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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2004 Rochelle Alers

© 2015 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Amor quebrado, n.º 741 - Outubro 2015

Título original: Very Private Duty

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em português em 2007

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-7497-8

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S. L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Prólogo

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Se gostou deste livro…

Prólogo

 

Há catorze anos

 

– Não pensei que diria isto em toda a minha vida, mas estou assustada, Jeremy. Tenho medo de te deixar a ti e à quinta Blackstone.

Jeremy Blackstone olhou para Tricia, surpreendido.

– Não deves ter medo. Nova Iorque é só a três horas de voo.

Tricia Parker devia ir-se embora de Virginia para Nova Iorque para começar o curso em menos de vinte e quatro horas, deixando o seu mundo, o mundo protector onde sempre tinha vivido, para trás.

– Vamo-nos embora daqui, Jeremy!

Ele vacilou um momento.

– Muito bem – disse por fim, agarrando-a pela cintura. Não tinham dado meia dúzia de passos quando uma voz masculina os deteve.

– Aonde vais?

Tricia voltou-se para olhar para o seu avô.

– Dar uma volta.

As rugas na testa de Augustus Parker tornaram-se mais profundas.

– Toda esta gente está aqui por tua causa e tu vais dar uma volta?

– Avô, não comeces, por favor.

Gus olhou para Jeremy.

– Gostaria de falar um momento com a minha neta. A sós.

Jeremy afastou-se, com expressão grave.

– Tricia, espero por ti lá fora.

Ela esperou um momento antes de se enfrentar com Augustus Parker.

– Avô, não entendo…

– Que há que entender? Quantas vezes te disse que não deverias sair com o filho do chefe?

– Mas…

– Isso não te levará a nada de bom.

Tricia levantou o queixo, desafiante.

– É demasiado tarde para isso, avô. O Jeremy e eu estamos juntos e pensamos casar-nos quando eu terminar o curso.

– Não, Tricia!

– Mas estamos apaixonados.

– A sério que acreditas que o filho do proprietário da quinta mais rica do estado vai casar-se com a filha de uma mulher que era uma…?

– Uma prostituta? – terminou Tricia a frase por ele. – É isso que pensas de mim?

Gus inclinou a cabeça.

– Não digas isso da tua mãe, filha.

– Que outra coisa posso pensar? Achas que sou como ela?

– Não, querida, não é isso. É que não quero que te magoem.

– O Jeremy não me magoará, avô. Gosta muito de mim – pondo-se nas pontas dos pés, Tricia deu um beijo na testa do avô. – Tenho de ir-me embora. Vejo-te logo.

– Promete-me que terás cuidado.

– Prometo.

Tricia saiu da sala que substituía a sala de jantar para os trabalhadores e encontrou-se cara a cara com a última pessoa que queria ver: Russell Smith, três anos mais velho do que ela, o filho do capataz. Alto, bonito, um homem que sabia utilizar a sua aparência, sobretudo com as mulheres.

– Já te vais embora, bonita?

– Sim.

– Mas, trouxe-te uma prenda para celebrar a tua ida para a universidade…

Tricia tentou ser amável.

– Por favor, dá-a ao meu avô.

Russell inclinou-se um pouco e deu-lhe um beijo nos lábios.

– Levo-a a tua casa mais tarde.

Ela teve que fazer um esforço para não apagar a marca dessa indesejada carícia com a mão.

– Como queiras – murmurou, com os dentes cerrados, antes de se dirigir até Jeremy, que a esperava apoiado no seu jipe Wrangler.

– Que há entre o Smith e tu? – perguntou-lhe repentinamente.

– De que é que estás a falar?

– O Russell Smith acaba de beijar-te. Eu vi.

Tricia agarrou-o pelo braço.

– Era um beijo de despedida. E receio que receberei muitos mais antes de ir-me embora daqui – disse, sorrindo. – Mas eu só te quero a ti.

Tão apaixonada confissão pareceu tranquilizá-lo.

– Aonde queres ir?

– Surpreende-me.

Jeremy ajudou-a a subir para o jipe e colocou-se frente ao volante.

– Agarra-te, querida.

Tricia agarrou-se à barra metálica enquanto que o jipe literalmente galopava pela estrada. Pouco depois, paravam numa clareira nas pastagens do norte, sob um conjunto de lindíssimos salgueiros, junto a um riacho. Usando os faróis como iluminação, Jeremy colocou uma manta no chão e apertou a mão de Tricia.

Não queria que se fosse embora da quinta, mas iria embora uns dias mais tarde…

– És tão importante para mim – murmurou, sobre os seus lábios.

Tricia estava ocupada a desabotoar os botões da sua camisa enquanto que ele, habilmente, abria o fecho do seu vestido.

– Não digas nada… Deseja-me apenas.

Sem deixarem de beijar-se, despiram-se um ao outro, deixando a roupa por todo o lado. Pegando na sua cara entre as mãos, Jeremy deitou-a sobre a manta com cuidado, como se fosse uma delicada porcelana. Os seus gemidos abafavam os sons nocturnos do lindo vale, situado entre Blue Ridge e as montanhas de Shenandoah.

