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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 1998 Peggy Bozeman Morse

© 2015 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Ingénua e atrevida, n.º 744 - Novembro 2015

Título original: The Restless Virgin

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em português em 2007

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-7499-2

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Prólogo

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

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Prólogo

 

Rancho Double-Cross Heart

1988

 

Sam estacionou a caravana no escuro estábulo de marcha-atrás, utilizando as luzes de travagem para iluminar o caminho. Depois, desceu da pick-up. Levando as mãos aos rins, massajou a zona para libertar a tensão acumulada após a viagem de sete horas desde Oklahoma. Tendo o seu cavalo e o rádio como únicas companhias, a viagem fora longa e aborrecida.

Mas estava habituada a estar sozinha. Pouco depois de ter completado dezasseis anos, chegou no correio a sua carta de condução. O pai deu-lhe as chaves de uma das carrinhas de caixa aberta do rancho e disse-lhe que a partir daí, já não a acompanharia aos rodeos para participar nas corridas de obstáculos com o seu cavalo. Ele não tinha tempo para isso.

O que também não era surpresa nenhuma. Lucas McCloud nunca tinha tempo para as filhas.

Mas naquela noite, Sam não se teria importado de ter companhia para a longa viagem de regresso a casa. Noutras ocasiões, era acompanhada por Mandy, a sua irmã mais velha, mas ela acabara de ser mãe e já não podia sair do rancho quando queria. E Merideth não ia a um rodeo nem morta. A ideia de relacionar-se com cowboys, encher de pó os sapatos ou mesmo partir uma unha, horrorizava-a.

– Vamos, Skeeter – disse, abrindo a porta de trás da caravana para que o cavalo descesse. – Já chegámos.

Agarrou-o pelas rédeas e ajudou-o a descer.

Sem ligar a luz, para não incomodar os outros animais, Sam levou o cavalo pelo corredor iluminado apenas pelo luar e fê-lo entrar na sua cavalariça.

– Boas noites, Skeeter. Até amanhã.

Precisamente quando acabava de passar o ferrolho, um homem saiu das sombras. Sam quase gritou, mas fechou a boca ao reconhecer Reed Webster, um dos trabalhadores do rancho.

– Reed, pregaste-me um susto de morte – disse ela, levando uma mão ao peito.

O homem riu-se. Sam soltou um gemido, tentando acalmar-se. Não gostava de Reed. Olhava-a de uma maneira que a enervava.

– Que tal te correram as coisas em Guthrie? – perguntou o homem, colocando-se à frente dela e impedindo-lhe a passagem.

– Vim-me embora antes do fim e só saberei os resultados amanhã, mas quando saí de lá estava em primeiro lugar – disse. Cansada, afastou uma madeixa de cabelo dos olhos. – Desculpa-me, mas estou cansada.

– E também estarás um pouco tensa, depois de tantas horas ao volante – disse o homem, aproximando-se dela e colocando-lhe uma mão no braço. – Posso dar-te uma massagem, que achas?

O homem cheirava a whisky e suor e Sam sentiu náuseas.

– Não, obrigada – disse, tentando contorná-lo e sair dali.

Uma mão deu-lhe a volta ao braço e girou-a violentamente contra a parede do estábulo. Sem dar-lhe tempo para reagir, agarrou-a pelos pulsos e levantou-os sobre a cabeça dela contra a parede.

– Que se passa contigo, Sam? – gozou ele. – Achas que porque és uma McCloud és fina demais para homens como eu?

Aterrorizada, Sam procurou esconder o medo que sentia.

– Não – murmurou, deixando a cabeça cair para trás. – Estou cansada.

– Não o estarás muito tempo – disse ele, com um meio sorriso, dando um passo para ela e colando-se ao seu corpo. – Reed Webster sabe o que fazer para que uma mulher se esqueça de quase tudo.

– Larga-me, Reed – suplicou Sam, tentando libertar-se.

– Oh, vamos, Sammie. Sabes que queres. Há meses que dás a esse traseiro mesmo à frente do meu nariz, suplicando-me.

– Não! – gritou Sam, horrorizada. – Não, solta-me, por favor, Reed.

O homem enterrou o nariz no seu pescoço e Sam estremeceu de nojo.

– Cada vez que te vejo montada nesse cavalo, apertando-lhe os flancos com as coxas, imagino que sou eu que estou por baixo de ti – roçou-lhe a pele com os dentes. – E sei que tu desejas o mesmo.

