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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2003 Harlequin Books S.A.

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Desejando o proibido, n.º 2207 - janeiro 2017

Título original: In Bed with the Enemy

Publicado originalmente por Silhouette® Books

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-9407-5

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

 

– Que dia – murmurou Elise Campbell tentando meter a chave na fechadura pela segunda vez.

Ter de esperar duas horas para que o juiz assinasse a ordem judicial tinha sido frustrante. Depois, tinha sido obrigada a ouvir como John Valente, o novo chefe da família Mercado, lhe chamava «boneca» durante toda a tarde, o que a tinha deixado a sentir-se suja e ansiar por um longo banho. E agora, para cúmulo, não conseguia meter a chave na fechadura do seu quarto em Mission Creek Inn porque tinha tantos papéis na mão que não via nada.

Pelo menos, assim que entrasse, estaria num lugar tranquilo e sereno, onde poderia descansar e sentir-se confortável.

Fazendo malabarismos com a mala, os documentos da contabilidade que acabava de confiscar no escritório de Valente e uma pequena pizza, tentou voltar a meter a chave na fechadura.

Enquanto o fazia, pensou que mais valia ter feito duas viagens do que tentar levar tudo do carro para o quarto de uma só vez, mas estavam em meados de Agosto e fazia tanto calor que a única coisa que queria era chegar ao seu quarto e poder descansar com o ar condicionado ligado.

Quando, por fim, conseguiu abrir a porta, entrou como pôde, fechou a porta com o pé e apressou-se até à mesa para pousar tudo o que levava consigo. Em seguida, movimentou os braços para aliviar a dor que sentia nos músculos, atravessou o seu quarto e colocou-se em frente ao ar condicionado.

Enquanto sentia a brisa fresca sobre a pele, decidiu que depois do dia que tinha tido merecia um bom banho relaxante e um copo de vinho para acompanhar a pizza antes de começar a rever os documentos.

Elise apercebeu-se de que a fechadura da porta que comunicava um segundo quarto com o seu estava estragada e suspirou com impaciência.

Que mais podia correr mal?

Quando chegou de manhã, o recepcionista tinha-lhe dado a escolher entre os dois quartos, portanto Elise sabia que o do lado estava vazio, mas isso não queria dizer que fosse ficar assim durante toda a sua estadia, portanto colocou uma cadeira sob a maçaneta da porta para o caso de alguém se lembrar de entrar sem avisar.

Vinte minutos depois, estava sentada com as pernas cruzadas sobre a enorme cama, terminando uma fatia de pizza enquanto via o noticiário das seis. O homem do tempo prometia que durante o resto do mês ia continuar a fazer o mesmo clima que até então no sul do Texas: calor.

Elise observou os calções curtos e a camisola de alças que tinha vestido depois do banho. Era uma pena que não pudesse vestir roupa assim para ir trabalhar em vez dos fatos de aluguer que tinha de usar…

Elise encolheu os ombros e esticou o braço para segurar no copo de vinho que tinha pedido ao serviço de quartos. Ficou gelada antes de o vidro tocar nos seus lábios quando ouviu que estava alguém a entrar no quarto ao lado.

Ouviu atentamente e chegou à conclusão de que se tratava de apenas uma pessoa. Sem dúvida, um homem. A seguir, ouviu que algo pesado caía ao chão. O homem que tinha entrado no quarto do lado devia ter deixado cair uma mala muito grande ou um cadáver.

Elise ouviu-o a praguejar. Não parecia muito contente.

Elise agarrou no seu revólver Glock 9 mm, tirou-o do saco e destrancou-o. Não achava graça nenhuma ao facto de a fechadura da porta que comunicava os dois quartos estar estragada, mas não podia fazer nada em relação a isso.

Enquanto olhava para a cadeira que tinha colocado, disse para si mesma que, se aquele homem quisesse entrar no seu quarto, uma fechadura também não o teria impedido. De qualquer modo, a única coisa que teria conseguido seria atrasar o processo, mas mais nada.