Tricia respirava o aroma da sua pele, misturado com uma colónia masculina, enredando os dedos no seu cabelo preto. Gostava de tudo nele: dos seus misteriosos olhos cinzentos, do seu corpo, dos seus lábios, da sua voz, que raramente levantava.

O masculino tronco, coberto de penugem, roçava os seus peitos fazendo-a sentir calafrios. Esse contacto aquecia o seu sangue e provocava um incêndio líquido entre as suas pernas. Sabia sem nenhuma dúvida que aquela noite, a última vez que estariam juntos em muito tempo, não seria como outras que tinham partilhado no passado.

Jeremy abriu as suas pernas com o joelho e deslizou o seu sexo dentro da carne palpitante. Os dois suspiraram de prazer.

Tricia fechou os olhos, desfrutando daquele membro duro dentro dela. Tinha medo de mexer-se porque não queria que terminasse antes de ter começado. Mas o seu companheiro começou a mexer-se, devagar ao princípio, mais depressa depois.

– Mais rápido, Jeremy – disse-lhe, tremendo quando as convulsões começaram a crescer com cada investida.

Enterrando a cara no seu pescoço, ele apertou os dentes, tentando controlar a sua paixão.

– Não – murmurou, com a voz estrangulada.

Tricia cravou as unhas na dura carne das suas nádegas.

– Por favor…

Jeremy sabia que seria absurdo lutar contra o inevitável e começou a mexer-se cada vez mais rápido, até que não soube onde terminava ele e começava ela. Tinham-se convertido num só em todos os sentidos.

Chegaram ao final ao mesmo tempo, a sensação deixando-os sem ar, mais forte do que nunca. Depois, ficaram imóveis, os seus corações a bater em uníssono.

Jeremy desejava-a de novo, mas sabia que se o fazia quereria fazê-lo outra vez e outra e outra. Sempre tinha sido assim com Tricia. Tinha-se convertido numa droga para ele… uma da qual não queria livrar-se.

 

 

Dez minutos depois de ter apagado as marcas do seu encontro no riacho, vestiram-se e chegaram à casinha onde Tricia tinha crescido, uma casita situada dentro da quinta Blackstone, dedicada à criação de cavalos, da que o seu avô tinha sido capataz até se ter reformado.

Todas as luzes estavam acesas e Russell Smith e Augustus Parker, o seu avô, estavam a apertar as mãos na entrada da casa.

– O que é que faz Russell em tua casa? – perguntou Jeremy.

– Não faço a mínima ideia – respondeu Tricia em voz baixa. – Vemo-nos ao pequeno-almoço?

– Claro que sim, querida. Espera, ajudo-te a descer.

Tricia esperou até que ele deu a volta ao jipe. Essas delicadezas tão antiquadas pareciam-lhe adoráveis.

– Boa noite, meu amor – disse depois, enredando os dedos no seu pescoço para o beijar.

– Boa noite, querida.

Jeremy esperou até a ver entrar em casa, mas quando ia a arrancar a voz de Russell deteve-o.

– Espera um momento, Blackstone.

– Que queres?

– Quero agradecer-te.

– Porquê?

Russell sorriu de modo cínico.

– Por me facilitares as coisas.

– De que é que estás a falar?

– Da Tricia. Tu deixaste-a preparada. Não gosto das virgens porque é sempre difícil, mas com Tricia é diferente. Ela não se importa de dividir o seu corpo com os trabalhadores desde que possa continuar a dormir com o filho do chefe.

Depois, dirigiu-se para a sua carrinha, estacionada em frente da casa.

Jeremy não queria acreditar no que tinha dito aquele canalha, mas tinha-o visto a beijar a Tricia… E que estava a fazer na sua casa? Ela tinha dito que não havia nada entre eles, mas… e se estivesse a mentir?

Só havia uma forma de averiguar a verdade, pensou. Um segundo depois, batia à porta. Mas abriu Gus, o avô de Tricia.

– Pensei que já se tinham despedido.

– Gostava de falar com ela um momento, se não se importa.

Gus sacudiu a cabeça.

– Não, Jeremy. Já a magoaste o suficiente.

– Desculpe, mas o que é que eu fiz de mal?

O avô de Tricia sorriu.

– Não me cais mal, Jeremy, e respeito muito o teu pai. Mas creio que o melhor para todos é que deixes a minha neta em paz.

– Não posso fazer isso. Tricia e eu…

– Não há um «Tricia e tu». Abre os olhos, filho. Tricia está com Russell Smith. Pensa ir vê-la a Nova Iorque no mês que vem e veio trazer-lhe isto – Gus meteu a mão no bolso das calças e tirou uma caixinha de veludo, que abriu depois para mostrar-lhe o seu conteúdo.

Jeremy olhou para o anel de diamantes. Era verdade. Russell não tinha mentido. Deitava-se com Tricia…

E Tricia deitava-se com os dois.

Jeremy assentiu com a cabeça e com o coração partido.

