda a ser carregada, Nick largou o arame farpado e levantou as mãos enluvadas. Depois, voltando-se para enfrentar a mulher que fora a razão de ele abandonar o Wyoming, acossado pela lei, sorriu, irónico.

– Há quanto tempo, Cheyenne!

Cheyenne Holbrook esbugalhou os olhos e o cano da espingarda moveu-se um pouco para baixo. Mas esse foi o único indício de que estava surpreendida.

– Não sei que estás aqui a fazer, Nick Daniels, mas aconselho-te a subires para a tua carrinha e a voltares para onde vieste. Se não, chamo o comissário.

Ele suspirou. Estava mais bonita agora do que quando tinha dezasseis anos. O seu longo cabelo castanho com madeixas loiras reluzia, salientado pelo tom bronzeado da sua pele e pelos seus olhos verde água.

O top cor-de-rosa parecia acariciar-lhe o tronco, deixando-o fascinado e dando-lhe uma ideia muito aproximada do tamanho e da forma dos seus seios. Nick teve que engolir em seco enquanto baixava o olhar. Lembrava-se que as calças de ganga ficavam-lhe sempre bem, mas aquelas, gastas e justas, colavam-se às suas ancas e coxas como uma segunda pele. E Cheyenne tinha umas pernas muito, muito longas.

Nick desviou o olhar, contrariado, para olhar para a espingarda. Seria melhor esquecer-se de como lhe ficavam bem as calças porque parecia preparada para disparar contra ele.

– Chama o comissário. Que eu saiba, não é crime um homem arranjar a cerca da sua propriedade.

– Este rancho não é teu. É da empresa Sugar Creek e isto é uma invasão de propriedade…

– Não, não é – interrompeu-a Nick, dando um passo na direcção dela.

– Se dás mais um passo, dou-te um tiro.

– Isso não seria muito amável da tua parte, querida.

– Não me chames isso.

– Antes, gostavas – ripostou ele.

– Isso foi no passado. E, agora, sobe para a tua carrinha e desaparece daqui como fizeste há treze anos.

– Por que iria fazer isso? Esta é a minha casa.

Com o cano da espingarda apontado ao seu coração, seria melhor não dizer-lhe que o seu pai fora o culpado daquela fuga há treze anos ou que estava farto que um Holbrook tentasse pô-lo fora das suas terras.

– Não sei se te lembras que o rancho Sugar Creek pertenceu à minha família durante cento e vinte e cinco anos.

– E não sei se te lembras que renunciaste aos teus direitos sobre estas terras há muito tempo.

Haveria uma nota de amargura na sua voz?

– Aí é que estás enganada, Cheyenne – disse ele, dando um passo em frente e ficando quase colado ao cano da espingarda. – Continuo a ser o proprietário deste rancho e… – Nick arrancou a espingarda com uma mão e colocou-a atrás das costas, enquanto que com a outra a agarrava pela cintura.

– Larga-me! – gritou Cheyenne.

– Não te largo até esclarecermos uma ou duas coisas – o roçar daquele corpo feminino, com pouco mais de um metro e cinquenta, representava, ao mesmo tempo, o Céu e o Inferno. – Quando apontas uma espingarda a um homem, minha querida, tens que estar preparada para dispará-la.

– Eu estava – Cheyenne parecia sem fôlego e Nick teve a impressão de que ela estava a tremer, mas talvez fosse apenas uma impressão. Porque Cheyenne Holbrook era pura dinamite.

– Ambos sabemos que não conseguirias dar-me um tiro.

– Devolve-me a espingarda e já veremos.

– Não, devolvo-ta quando estiveres calma.

Os seus estertores recordaram-lhe as sensações do seu corpo da última vez em que a tinha visto. Aos dezasseis anos, Cheyenne Holbrook tinha uma figura que lhe punha as hormonas em ebulição, mas na época era apenas uma criança. Os seus seios eram mais generosos agora e as suas ancas pareciam capazes de prender um homem e levá-lo ao paraíso…

Quando o que tinha entre as pernas começou a incomodá-lo, murmurou um palavrão. Já não era uma criança de dezoito anos. Era um homem de trinta e um e deveria saber controlar-se.

– Larga-me.

Nick soltou-a, mas ficou com a espingarda.

– Ficarei com isto mais uns momentos.

– Como quiseres – Cheyenne tirou o telemóvel que levava no cinto. – De qualquer modo, vou ligar ao comissário Turner para que te prenda.

– Muito bem, liga.

– Não te preocupa que te possam prender?

– Por que iria preocupar-me? Sou o dono de Sugar Creek – Nick deixou a espingarda na parte de trás da sua carrinha e tirou as luvas, que prendeu ao cinto. – Tu é que estás a invadir as minhas terras.