O cheiro a whisky e a suor era nauseabundo e Sam teve de engolir a bílis que lhe subia pela garganta e fazer um esforço para concentrar-se e pensar. Tinha de escapar dele. Mas como? Todos os homens que trabalhavam no rancho estariam a dormir, mas se gritasse alto o suficiente...

– Larga-me, Reed – disse ela, enquanto continuava a tentar soltar-se das suas mãos. – Ou juro que grito.

Rapidamente, Reed agarrou-lhe as mãos com uma das suas e pôs-lhe a outra sobre a boca.

– Nem penses – ameaçou-a em voz baixa.

O homem retirou a mão e Sam tomou fôlego para gritar, mas antes de conseguir fazê-lo, ele cobriu-lhe a boca com a sua.

Os olhos fechados de Sam encheram-se de lágrimas, enquanto o medo transformava cada músculo em aço. Não se renderia a ele, disse-se. Preferia morrer. Utilizando toda a força que possuía, lançou-se contra ele para fazê-lo perder o equilíbrio e depois deu-lhe uma forte pisadela com a bota.

O homem gritou de dor, mas não a largou.

– Porca! – balbuciou, colando-se a ela para evitar que repetisse a mesma táctica.

Mas Sam não tinha terminado. Quando Reed aproximou novamente a cara, ela cravou-lhe os dentes na face. Com um uivo, Redd jogou-se para trás e olhou para ela, surpreendido. Então, semicerrou os olhos perigosamente, pôs-lhe uma mão sobre o peito e apertou com força.

– Devias ter-me dito que gostavas à bruta – disse.

E meteu-lhe a língua entre os lábios enquanto cravava os dedos no seu peito.

Sam voltou a cabeça para um e outro lado, numa tentativa frenética de escapar à pressão sufocante da boca pestilenta daquele homem e à dor provocada pelos seus dedos.

«Por favor, Senhor, não deixes que ele me faça isto», suplicou em silêncio.

O homem, separando a boca dela, meteu um dedo pela sua blusa e curvou os lábios num sorriso demoníaco.

– Há muito tempo que esperava este momento – disse. – Vejamos o que temos aqui – acrescentou, arrancando todo os botões da blusa de um golpe só.

Consciente de que essa poderia ser a sua última oportunidade, Sam abriu a boca e gritou com todas as suas forças. Reed cobriu-lhe com força a boca, batendo-lhe a cabeça contra a parede.

– Vais arrepender-te – avisou, retorcendo-lhe um braço e levando-a até uma cavalariça vazia.

Ali, deitou-a sobre a palha.

Instintivamente, Sam rodopiou pelo chão, mas o homem agarrou-a rapidamente e sentou-se sobre ela, como que cavalgando-a, agarrando-a com uma mão enquanto que com a outra lhe abria o cinto.

– Abre as pernas.

Como Sam não reagiu, ele agarrou-lhe a garganta com uma mão e apertou.

– Disse-te que as abras.

– Que se passa aqui?

Reed voltou-se ao ouvir aquela voz masculina e Sam viu Gabe Peters, o capataz do rancho do seu pai, de pé à porta, iluminando-os com uma lanterna.

Reed agarrou-a com força pelo pescoço.

– A Sam e eu estamos apenas a divertir-nos um pouco, não é, Sammie? – disse, enquanto lhe cravava os joelhos para assustá-la.

– Não, Gabe, por favor! – suplicou Sam sem parar de lutar com ele. – Ajuda-me.

Com um grunhido selvagem, Gabe largou a lanterna, agarrou Reed pelo colarinho da camisa e fê-lo levantar-se. Nesse momento, chegaram mais homens. Voltando-se para eles, Gabe empurrou Reed para o primeiro que chegou à porta.

– Tratem de que recolha todos os seus pertences. E depois quero que o acompanhem pessoalmente até estar fora do rancho.

Sem questionarem as ordens do capataz, quatro homens rodearam Reed e levaram-no.

Quando os homens se foram embora, Gabe ajoelhou-se junto de Sam.

– Estás bem, querida?

Sam afastou-se dele, fechando a blusa com as mãos.

– Quero ir para casa, Gabe, por favor – disse, começando a chorar. – Só... só quero ir para casa.

– Ligarei ao teu pai e dir-lhe-ei que...

Sam agarrou-lhe a mão, com os olhos quase fora das órbitas.

– Não! Não digas ao meu pai, por favor!

O pedido não surpreendeu Gabe e ele encolheu os ombros.

