bian1182.jpg

5494.png

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2008 Margaret Way Pty., Ltd.

© 2015 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Casamento glamoroso, n.º 1182 - Outubro 2015

Título original: The Australian’s Society Bride

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2009

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-7514-2

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S. L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

– Leo, tu sabes que não querem que vá. Apenas se sentem obrigados a pedir-me – disse Robbie, o seu meio-irmão.

Como sempre, Robbie sentara-se confortavelmente no sofá novo dela, com a cabeça apoiada numa almofada e as longas pernas no braço oposto.

Aquele era um tema de conversa recorrente entre eles e Leona, a eterna mediadora, respondeu de forma automática.

– Sabes que isso não é verdade – assinalou ela, pensando com tristeza que realmente era. – És uma companhia agradável, Robbie. És muito apreciado em qualquer festa. Além disso, estás na equipa de pólo de Boyd, o que é muito importante, e és um jogador de ténis muito bom, o meu melhor parceiro. Podemos vencê-los a todos.

– Excepto Boyd – disse Robbie. – A verdade é que Boyd é um prodígio. É um ás nos negócios, o seu coeficiente intelectual é impressionante, é um excelente atleta e tem muito sucesso com as mulheres. O que mais poderia pedir um homem? Poderiam tê-lo escolhido como o novo James Bond.

– Esquece Boyd – replicou Leona, tentando esconder os seus sentimentos por Boyd, sentimentos que não conseguia superar. Atirou uma almofada a Robbie, sorrindo. – Embora tenha de admitir que é difícil encontrar alguém mais perfeito do que Boyd.

Robbie riu-se enquanto agarrava na almofada.

– Tens a certeza de que não estás apaixonada por ele? – perguntou Robbie e olhou para ela nos olhos. Costumava confiar na sua intuição para saber o que a sua meia-irmã sentia.

– Isso seria uma surpresa, não achas? – replicou ela, esperando não corar. – Ele é meu primo.

– Bom, não exactamente – recordou Robbie. – Houve demasiadas mortes, divórcios e segundas núpcias na família Blanchard.

Isso era verdade. Era uma família marcada pelo sucesso e pela tragédia. Tanto ela como Boyd, por exemplo, tinham perdido as suas mães. Ela tinha oito anos quando acontecera. A bonita mãe de Boyd, Alexa, transformara-se na sua tia até ter morrido, quando Boyd tinha uns vinte e cinco anos. O pai de Boyd, Rupert, presidente da Blanchards, casara-se novamente dois anos depois, não com uma mulher amável e agradável da sua idade, como a família esperara, mas com uma divorciada, filha de um dos antigos colegas de Rupert, que pertencia à direcção da Blanchards. A nova esposa só tinha mais uns anos do que o único filho e herdeiro de Rupert, Boyd.

A família Blanchard ficara chocada com a rapidez da nova aliança. Robbie referia-se à recém-chegada como a «noiva de Frankenstein». Ele não era o único da família que não gostava dela. A maioria esperava que o casamento acabasse num divórcio escandaloso. Contudo, todos eram suficientemente educados para ocultar as suas opiniões, excepto Geraldine, a irmã mais velha e solteira de Rupert, que não hesitara em expressar o que pensava. Apesar disso, Rupert casara-se com a sua Jinty, diminutivo de Virgínia. Rupert Blanchard estava acima do que os outros pensavam e, pelos vistos, o mesmo acontecia com Jinty.

– De qualquer forma, não estamos a falar de Boyd. Estamos a falar de ti – continuou Leona. – Não entendo porque não deixas de te excluir.

– Claro que entendes, Leo – pensou Robbie e suspirou. – É por causa da minha baixa auto-estima.

Leona reconheceu nele o menino infeliz e rebelde de seis anos que conhecera catorze anos antes, quando o seu pai se casara com a mãe dele.

– O problema é que não sei quem sou. Carlo não viu nada de bom em mim. Nem sequer tentou levar-me com ele. O teu pai, o meu padrasto, é um bom homem, mas também não sabe o que fazer comigo. Só espera que as coisas não fiquem pior. A minha mãe nunca me quis. Não é preciso perguntar porquê. Não se sente orgulhosa de mim. Sei que lhe recordo Carlo e o fracasso do seu casamento. Para cúmulo, não sou um Blanchard, ou sou? – perguntou Robbie com um olhar amargo. – Sou um inadaptado, um filho adoptado, rejeitado pelos seus pais.