Quando ouviu que o homem estava a abrir a porta do outro lado da parede, pôs-se a postos e apontou a arma para a porta.

Não a surpreendeu minimamente que a porta se tivesse aberto estrondosamente, fazendo com que a cadeira saísse disparada e ficasse caída a um canto.

Um homem muito alto e forte, de cabelo curto e castanho escuro e olhos penetrantes e castanhos apareceu à sua frente.

– Quero saber que raio achas que estás a fazer ao interferir no meu caso, Campbell – perguntou-lhe sem prestar atenção alguma à pistola que lhe estava apontada ao peito.

– E eu quero saber quem é que tu achas que és para entrar no meu quarto sem tocar à campainha, Yardley – respondeu Elise guardando a arma. – Claro que este é o estilo típico dos agentes da ATF. Andam por aí entrando nos sítios a torto e a direito, sem pensarem nas consequências.

– E o que tens a dizer do estilo do FBI, que manda uma mulher fazer o trabalho de um homem? – respondeu Cole.

Elise cerrou os dentes face àquele comentário machista, mas negou-se a dar-lhe a satisfação de ver que lhe tinha doído, portanto sorriu docemente.

– Vejo que não mudaste nada desde a última vez que nos vimos. Continuas a ser o Cole das cavernas, o neandertal ATF.

Cole encolheu os ombros, aproximou-se da mesa e agarrou numa fatia de pizza.

– Há coisas que nunca mudam. Tu continuas a ter uma língua viperina – comentou, divertido, – mas, se te interessa a opinião que tenho das agentes femininas que fazem trabalho de campo…

– Já sei o que tu pensas acerca disso, Yardley – interrompeu Elise descruzando as pernas para sentar-se à beira da cama. – E não me preocupa minimamente. Para mim é suficiente o facto de os meus superiores confiarem em mim – riu-se. – A tua opinião não me importa.

Dito isto, Elise observou como Cole cerrava os dentes. Evidentemente, aquilo tinha-o irritado. Muito bem. Isso era o que ela queria.

– Quando as coisas ficam feias, os agentes não podem estar a olhar por uma mulher – disse Cole. – Alguém pode ficar ferido ou morto.

– Já chega, Yardley. As agentes são tão competentes como vocês.

Cole abanou a cabeça enquanto mastigava a pizza. Mulheres! O facto de que aquela tivesse recebido treino, tivesse uma arma e o mesmo título que os seus colegas não significava que fosse capaz de realizar investigações prioritárias como aquela que os ocupava, a ligação entre a família mafiosa Mercado com a entrada de armas em Mezcaya, um minúsculo país situado na América Central.

Distraído dos seus pensamentos, Cole surpreendeu-se ao ver que Elise se punha de pé e caminhava na sua direcção. A primeira coisa em que reparou foi nas suas pernas compridas e elegantes, fez com que ficasse de boca aberta. Como é que lhes tinha ocorrido aos seus superiores encarregar àquela mulher tão atraente um caso como aquele?

Como é que ela se chamava? Eloísa? Eleanor? Elisa? Era indiferente o seu nome, mas aquela agente especial do FBI era a mulher mais difícil que jamais tinha conhecido e, além disso, tinha as pernas mais incríveis do mundo, umas pernas de sonho, umas pernas que qualquer um gostaria de sentir à volta do corpo enquanto…

Cole cerrou os dentes e fez um esforço para não dizer asneiras. Quando Elise passou à frente da máquina de ar condicionado, achou que ia morrer, pois o ar que saía da máquina fez com que se lhe marcassem os mamilos contra o tecido da t-shirt, tornando evidente que não tinha sutiã.

Maldição! Não tinha sutiã! Cole sentiu que a anatomia da parte baixa do seu corpo entrava em ebulição lembrando-lhe que, embora não engraçasse com aquela mulher, ela tinha um corpo extraordinário.

