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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2006 Kathie DeNosky

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

A dor de amar, n.º 781 - Março 2016

Título original: Betrothed for the Baby

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em português em 2007

 

Reservados todosos direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-7792-4

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S. L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

 

Quando Hunter O’Banyon olhou para a bonita e pequena loira que conhecera momentos antes, a adrenalina começou a bombear-lhe pelas veias. O seu rosto de porcelana exibia uma mescla de rubor e excitação, e o fulgor nos seus olhos violeta revelava que não esperava menos que uma viagem fantástica.

– Espero que não te importes, mas vamos ter de ir mais depressa do que tinha pensado – disse ela, um pouco ofegante.

Ele assentiu com um sorriso.

– Ora essa. Posso ir à velocidade que tu quiseres.

– Gosto da tua forma de pensar.

O sorriso dela atingiu-lhe o coração.

– Agarra-te, homenzarrão. Pode ser que a viagem se torne selvagem.

Hunter respirou fundo e preparou-se.

– Dá-lhe fogo, miúda.

Ao mesmo tempo que ela pisava a fundo o acelerador, estendeu a mão para activar um interruptor no painel de comandos do carro. As luzes e o ruído das sirenes competiram com o ranger das rodas, soltando uma nuvem de gravilha e de pó do sul do Texas quando a carrinha arrancou pela pista do Aeroporto Devil’s Fork Community.

Quando Hunter descobriu que não havia nenhum voo comercial para aquela pequena cidade, percebeu por que razão o piloto do Cessna Skyhawk, que alugara para fazer a viagem de El Paso para Devil’s Fork, se riu que nem um tonto quando ele falou em aeroporto. As instalações consistiam numa pista de alcatrão, que mal cumpria os requisitos mínimos exigidos, num barracão com um aspecto precário e num poste de madeira com uma rosa-dos-ventos com as bandeiras dos Estados Unidos e do Texas por baixo. Pelo que podia ver, nem sequer existiam as marcas luminosas para as aterragens nocturnas. Só esperava que a operação Life Medevac tivesse melhor ar.

– A propósito, o meu nome é Callie Marshall e sou a enfermeira de bordo da equipa do Evac II – comentou a loira.

Enquanto se aproximavam do limite da cidade, pensou que aquele era um belo nome para uma mulher bonita.

– Eu sou Hunter O’Banyon.

– Graças a Deus – sorriu. – Assim que te encontrei, nem te dei tempo de te apresentares e, de repente, ocorreu-me que talvez não fosses a pessoa que era suposto eu vir buscar.

Ele teve que pigarrear. Quando sorria, Callie Marshall não era apenas bonita, era arrebatadora.

– Mas há a possibilidade de mais alguém vir parar a Devil’s Fork? – perguntou ele, quando finalmente recuperou a voz.

O riso divertido dela foi um dos sons mais gratificantes que ele tinha ouvido nos últimos tempos.

– Bem visto – assentiu. – Que eu saiba, és a primeira pessoa a aterrar aqui desde a minha chegada há dois meses.

– Não me surpreende nada. Vieste de avião?

– Impossível – abanou a cabeça, fazendo com que a franja oscilasse de um lado para o outro. – Vim de carro, a partir de Houston. Não me imaginei a apanhar um voo para aqui.

Enquanto avançava pela rua principal, Hunter chegou à conclusão que bastaria ter pestanejado uma única vez para ter passado pela cidade sem a ver. Para além da velocidade a que Callie conduzia, que fazia com que a cidade se parecesse a uma mancha informe, a zona comercial não ocupava mais do que um quarteirão e a zona residencial não ultrapassava outros dois ou três quarteirões.

– A Mary Lou, a nossa operadora de rádio, disse-me que tu eras de Miami. Portanto, é provável que leves algum tempo a habituares-te a Devil’s Fork. A praia mais próxima fica a cerca de mil quilómetros e a vida social aqui não oferece lá grande animação.

– Eu sabia que a cidade era pequena, mas não estava à espera que fosse tão pequena.