De alguma forma, Robbie tinha razão, porém, Leona não queria alimentar as suas queixas.

– Por favor, Robbie, não comeces outra vez! – exclamou ela. – É mesmo necessário teres as pernas sobre o meu sofá novo?

Como era habitual nele, Robbie estava imaculadamente vestido. Não tinha nada de desalinhado porque, é claro, não lho teriam permitido. Apesar de todas as suas queixas, ele sabia quem lhe dava de comer.

– Não consigo evitar – respondeu ele. – É demasiado confortável. Tens um gosto magnífico, Leo. És uma rapariga excelente. O melhor de tudo é que tens um coração muito generoso, para além de seres bonita. Quem sabe como a família teria podido sobreviver sem ti, a minha irmã mais velha, a minha confidente e o meu melhor apoio. És a única que não acha que acabarei como Carlo.

– Não!

– Sim! Só estão à espera que aconteça. Provavelmente, seria melhor se me deixasse atropelar por um camião, para dar um prazer à família.

Leona pensou em aproveitar a oportunidade para puxar um assunto sério.

– Tens de entender que o facto de gostares muito de jogar nos preocupa, Robbie – indicou ela e pensou que não ia falar das drogas, pois passara muito pouco tempo desde o seu último confronto a esse respeito.

Robbie costumava dar-se com um grupo de jovens ricos e despreocupados que se dedicavam apenas a procurar prazer, ou o que eles consideravam prazer, e não trabalhavam. Leona sabia que Robbie fumava marijuana de vez em quando, tal como os seus amigos. Tinha a certeza de que não tinham passado daí. Pelo menos, por enquanto. Como ela, Robbie tinha o fardo do apelido Blanchard sobre os ombros, o que implicava pressão e prestígio, poder e grandes riquezas. Contudo, ao contrário dela, o seu meio-irmão não era uma pessoa muito estável.

A única pessoa que Robbie parecia ouvir era ela, a sua «irmã» mais velha. Há muitos anos que não usavam a palavra «meia-irmã». Robbie referia-se a ela como irmã e ela chamava-lhe irmão. Não se importavam que não fosse verdade. O pai dela adoptara-o depois de se casar com a mãe de Robbie, Delia. As pessoas que o desconheciam costumavam comentar sempre como eram pouco parecidos fisicamente. Robbie, baptizado como Roberto Giancarlo D’Angelo, era muito parecido com seu pai italiano, enquanto ela era ruiva e muito branca.

Boyd costumava enquadrá-la na imagem de ninfa romântica do bosque, com cabelo dourado e vermelho, comprido e solto, com um vestido leve e rodeada de fadas. Não era precisamente o tipo de Boyd, disse para si Leona. Ele saía sempre com mulheres elegantes, morenas e de curvas exuberantes. Ela tinha tão poucas curvas como uma tábua de engomar.

Leona recordou-se que devia deixar de pensar em Boyd.

Porém, era difícil não o fazer. Sobretudo, se ele estivesse por perto.

A voz de Robbie tirou-a dos seus pensamentos.

– Eu entendo, Leo. Há mais rumores sobre mim na família? – perguntou ele. – O que fez Robbie agora? – perguntou num tom brincalhão.

Leona pensou que ouvira aquela mesma frase muitas vezes. As velhas gerações ficavam escandalizadas com facilidade. Delia, a mãe de Robbie, chorava sempre no que se referia à má conduta do seu filho.

– Boyd tem olhos e ouvidos em todo o lado.

– É um espião! – exclamou Robbie, e riu-se, como se fosse engraçado.

No entanto, não era engraçado, pensou Leona. Robbie costumava defender-se com a sua atitude cínica quando, na verdade, Boyd Blanchard era o seu modelo.

– É descendente de gerações de multimilionários. É o homem ideal para ti – observou Robbie.

– Não digas isso – disse ela e apertou os lábios.

– Admite – insistiu Robbie e levantou-se do sofá com a graciosidade e a elegância do campeão de ginástica que era. – Talvez ele seja o escolhido para…

– Não! – protestou ela, zangada.