Não lhe disse que, desta vez, o comissário e o pai dela não conseguiriam pô-lo fora dali tão facilmente.

– Eu? – Cheyenne afastou uma madeixa da testa. – A multinacional Emerald, S.A. comprou o rancho quando tu e a tua mãe se foram embora.

– E como sabes tu isso?

– Porque sou a capataz do rancho. Não achas que sei quem é o meu chefe?

Nick não podia acreditar. O pai de Cheyenne, o juiz do condado, permitia que a sua bela filha trabalhasse? E num trabalho onde tinha que sujar as mãos? Que interessante.

Aparentemente, Emerald Larson tinha omitido um par de detalhes importantes quando, depois de contar-lhe que era sua avó, lhe devolveu o rancho. Explicara-lhe por que tinha pedido à sua mãe para assinar um documento onde prometia não revelar a identidade do pai do seu filho até que ela assim o decidisse. Até tinha resolvido o mistério de quem avisara a sua mãe na noite em que o comissário pretendia prendê-lo porque, pelos vistos, um detective privado lhe seguira os passos desde o dia do seu nascimento.

Mas não lhe tinha dito que Cheyenne Holbrook era a capataz do Sugar Creek. E assim que voltasse a casa pensava ligar a Wichita para informar-se de todas as outras surpresas que lhe estariam preparadas.

– Sei que isto é uma surpresa para ti, mas sou o dono do rancho – insistiu.

Cheyenne empalideceu, mas continuou a negar com a cabeça.

– Não acredito. Quando Luther Freemont me ligou na semana passada para falar sobre o relatório trimestral, não me disse que tinham vendido o rancho.

Nick não se surpreendeu de ouvir o nome do assistente e braço-direito de Emerald. A sua avó confiava absolutamente naquele homem, que era a ligação entre ela e os directores de todas as suas empresas.

– Por que não voltas para o rancho do teu pai e ligas a Luther? – sugeriu Nick, tirando os cartuchos da espingarda antes de a devolver.

– E é isso mesmo que vou fazer.

– Depois, voltaremos a falar – Nick voltou a pôr as luvas para continuar a arranjar a cerca. – Espero-te amanhã na minha casa, às nove.

– Para quê?

Não parecia muito satisfeita por ter de voltar a vê-lo. E tinha a certeza de que ela não acreditava na sua história.

– Porque teremos que discutir os termos do teu contrato. Além disso, parece-me que é costume o proprietário do rancho e o seu capataz trabalharem em conjunto.

Cheyenne fulminou-o com o olhar antes de voltar para a sua carrinha.

Nick observava-a, sem conseguir afastar os olhos do seu rabo. Continuava a deixá-lo sem fôlego e bastava o leve contacto com o seu corpo para pô-lo duro como pedra.

Mas não se podia esquecer de que o seu pai era o juiz Bertram Holbrook, o ser mais colérico e odioso que havia sobre a face da Terra. Um homem que tinha metade dos comissários do condado no bolso e os outros mortos de medo.

Se Holbrook tivesse conseguido o que queria, ele estaria na prisão simplesmente porque tinha tentado casar com a filha dele.

 

 

Na manhã seguinte, Cheyenne percorreu os dez quilómetros que separavam o rancho Flying H do Sugar Creek, perguntando-se pela enésima vez o que ia fazer. Luther Freemont confirmara-lhe tudo o que Nick lhe dissera e, sentindo que o seu mundo estava de pernas para o ar, não conseguiu pregar olho toda a noite, revivendo o passado e perguntando-se o que lhe guardaria o futuro.

Tinha demorado anos a esquecer Nick, depois de este ter desaparecido dali sem olhar para trás, e vê-lo agora, tanto tempo depois, perturbara-a mais do que alguma vez teria imaginado.

E quando ele a agarrou pela cintura para tirar-lhe a espingarda… Cheyenne não podia acreditar que um arrepio de emoção a tivesse percorrido de alto a baixo ao sentir-se esmagada contra o seu corpo. Isso assustou-a e ela não era mulher para se deixar assustar.

Quando era criança, acreditava que Nick era o homem da sua vida. Ele tinha mais dois anos do que ela e era o rapaz mais bonito do condado. Com o seu cabelo loiro escuro, a sua estatura e o seu encantador sorriso, era o sonho de todas as adolescentes e o pesadelo de todos os pais. O coração começou a bater-lhe mais depressa ao recordar o que sentira na primeira vez em que Nick a fixara com os seus olhos azul celeste. Apaixonara-se por ele nesse mesmo instante.

Mas o pai dela era contra essa relação. Disse-lhe que aquele rapaz era problemático, que não lhe convinha… Nunca lhe tinha explicado porquê mas, infelizmente, depressa descobriria que o pai tinha razão.