– Eu também – concordou ela. – Depois de ter atravessado a cidade pela primeira vez, custou-me a crer que houvesse alguma necessidade de sediar aqui um centro de evacuação médico. Mas enganei-me.

Hunter pensou no que tinha lido no relatório sobre o negócio que a sua avó o encarregara de dirigir.

– Pelo que percebi, somos o único serviço de emergência disponível numa área que abrange zonas de cinco estados.

Ela assentiu.

– O número de habitantes desta zona do Texas é tão baixo que não é rentável que as comunidades tenham as suas próprias ambulâncias – enfiou a carrinha por um caminho de terra batida que conduzia a um grande hangar, com o cartaz Life Medevac Helicopter Service afixado de um dos lados. – Além disso, se a unidade fosse terrestre, iríamos demorar demasiado tempo para chegar à maioria dos locais e fazer ainda o percurso para o hospital. Nós somos a melhor esperança que estas pessoas têm para uma situação de urgência.

Quando contornou a parte de trás do edifício, Hunter respirou um pouco mais tranquilamente. A base de Life Medevac parecia ter bastante melhores condições do que o aeroporto. Além disso, o hangar estava bem cuidado e dispunham de dois helicópteros Bell EMS, novos e de primeira linha, e a zona parecia estar equipada com a melhor tecnologia de iluminação para descolagens e aterragens nocturnas.

– Vemo-nos quando voltarmos – disse ela, colocando a carrinha em ponto morto, ao mesmo tempo que desligava o motor e abria a porta. – Tenho de apanhar um voo.

– Obrigado pela boleia – disse Hunter, enquanto saía do veículo.

Voltando-se, ela dirigiu-lhe outro dos seus sorrisos devastadores.

– Quase me esquecia… cuidado com o café da Mary Lou. Vai dizer-te que é o melhor que alguma vez provaste, mas não acredites – fez uma careta. – É horrível.

Ali de pé, vendo-a a correr para o helicóptero que estava à sua espera, pensou que havia qualquer coisa nela que lhe escapava. Mas afastou esse pensamento ao vê-la desaparecer no interior da cabina, que se fechou nas suas costas. Depois, o Evac II descolou.

Ainda que Emerald Larson lhe tivesse garantido que a equipa estava sempre a postos e cumpria os mínimos exigidos pelo Estado, queria substituir a cor das fardas de forma a serem mais facilmente distinguidos num cenário em que estivesse a trabalhar outras equipas. E iria assegurar-se de que o tamanho seria o adequado para cada um. Reparara que a Callie ficava-lhe demasiado grande.

– Tu deves ser o Hunter O’Banyon, o novo chefe deste posto.

Ao ouvir a voz feminina atrás de si, voltou-se e viu uma mulher que calculou ter entre sessenta e tal e setenta e poucos anos. Com o seu cabelo branco ondulado, o rosto perfeitamente redondo e os seus pequenos óculos para ler, parecia ter a figura adequada para fazer de esposa do Pai Natal.

Sorriu ao estender a mão.

– Sou eu mesmo. E tu deves ser a Mary Lou Carson.

– Precisamente – apertou-lhe firmente a mão enquanto lhe dirigia também um sorriso. – Vem comigo até à sala de comunicações para descansares um pouco. Eu ofereço-te um café que será dos melhores que já provaste e, depois, mostro-te onde vais ficar.

Hunter tirou a sua bagagem da parte de trás da carrinha e seguiu Mary Lou, sob o sol do fim de Agosto, até ao escritório, com ar condicionado, do hangar. Enquanto se dirigia para o gabinete, reparou nas medalhas militares emolduradas que estavam penduradas na parede junto à porta.

– Eram do teu marido? – perguntou, com um tom afável.

– Algumas – dirigiu-se para uma pequena zona de copa, na outra extremidade da divisão, e retirou do lume uma cafeteira que espalhava um aroma delicioso pelo espaço. – As outras são minhas.