– Consegues disfarçar bem, mas eu conheço-te bem, não te esqueças. Admira-o tanto como toda a gente. Incluindo eu. Talvez refile comigo de vez em quando, mas sei que pensa que é pelo meu bem. O problema é que não sou dos seus. Ele é como um herói. Não é de estranhar que a sua família o idolatre. Sem dúvida, é o solteiro mais cobiçado do país. Todas as mulheres o amam e ainda nem sequer tem trinta anos.

– Fez trinta anos há um mês – afirmou Leona, interrompendo-o. Não queria continuar a falar das virtudes de Boyd.

– Não me digas! Não me convidaram para a festa!

– Não fez festa. Estava demasiado ocupado.

– Bom, não me surpreende – admitiu Robbie. – É um viciado no trabalho. Olha para tudo o que conseguiu. Está pronto para ficar com o lugar de Rupert. Boyd e Jinty, uma das mulheres que mais detesto, como te disse milhares de vezes, são os únicos de toda a família que não têm medo do velho Rupert. E tu, claro… – disse, pensativo. – O estranho é que esse velho desumano gosta muito de ti. Isso é a única coisa dele de que gosto. Ele despreza-me.

– Não é verdade – mentiu Leona, que sabia que Rupert considerava que Robbie não valia nada. – Vai admitir-te na sua empresa assim que acabares o curso.

Porque não?, disse para si Leona. Robbie era um rapaz esperto e tinha razão numa coisa: Rupert sempre mostrara um grande interesse por ela, desde que era pequena. O velho costuma intimidar a maioria das pessoas, contudo, sempre fora muito amável com ela, sobretudo depois de ter perdido a sua mãe, Serena, num acidente enquanto montava a cavalo na propriedade de Brooklands. Naquela altura, Boyd, com catorze anos, era muito atraente e já media um metro e oitenta. Tomara-a sob a sua protecção. Sempre cuidara dela nas reuniões da família, sem que ninguém lhe pedisse. Boyd fora o seu herói, porém, já passara a idade de ter heróis.

No presente, Boyd causava tal efeito nela que nem se atrevia a olhar para ele nos olhos. Fazia com que se sentisse nervosa e excitada. Desafiava a sua inteligência. Era uma tortura para ela estar perto dele, embora também não fosse capaz de se afastar. A verdade era que se sentia hipnotizada por ele e pelos seus olhos azuis. Ela nadava num mar de contradições no que dizia respeito a Boyd. Nunca poderiam ter uma relação. Embora Boyd também não quisesse. O que pensava dela? Às vezes fazia com que se sentisse muito bonita. Por dentro e por fora. Outras vezes, parecia tentar evitá-la. Ela não conseguia deixar de pensar na sua forma de falar, nos seus olhos radiantes… Mas tinha de aceitar, disse para si. Era apenas uma fantasia.

Robbie voltou a interromper os seus pensamentos.

– Suponho que me convidaram para poderem vigiar-me.

– Fazem isso com todos nós – respondeu ela, sorrindo.

– Tal como a realeza! Pelo menos, consideram-te uma jovem inteligente e criativa. O facto de seres tão bonita é sempre uma grande ajuda e também tens o dom de conseguires dar-te bem com todo o tipo de pessoas.

– Excepto com Boyd – disse ela, pensando em voz alta e logo se arrependeu das suas palavras.

– Imagino que há uma boa razão para isso – assinalou Robbie, rindo-se. – Às vezes pergunto-me se as vossas pequenas discussões não serão para tentar disfarçar alguma outra coisa. Fazem-no só para nos enganar?

– Seria um entretenimento absurdo – replicou Leona, como se a simples ideia de estar apaixonada por Boyd fosse incrivelmente ridícula. – Tiramos o pior um do outro.

– Do meu ponto de vista, são um bom casal – pensou Robbie, como se tivesse pensado muito no assunto. – Boyd precisa de uma boa mulher. Bom, tenho de ir.

– Espero que não vás às corridas – disse Leona, levantando-se. Era sábado e o hipódromo começara a sua temporada na Primavera.

As faces morenas de Robbie coraram um pouco.

– Não estou a fazer mal a ninguém. Vou com Deb. Barrington e a sua namorada também vão. É apenas um pouco de diversão e as raparigas terão uma oportunidade de se arranjarem. Surpreende-me que não venhas. Certamente o cavalo do velho Rupe vai ganhar a corrida. Queres que faça uma aposta por ti?