Quando ele e o comissário evitaram que se casassem, durante as férias de Verão, Nick desapareceu. Ela esperara meses por uma chamada sua, uma carta, que se pusesse em contacto de alguma forma para explicar-lhe o seu desaparecimento repentino…

Mas isso não aconteceu e acabou por chegar à conclusão de que o seu pai estava certo. Nick nem sequer tinha tido coragem para dizer-lhe na cara que estava tudo terminado.

E agora estava de volta. E era o seu chefe. Como podia o destino ser tão cruel?

Era uma situação impossível.

Quando ligou a Wichita, esperava que o senhor Freemont lhe dissesse que era tudo mentira e que lhe desse a sua bênção para pô-lo fora do rancho. Mas, sem dar detalhes, Luke Freemont confirmou que Nick Daniels era agora o proprietário de Sugar Creek e que, segundo o contrato dela, teria que trabalhar para ele durante os próximos quatro anos.

Depois de estacionar a carrinha à frente da enorme casa vitoriana, Cheyenne engoliu em seco. Não se tinha atrevido a contar nada ao pai. Não estava bem de saúde e saber que Nick estava de volta só poderia agravar o seu estado. E até decidir o que ia fazer não valia a pena dar-lhe um desgosto. Além disso, ela própria já estava estressada o suficiente pelos dois.

Agarrando no envelope que tinha deixado no carro, Cheyenne saiu da carrinha, rezando para que acontecesse um milagre. Porque, naquele momento, a sua única esperança era uma intervenção divina.

Cheyenne subiu os degraus da casa e bateu à porta. Mas não foi Nick quem abriu, mas uma mulher gorda de uns sessenta anos.

– Tu deves ser Cheyenne Holbrook – cumprimentou-a. – Eu sou Greta Foster. Eu e o meu marido, Carl, cuidamos desta casa há anos, mas não tínhamos tido o prazer de te conhecer.

O que não a surpreendia. Antes de Nick se ir embora, o seu pai proibira-a de se aproximar de Sugar Creek. E quando passara a ser a capataz, seis anos antes, nunca tinha ido à casa dos Daniels porque lhe trazia à memória os seus sonhos perdidos.

Deveria ter sido a mulher de Nick, deveria ter vivido naquela grande casa com ele e com a sua mãe. Enquanto ele dirigiria o rancho, ela, supostamente, iria dar aulas e, juntos, iriam criar um monte de crianças, e viveriam felizes para sempre.

Cheyenne abanou a cabeça para afastar aqueles pensamentos.

– Falei com Carl por telefone muitas vezes, mas nunca tinha estado aqui.

– Bem, pois agora que vieste, espero que voltes mais vezes – sorriu Greta, apontando para uma porta. – Nick está à tua espera no escritório. Queres beber alguma coisa? Acabo de tirar um bolo de maçã do forno e tenho café acabado de fazer.

– Não, obrigada – respondeu Cheyenne. – Espero que esta reunião não dure muito. Tenho que ir ao armazém do Harry comprar provisões.

Aparentemente satisfeita com a explicação, Greta assentiu.

– Se mudares de opinião, estarei na cozinha.

Enquanto a mulher se afastava, Cheyenne tentou compor-se um pouco antes de bater à porta. A última coisa que desejava era ter aquela reunião, mas não podia evitá-la.

Antes que pudesse mudar de opinião, bateu à porta e assomou a cabeça.

– Nick?

Ele estava sentado a uma secretária de carvalho, a falar ao telefone.

– Fico contente por tu e a Alyssa se terem divertido nas Bahamas – ele fez-lhe um gesto para que se sentasse. – Liga-me quando souberes algo de Hunter. Até logo, Caleb.

Quando desligou o telefone e levantou os olhos, a sua expressão sorridente tinha desaparecido.

– Presumo que tenhas falado com Luke Freemont.

Nervosa, Cheyenne sentou-se no braço de uma poltrona e poisou o envelope na mesa.

– O senhor Freemont confirmou-me que és o proprietário do rancho e que devo discutir os termos do meu contrato contigo.

Nick olhou para ela com uma expressão insondável antes de abrir o envelope.

Cheyenne esperava, nervosa. Quando assinou o contrato, o senhor Freemont garantira-lhe que os termos seriam tratados com a máxima discrição e que só um punhado de pessoas saberiam por que tinha aceitado trabalhar para eles durante dez anos.

Quando, por fim, Nick olhou para ela, com uma expressão inquisidora, Cheyenne teve vontade de se enfiar num buraco.

– Importaste-te de me explicar isto?

Humilhada, teve que morder os lábios para dissimular o tremor. Mas, depois, levantou a cabeça, altiva.

– Acho que está tudo muito claro. Não só és o proprietário de Sugar Creek, como também és o proprietário do rancho do meu pai.