– Tem razão, senhor Parker. Boa noite.

 

 

Jeremy meteu a roupa interior, meias, camisolas e um par de calças de ganga numa mala de viagem e fechou o fecho. Mexendo-se como um autómata, obrigou-se a si mesmo a pôr-se de pé para descer as escadas. À porta, viu o seu pai a sair da sala.

Sheldon olhou para a sua mala de viagem com alguma surpresa.

– Vais a algum sítio?

Jeremy engoliu em seco. Tinha a garganta seca.

– Sim, papá. Vou passar uns dias em Richmond. Voltarei no domingo à noite.

– Estás bem, filho?

– Sim, claro.

O seu pai assentiu com a cabeça.

– Conduz com cuidado.

Jeremy despediu-se e fechou a porta sem dizer mais nada.

 

 

Tricia acordou cedo e tomou duche em tempo recorde. Queria tomar o pequeno-almoço com Jeremy, como tinham combinado, antes de que ele se fosse embora para a pista com os treinadores. Sheldon Blackstone, o seu pai, estava sentado em frente a uma das mesas e Tricia aproximou-se do proprietário da quinta com um sorriso nos lábios.

– Bom dia, Sheldon.

– Bom dia, Tricia.

– Viu o Jeremy?

– O meu filho não está aquí.

– Onde está?

– Foi para Richmond.

Tricia olhou para ele, surpreendida.

– Quando é que foi?

– Ontem à noite.

– Ontem à noite?

– Sim, mas disse que voltará dentro de uns dias.

– Obrigada – murmurou ela, atónita.

Tinha-lhe mentido. Jeremy tinha prometido despedir-se dela no aeroporto, mas era óbvio que tinha mudado de opinião.

Talvez, pensou, o seu avô tivesse razão. Não deveria ter começado uma relação com o filho do chefe.

Tricia saiu da sala com a cabeça alta, tentando controlar as lágrimas. E prometeu a si mesma que jamais tentaria contactar com Jeremy Blackstone a menos que ele tentasse primeiro.

E essa era uma promessa que pensava cumprir.

Capítulo Um

 

O presente

 

Com os olhos bem abertos, o coração a bater a toda a velocidade e os joelhos a tremer, Tricia Parker olhou para o homem que estava deitado no sofá dos Blackstone.

Mal reconhecia Jeremy com essas nódoas negras na cara e um olho inchado. Com t-shirt e calções, estava por barbear, a perna esquerda engessada até ao joelho, os dedos da mão esquerda com talas.

Só a sua formação como enfermeira impediu que perdesse a compostura ao ver o homem a quem tinha entregue o seu coração quando era uma adolescente.

Cada vez que regressava à quinta Blackstone, uma parte dela procurava o filho de Sheldon Blackstone, mas era como se os seus caminhos não estivessem destinados a cruzar-se… até àquele momento.

Catorze anos depois.

– O que é se passou com ele? – perguntou com a voz a tremer.

Os olhos de Sheldon estavam fixos no seu filho, que não se tinha movido desde que o colocaram no sofá.

– Teve um acidente… de trabalho.

Tricia sabia que Jeremy pertencia à unidade anti-droga do FBI. Tinha-se licenciado em Stanford e, em vez de voltar à quinta, decidiu alistar-se na marinha. Um mês depois de terminar o seu treino militar solicitou um posto como agente especial no FBI.

Tricia aproximou-se para lhe pôr uma mão na testa. Estava fria.

– Desde quando é que está assim?

– Deram-lhe um sedativo antes de o subir ao avião em Washington – respondeu Ryan Blackstone, o irmão mais velho de Jeremy e veterinário da quinta.

– Estou a falar das suas lesões.

– Amanhã fará duas semanas – respondeu Sheldon. – Vai necessitar de uma enfermeira vinte e quatro horas por dia.

Tricia voltou-se para olhar para o proprietário da quinta afro-americana de criação de cavalos mais importante de Virginia. Os anos tinham sido amáveis com Sheldon, viúvo há anos. Alto e forte, o pai de Jeremy continuava a ter o cabelo preto, com alguns grisalhos dos lados. E uns olhos extraordinários, cinzentos claros.

– Queres que eu cuide deles.

Sheldon inclinou a cabeça.

– Sim.

– Mas só vou estar aqui um mês – objectou Tricia, que trabalhava como enfermeira numa clínica pediátrica de Baltimore e tinha quatro semanas de férias. – Não seria melhor contratar outra enfermeira?

– Se tu não estivesses aqui, era o que eu faria. Tenho a certeza de que Jeremy responderá muito melhor ao tratamento se tiver por perto uma cara conhecida. Por isso decidi trazê-lo para a quinta.

Uma vozinha interior dizia-lhe que não devia aproximar-se de Jeremy outra vez. Queria dizer que não a Sheldon, mas não podia fazê-lo. Tinha crescido naquela quinta e a tradição era que uns cuidavam dos outros.

– Muito bem – disse por fim.

Os dois homens deixaram escapar um suspiro de alívio.