Leona abanou a cabeça.

– Nunca gostei de apostar, Robbie. Pelo menos, apostar dinheiro. Embora goste de adivinhar coisas – disse ela e deu-lhe um beijo afectuoso na face. – Se eu fosse a ti, cuidava do que tens.

Robbie tinha algum dinheiro que o pai de Leona lhe dava, contudo, em muitas outras vezes, pedira-lhe dinheiro a ela, prometendo que o devolveria. Às vezes, fazia-o. Na maioria, não.

Foram até à porta do apartamento de Leona, que tinha uma boa vista da baía de Sidney. A família oferecera-lho quando fizera vinte e um anos. Fora uma forma de lhe mostrar que aprovava o seu comportamento e a sua contribuição de prestígio ao apelido familiar. Nunca poderia tê-lo comprado sozinha, embora os seus rendimentos tivessem aumentado muito com a sua última promoção como assistente de Beatrice Caldwell, uma figura proeminente do mundo da moda e directora da Modas Blanchard.

– Tu mereces, menina. Como eu, tens alguma coisa especial! – exclamara Beatrice, uma mulher poderosa e difícil de agradar.

– Então, vais à festa? – perguntou Leona a Robbie. – Tens de confirmar a tua presença – recordou, pois a boa educação era fundamental na lista de expectativas dos Blanchard.

Naturellement! Já chega de francês por hoje. Só o faço por ti, Leo, por mais ninguém.

– Não sejas rebelde, querido – disse ela e abraçou-o com a atitude de irmã protectora que usava sempre com ele.

– Talvez, se Carlo não me tivesse abandonado… – divagou Robbie. – Mas não pôde esperar para regressar à Itália, casar-se novamente e ter vários filhos.

– Esperemos que tenha feito melhor com eles do que fez contigo – comentou Leona num tom sério.

Leona sentia compaixão por Robbie. O seu vazio era demasiado evidente. Delia parecia não sentir nada pelo seu único filho, por muito estranho que parecesse. Talvez, se Robbie se parecesse com Delia, loira, com olhos azuis… Carlo D’Angelo nunca tentara entrar em contacto com o seu primogénito nem o convidara a conhecer a sua casa e os seus meios-irmãos.

– Ele é que perde, Robbie – acrescentou ela.

Robbie afastou-se um pouco. Com a mão no braço do seu irmão, Leona notou uma agitação interior que parecia querer ocultar.

– Está tudo bem? – perguntou ela, franzindo o sobrolho. – Se tivesses um problema, dizias-me, não dizias?

– Está tudo bem! – respondeu Robbie e soltou um risinho. – Bom, Leo, amor, vemo-nos em Brooklands, no fim-de-semana.

– Leva a tua raqueta. Vamos vencê-los, como sempre – disse ela, sorrindo.

– O sabor da vitória é maravilhoso, não é?

– Muito.

 

 

Oxalá tudo estivesse bem, pensou Robbie com preocupação enquanto entrava no elevador. Tinha um aperto no estômago pela ansiedade. Leo era maravilhosa. Amava-a muito. Ela era a única pessoa no mundo que amava, de facto. Não fora capaz de lhe pedir outro empréstimo. Já lhe pedira bastante e ainda estava em dívida com ela. Contudo, precisava de dinheiro de forma desesperada e, para ser sincero, cada vez tinha mais medo das pessoas com quem se envolvera. Eram verdadeiros patifes, embora se movimentassem livremente entre a alta sociedade. Quem sabia o que poderiam fazer-lhe se não os deixasse contentes. Tinha a sensação terrível de que uma armadilha estava a abrir-se sob os seus pés. Leo tinha razão. A sua afeição pelo jogo, outro traço desafortunado que herdara de Carlo, arrastara-o para um redemoinho de perigo. Tinha quase a certeza de que o cavalo de Rupe, Blazeaway, ganharia as corridas nessa tarde. Apostara nele os poucos milhares de dólares que lhe restavam. Era a sua única hipótese

Como era habitual nele, Robbie encolheu os ombros para afastar os maus pensamentos e começou a assobiar uma velha melodia para se animar.