Enquanto terminava a fatia de pizza, Cole decidiu que, uma vez resolvido aquele caso, ia tirar umas bem merecidas férias, pois precisava de uns quantos dias de cervejas e mulheres.

Era evidente que estava há demasiado tempo sem estar com uma mulher se o simples facto de ver Campbell o excitava daquela forma. Aquela mulher era bonita, realmente bonita. Tratava-se de uma mulher de cabelo curto, de cor caju, de enormes olhos verde esmeralda e pele clara e aveludada.

Por que é que não tinha reparado nela quando tinham trabalhado em casos paralelos dois anos antes? Possivelmente porque, naquela altura, tinham trabalhado juntos durante o Inverno e ela usava calças e não calções, e camisas e não aquelas t-shirts que deveriam ser proibidas por lei.

Quando sentiu que todo o seu corpo estava tenso e que as calças de ganga pareciam ter encolhido, Cole obrigou-se a si mesmo a lembrar-se de quem se tratava. Aquela mulher tinha-se metido no seu caso, no caso da família Mercado, que Cole suspeitava que estava metida no tráfico de armas.

– Vais fazê-lo ou não? – perguntou-lhe Elise de repente.

Cole apercebeu-se de que tinha estado tão absorto nos seus pensamentos, tentando perceber por que é que a achava tão atraente, que não tinha sequer ouvido a pergunta.

– O que é que me perguntaste?

– Se a ATF se vai encarregar da cadeira que partiste – respondeu Elise. – Não fui eu, por isso acho que não seja o FBI que tenha de pagar.

– Sim, claro. O que tu quiseres – respondeu Cole inclinando-se para apanhar os bocados do encosto da cadeira que tinham ficado no chão.

Ao fazer isso, apercebeu-se que Elise se preparava para fazer o mesmo, e teve que agarrá-la para que ela não caísse de costas.

– Estás bem?

– Se eu ainda tinha alguma dúvida, agora tenho provas – respondeu Elise esfregando a cabeça.

– Do que é que estás a falar?

– Sempre suspeitei que eras um cabeça dura – respondeu Elise. – Agora, tenho a certeza.

Cole ter-se-ia rido face ao sucedido se não tivesse sido porque, ao sentir a sua pele cálida e suave, o tinha percorrido um estremecimento dos pés à cabeça que o impedia de reagir.

Cole engoliu em seco e levou a mão à cabeça também. Deviam ter batido com mais força do que tinha pensado ao princípio. Essa era a única razão que podia explicar a reacção que estava a ter.

– Vou deitar isto fora – anunciou indo em direcção da porta com o que restava da cadeira. – Quando voltar, falaremos da tua investigação.

– Ah, sim? – respondeu Elise franzindo o sobrolho.

Cole sorriu e abriu a porta que dava para o corredor.

– Sim, vamos pôr uns quantos limites para que não estragues o meu caso.

– Para eu não estragar o teu caso? – indignou-se Elise fechando os punhos. – E o que é que me dizes de ti, que vais estragar o meu?

Cole encolheu os ombros.

– Conseguirei que o Ricky Mercado e o resto da sua família estejam na prisão antes de teres tempo de pensar no teu caso.

Cole fechou a porta e riu-se às gargalhadas ao escutar Elise a praguejar do outro lado.

 

 

Elise estava sentada com as costas apoiada na cabeceira, pensando no que tinha acontecido quando Cole, o homem das cavernas, a tinha agarrado para ela não cair. Ao sentir as suas mãos sobre os braços, todas as terminações nervosas do seu corpo tinham despertado para a vida e isso tinha-a confundido.

Era a primeira vez que reagia assim perante ele. Quando há dois anos tinham coincidido, cada um na sua investigação, num caso similar sobre a família Mercado, tinha terminado todos os dias tão chateada e tão frustrada pela atitude machista de Cole que todas as noites comprava uma caixa de gelado de chocolate com pedaços de chocolate e creme de chocolate e comia-a inteira.