Ao voltar para perto dele, estendeu-lhe uma chávena de café e indicou-lhe que se sentasse numa das várias cadeiras, dispostas frente a uma secretária de madeira cheia de marcas.

– Descansa, Hunter.

– Em que unidade é que estiveste?

– O Lester e eu fizemos carreira na Marinha – rodeou a mesa, uma prateleira anexa, cheia de equipamentos de rádio, um computador e vários telefones, e sentou-se numa poltrona de madeira que parecia ter sobrevivido à Segunda Guerra Mundial. – Ele era mecânico de aviões e eu era enfermeira. Morreu num acidente a bordo de um porta-aviões, pouco antes da data em que estava previsto reformarmo-nos.

– Lamento – ele sabia muito bem o que era perder alguém de uma forma completamente inesperada.

– Não lamentes – disse. – O Lester morreu a fazer o que mais gostava… trabalhar num avião de combate. É a melhor maneira que podemos ambicionar para partir deste mundo. É por isso que eu trabalho aqui como operadora de comunicações. Depois da minha artrite me ter obrigado a abandonar o trabalho no hospital, resolvi aceitar este trabalho. Quando as pessoas ligam para aqui, por causa de alguma urgência, mantenho-me em linha e falo com elas sobre o que pode acontecer enquanto não chega a nossa equipa. É quase tão satisfatório como ser enfermeira.

Hunter bebeu um gole do café, enquanto analisava Mary Lou. Mas, à medida que o sabor amargo se espalhava pela língua, teve de se obrigar a engolir. Rapidamente, colocou a chávena na mesa e mal conseguiu disfarçar a repulsa. O que Callie lhe tinha dito sobre o café ser terrível era apenas um eufemismo.

Tossiu, levantou o olhar e reparou que ela o observava com expectativa. Percebeu que ela estava à espera que ele comentasse a qualidade do café.

– Gostas do café forte, não gostas? – perguntou, esforçando-se para não fazer uma careta.

Ela encolheu os ombros.

– Gosto do café tal como gosto que um homem seja… forte e o melhor que jamais tive.

Era impossível ter ficado mais desconcertado com a resposta dela. Incapaz de pensar em qualquer coisa que pudesse dizer, aguardou que ela continuasse com a conversa. A menos que tivesse feito uma avaliação errada dela, não teria de esperar muito.

O sorriso dela deu-lhe a perceber que o comentário o tinha deixado mudo e calado.

– Há algumas coisas sobre mim que é melhor ficares já a saber, Hunt. Eu não uso eufemismos. Digo sempre exactamente o que penso e já tenho idade suficiente para me dar a esse luxo impunemente. Além disso, nunca gostei de rodeios.

– Respeito isso – não fazia ideia onde é que ela queria chegar, mas percebeu que ainda não tinha terminado.

– Fico contente por ouvir-te dizer isso, porque talvez seja difícil encaixares o que eu te vou dizer agora.

– Sou todo ouvidos.

– Vou dar-te o mesmo tratamento que dou a toda a gente porque já não há muita coisa que me impressione. E nisto inclui-se o facto de seres neto da Emerald Larson.

Hunter franziu a testa. Tinha pedido, encarecidamente, a Emerald que não revelasse a ninguém quem ele era. Logo para começar, não precisava da pressão acrescida de ter de cumprir expectativas de terceiros. E, para terminar, ainda não tinha a certeza de poder reconciliar-se com tudo o que implicava ser seu neto.

– Como é que soubeste…?

– Eu e a Emerald já nos conhecemos há muito tempo. Ela nem sempre esteve no topo. Quando era adolescente, trabalhou atrás do balcão do café do meu pai – Mary Lou sorriu. – Era como uma irmã mais velha para mim e acabámos por nunca perder o contacto ao longo dos anos.

Não lhe agradou particularmente ficar a saber que uma amiga de longa data de Emerald estivesse a trabalhar para ele. Não lhe agradava a ideia de não dar um passo sem que a sua manipuladora avó ficasse a saber.