– Está bem, não te preocupes. Acalma-te, eu acompanho-te a casa.

Tirou o casaco e colocou-lho sobre os ombros. Estava a ajudá-la a pôr-se em pé quando as luzes do estábulo se acenderam.

– Que raios se passa aqui?

Ao ouvir a voz irritada de Lucas, Gabe voltou-se para olhar para Sam. Viu a expressão de terror nos seus olhos e apertou-a com força, procurando transmitir-lhe a sua força.

– Sou eu, Gabe, e Sam – acrescentou, sabendo que agora já não havia escapatória para ela.

Praguejando, Lucas apareceu à porta da cavalariça. Sam fechou mais o casaco e Gabe colocou-se frente a ela, como se quisesse protegê-la do seu próprio pai.

– Que raios se passa? – voltou Lucas a perguntar.

– Surpreendi Reed a molestar Sam – disse Gabe, procurando explicar o incidente com a maior discrição possível. – Mas está tudo controlado – garantiu-lhe. – Os rapazes levaram-no a recolher os seus pertences e vão acompanhá-lo para fora do rancho.

Lucas ficou vermelho de raiva. Todo o seu corpo tremia e apertou os punhos com raiva.

– Quem te deu autoridade para despedires os meus cowboys? Reed Webster é um dos melhores domadores deste Estado e tu sabes isso!

Gabe sempre soubera que Lucas tinha um coração de pedra, mas ouvi-lo defender um porco como Reed Webster depois de este ter tentado violar a sua filha, enfureceu-o.

– Estava quase a violá-la, Lucas. Se não a tivesse ouvido gritar, não sei...

Lucas olhou para a filha com desprezo.

– Portanto, tu és a culpada – atirou, furioso. – Já devia ter percebido – deu um passo na direcção dela, com uma atitude ameaçadora. – Que fizeste para provocá-lo?

Sam não imaginava nada pior do que o castigo que tinha recebido às mãos de Reed, mas as palavras do seu pai demonstraram que estava enganada.

– Nada, absolutamente nada – disse, erguendo o queixo.

– Volta para casa – disse Lucas, com uma expressão de nojo.

– Ouve, Lucas... – começou Gabe a dizer, defendendo a jovem.

– Não me chateies mais! – interrompeu-o Lucas, enraivecido. – Se perdermos Reed, podes dar-te por despedido!

Gabe ficou tenso, mas ao ver a cor que cobria o rosto do seu chefe, conteve-se.

Desde que Mandy, a sua filha mais velha, anunciara que estava grávida de Jesse Barrister, Lucas tinha-se tornado tão irascível e imprevisível como um tornado que levava à sua frente tudo o que encontrava no seu caminho. E desde o regresso de Mandy ao rancho com o bebé, as coisas só tinham piorado. Gabe conseguiu convencer o seu chefe a fazer um check-up, mas o teimoso rancheiro ignorou os conselhos dos médicos, recusando-se a fazer uma dieta e a continuar o tratamento para a hipertensão que lhe fora recomendado.

– Tens de acalmar-te, Lucas – avisou-o Gabe. – Isto não te faz bem nenhum à tensão.

– Para o Inferno com a tensão! – exclamou Lucas com a cara encharcada de suor. – Tenho de encontrar Reed para resolver isto. Onde está?

– Já te disse – respondeu Gabe com paciência. – Os rapazes levaram-no a recolher as suas coisas...

Nesse momento, Lucas hesitou. Levou uma mão ao peito enquanto se agarrava com a outra à porta. Gabe foi ajudá-lo, mas Lucas impediu-o.

– Deixa-me.

Encolhendo-se, encostou a cabeça no braço e apoiou-se na porta. Tentou erguer-se mas os joelhos fraquejaram. Gabe tentou segurá-lo, mas Lucas já estava no chão.

– Papá! – gritou Sam, correndo para junto do pai.

Gabe colocou a palma da mão no peito no homem, procurando sentir os batimentos cardíacos. Ao não encontrá-los, voltou-se para ela com uma expressão grave.

– Chama uma ambulância. Tentarei reanimá-lo.

Devagar, Sam pôs-se em pé e correu para o telefone enquanto as palavras do seu pai se repetiam na sua mente como um eco.

«Portanto, tu és a culpada. Devia ter percebido. Que fizeste para provocá-lo?»

Essas foram as últimas palavras que Lucas McCloud disse à filha, mas a sensação de culpa que recaiu naquela noite sobre os ombros de Sam duraria toda a vida.