Como é que não se ia chatear quando aquele homem tinha umas opiniões sobre as mulheres trabalhadoras que deixavam tanto a desejar?

Cole, o homem das cavernas, tinha deixado muito claro desde o princípio que, para ele, as mulheres deviam ficar em casa a cozinhar, a limpar a casa e a tratar das crianças.

A Elise parecia-lhe muito bem que uma mulher ficasse em casa se isso fosse o que ela escolhesse voluntariamente, mas ficava à beira de um ataque de nervos que um homem lhe dissesse o que devia fazer, pois era uma mulher livre com direito a pensar como lhe desse na real gana e disposta a fazer e a decidir por si mesma o que queria fazer com a sua vida.

Elise suspirou.

Embora tivesse sido muito duro suportar Cole, o homem das cavernas, aquele caso tinha sido um êxito, já que tinha saído airosa e com fama de ser uma das melhores agentes no activo pois tinha encontrado uma pista que nenhum outro agente tinha detectado.

Infelizmente, também tinha saído daquele caso com cinco ou seis quilos a mais.

Quando Cole, o homem das cavernas, voltou a abrir a porta que comunicava ambos os quartos, Elise franziu o sobrolho. Aquele homem era insuportável, era a pessoa mais arrogante que tinha conhecido na sua vida.

– Não te ensinaram a bater à porta? – perguntou-lhe. – Na verdade não é necessário responderes. Sendo um agente da ATF, acho que nunca bates antes de entrar.

– Como se os agentes do FBI batessem antes de fazerem um assalto – respondeu Cole deixando-se cair sobre uma cadeira.

– Isto não nos vai levar a sítio nenhum – suspirou Elise.

– Nisso, estamos de acordo – respondeu Cole chegando-se para a frente, apoiando os antebraços sobre os joelhos e deixando cair as mãos entre as pernas. – Podemos jogar a isto de duas maneiras.

– Ah, sim? Sou toda ouvidos.

– Podias dizer-me o que é que estás a investigar para eu te poder dizer se poderias interferir no meu caso ou podia indicar-te directamente onde não meter o nariz.

Elise negou com a cabeça.

– Nem penses nisso, Yardley. A segunda possibilidade fica descartada porque não penso permitir que me digas o que tenho de fazer – respondeu Elise. – Suponho que vais perceber mais tarde ou mais cedo, por isso digo-te o que estou a investigar. Tenho em meu poder os livros de contabilidade das empresas Trucking e Produce da família Mercado.

– Vais entrar pelo ângulo do dinheiro, hã?

– Por algum lado tinha de entrar.

– Suponho que saberás que os livros que te entregaram não são os verdadeiros.

– Obviamente. Não nasci ontem, Yardley – respondeu Elise estudando o seu rosto.

Foi então que se apercebeu de que achava que ele era bonito e que isso a enfurecia.

– Amanhã terei uma ordem judicial para rever as contas do Ricky Mercado, do seu tio Carmine e do defunto Frank del Brio. Se houver discrepâncias, eu encontro-as.

– E o que farás então? – perguntou Cole fazendo ver que não lhe importava demasiado.

Elise pensou que ele era bom a obter informação, mas não ia confiar nele.

– Por que é que não me perguntas directamente como vou levar a cabo a investigação?

Cole sorriu.

– Muito bem. Como é que pensas fazer cair a família Mercado?

– Até agora, nem o FBI nem a ATF conseguiram demonstrar que exista uma ligação entre as armas que desapareceram no Texas e as que apareceram em Mezcaya – respondeu Elise encolhendo os ombros. – Tenho a intenção de encontrar a pista que me permita demonstrar que a família Mercado está a vender armas e as está a transportar através da sua empresa Trucking até Mezcaya.

– Boa sorte – comentou Cole deitando-se para trás.

– É a tua vez – sorriu Elise.

– Eu?