– Se estás a pensar que eu vou a correr contar à Emerald todos os teus passos, não te preocupes – disse Mary Lou. – Eu não ando por aí a contar histórias. Se ela quiser saber alguma coisa, em particular, sobre ti, terá de to perguntar directamente.

– Fico contente por dizeres isso – não sabia bem porquê, mas pensou-o.

Mary Lou terminou o café, pousou a chávena do café em cima da mesa e levantou-se.

– Agora que já tirámos esse peso de cima, vou dizer-te onde vais ficar e deixar-te para que te instales, enquanto termino o guisado de carne para o jantar – apontou para a chávena. – Queres que o aqueça?

Ele declinou com rapidez.

– Não sou um entusiasta de café – não queria seria indelicado, mas se bebesse outro gole daquela bebida amarga nem imaginava o que poderia acontecer.

Ela abanou a cabeça.

– Não compreendo estes jovens. Dos que trabalhamos aqui, eu sou a única que gosta.

Enquanto pegava na mala e a seguia por um corredor, em direcção à parte de trás do hangar, suspeitou que a renúncia dos restantes elementos da equipa a beber o café de Mary Lou tinha mais a ver com uma questão de sobrevivência do que com o gosto ou não por essa bebida.

– Este é o teu escritório – indicou, ao passar diante de uma porta, na parte de trás do edifício. Apontando para a outra porta em frente, acrescentou: – Aqui é onde fica a equipa que está de plantão. Temos três equipas, que alternam em turnos de vinte e quatro horas… dois dias de plantão, quatro dias livres. Perante a remota hipótese de recebermos uma chamada enquanto uma equipa está fora, a equipa que está livre permanece disponível durante os dois primeiros dias de folga.

– E tu? Quais são os teus horários de trabalho?

– Eu estou aqui vinte e quatro horas. E quando não estou a mandar uma equipa para algum lado, cozinho e dou conselhos que ninguém ouve – riu, ao mesmo tempo que apontava para uma divisão contígua à das equipas. – Este é o meu quarto. Tenho um alarme que me acorda sempre que houver uma chamada durante a noite ou quando decido dormir uma sesta.

Hunter franziu a testa.

– Quem é que faz a distribuição do trabalho nos teus dias livres?

Ela continuou a caminhar em direcção a uma porta ao fim do corredor.

– Nas raras ocasiões em que tiro um dia livre, um dos elementos da equipa que está livre ocupa o meu posto.

– Não tens dias livres estipulados? – essa ideia não lhe agradava. Para além de Emerald poder ter-se aproveitado de Mary Lou, nem sequer sabia se era legal que alguém trabalhasse tanto.

– Não te preocupes, Hunter – disse-lhe, como se lhe tivesse lido os pensamentos. – Eu não tenho família e trabalhar na Life Medevac é o que me faz feliz e me mantém viva. Adoro o que faço, portanto que nem te passe pela cabeça a ideia de me dares os dias livres a que legalmente tenho direito porque jamais o aceitarei. – abriu a porta do quarto dele e, recuando, apontou para a bagagem. – Tens as tuas coisas todas nessa mala?

Ele assentiu.

– Deixei o resto num armazém até encontrar um lugar aqui, em Devil’s Fork.

– Boa ideia – assentiu ela, com um tom de aprovação. – Arruma as tuas coisas enquanto eu ligo para o Evac II e me ponho ao corrente do estado do paciente e da previsão deles para regressarem à base.

A questão do tempo de trabalho não se resumia apenas a eventuais questões legais. Também era preciso ter em conta a sua idade e o seu bem-estar. Ela até podia parecer ter a energia de um furacão, mas trabalhar vinte e quatro horas, durante sete dias por semana, era duro para qualquer pessoa.

Ao pousar a mala na beira da cama, para tirar as suas coisas, decidiu que havia algumas coisas que tinham de ser resolvidas de imediato. Uma delas era encomendar as novas fardas com os tamanhos adequados. A outra era ler a legislação laboral do Texas.

Enquanto arrumava as últimas peças de roupa, olhou à sua volta. Bendisse o seu hábito de viajar com pouca coisa. O tamanho do quarto mal chegava para a cama de casal, para uma pequena cómoda e para a mesa de cabeceira. Teria sido impossível ter espaço para mais alguma coisa que não a sua roupa.

Mesmo assim, nunca precisaria de muito espaço. Nos últimos cinco anos, nunca se preocupara com o tamanho e a localização dos lugares onde ficava. Depois de um dia de trabalho duro na construção civil, mal tinha forças para pensar nalguma coisa que não fosse um banho, mudar de roupa e dormir. Se tivesse sorte, o trabalho em Life Medevac seria o suficiente para se manter igualmente ocupado.

Ao ouvir o ruído de um helicóptero a aterrar, seguiu pelo corredor até ao gabinete de comunicações.

– Não ficaram fora muito tempo.

Mary Lou assentiu.

– Juanita Rodríguez pensou que ia ter já o bebé, mas acabou por ser um falso alarme – com um sorriso, acrescentou: – Só tem dezanove anos e é a sua primeira gravidez. O marido, Miguel, e ela estão muito preocupados com a possibilidade de não chegarem a tempo ao hospital.

A equipa do Evac II entrou, naquele momento, na sala de comunicações. Para além de Callie, a equipa era composta por um homem louro, que aparentava uns quarenta e tal anos, e um jovem de rosto imberbe, que aparentava ter uns vinte.

– O meu nome é George Smith – disse o homem, com um sorriso enquanto se preparava para apertar a mão de Hunter.

Quase tão alto como o metro e noventa de Hunter, George tinha a compleição física de um peso pesado e, a avaliar pela firmeza do seu aperto de mão, era um homem igualmente forte.

– Sou o piloto do Evac II – com a cabeça, apontou para o homem mais novo. – Este rapaz é o Corey Timmons, o paramédico da equipa.

– Prazer em conhecê-lo, senhor O’Banyon – disse Corey, avançando para apertar a mão a Hunter com entusiasmo. – Esperámos, com bastante expectativa, que assumisse o comando da base.

– Trata-me por Hunter – para ele não era uma surpresa que os funcionários desejassem um mudança de administração. Pelo relatório que lhe tinha sido entregue, quando Emerald comprou a Life Medevac, os funcionários estavam há várias semanas com o salário em atraso.

Sorrindo, o jovem de olhos castanhos comentou:

– Ficámos contentes quando soubemos que tinhas sobrevivido à viagem com a Callie ao volante.

Hunter riu entre dentes.

– Tinhas alguma dúvida disso?

– Depois da viagem para Devil’s Fork, num pequeno avião, conduzido pelo Crash Jenson, ficámos a pensar se a condução dele não ultrapassaria a tua – acrescentou George, rindo.

– Se vocês continuarem a gozar com a minha maneira de conduzir, eu nunca mais faço as bolachas de chocolate que vocês tanto gostam – advertiu, de bom humor, enquanto atravessava a cozinha, onde Mary Lou dava os últimos retoques no jantar da equipa.

– Está bem, nós paramos – comentou Corey, ao aproximar-se de Mary Lou com um prato para lhe servisse uma generosa dose do guisado.

– Podemos apostar – George assentiu com vigor. – Estávamos só a brincar, Callie. Nunca deixes de fazer essas deliciosas bolachas – voltou-se para Hunter e confidenciou-lhe: – Nunca provaste nada de tão bom em toda a tua vida.

– Já me começou a crescer água na boca – comentou Hunter, divertindo-se com aquela conversa descontraída.

Callie abriu o frigorífico para tirar um jarro de sumo de laranja e ele voltou a reparar em como lhe ficava grande a farda. O tecido azul escuro estava bastante folgado em todas as partes menos no ventre e dava a impressão de…

Sentiu um arrepio. Callie Marshall não tinha uns quilos a mais à volta da cintura. Estava grávida de vários meses.