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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2016 Lucy Ellis

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

A sedução de um conquistador, n.º 1769 - novembro 2018

Título original: Kept at the Argentine’s Command

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-1307-128-2

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Capítulo 16

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Capítulo 1

 

 

 

 

 

Alejandro reparou nela durante o embarque, porque, sem sombra de dúvida, era a mulher mais bonita presente. Era como uma gota de mel num dia muito sensaborão.

Uma rapariga esbelta, sentada com as suas pernas longas e delgadas cruzadas, a cabeça inclinada enquanto lia, com os cachos preto-azulados artisticamente arranjados, curtos atrás e longos à frente, a caírem-lhe sobre o rosto. Usava roupas muito femininas, com um estilo de outros tempos mais charmosos – o que, pensou ele, deveria significar que tinha conhecimentos de moda.

Quando ele cruzou o corredor para o seu lugar, ela levantou os olhos do leitor de livros eletrónicos e encarou-o. Ele viu como os cachos emolduravam umas feições delicadas. Tinha um nariz arrebitado, uns grandes olhos castanho-escuros e uma boca que parecia um botão de rosa vermelho. Ela arregalou os olhos, olhando-o de forma pouco convidativa. Na verdade, ela desviou logo o olhar. Ela lembrava-lhe um dos cavalos na sua estancia, quando eles batiam com as patas no chão em busca de atenção e depois se afastavam.

Ele não se importava com a timidez – até lidava bem com isso.

Mas, claro, ela voltou a olhá-lo, agora num registo um pouco mais ousado, e a sua boca cheia como uma rosa tremeu com o início de um sorriso.

Ele retribuiu o sorriso – uma inclinação mais subtil dos lábios porque ultimamente não tinha praticado muito a arte de sorrir. Ela reagiu corando e baixando os olhos novamente para o ecrã.

Ele estava encantado.

E mal conseguiu manter-se quieto no seu lugar quando ela fez um gesto para chamar um comissário de bordo. Ele observou, perplexo, os vinte minutos seguintes, enquanto a Olhos Castanhos dava trabalho aos assistentes com um fluxo constante do que pareciam ser pedidos triviais. Copos de água, uma almofada, um cobertor… Foi só quando ela começou a sussurrar furiosamente à assistente de bordo, agora incomodada, que os pontos que ele lhe atribuíra na categoria da beleza voaram pela janela.

– Não, eu não posso mudar de lugar! – A voz exigente, alta e aguda, apesar do sotaque francês sensual, fez Alejandro baixar o seu tablet.

Quando a assistente, incomodada, avançou pelo corredor, ele perguntou qual era o problema.

– Um passageiro idoso tem dificuldades em locomover-se até à casa de banho, senhor – explicou ela –, e tínhamos a esperança de conseguir mudá-lo para um assento mais próximo.

Ela não mencionou a intransigente Olhos Castanhos. Mas era fácil perceber.

Alejandro agarrou o seu casaco e estendeu a mão para o compartimento superior.

– Não há problema – disse ele, sorrindo à assistente. Ela corou.

Acomodando-se na parte de trás do avião, ele reabriu o tablet, esqueceu a morena e voltou a sua atenção para o ecrã.

As notícias dos jornais da manhã sobre o seu destino não eram muito motivadoras.

A grande história era sobre o casamento de um dos oligarcas mais ricos da Rússia com uma ex-dançarina de espetáculos para adultos, uma ruiva espevitada, num castelo escocês – e, pelo que Alejandro tinha ouvido do próprio noivo, os repórteres já estavam na cidade, todos em busca de grandes fotos dos convidados famosos.

Sendo Alejandro um desses «convidados», ele decidiu não fazer uma entrada triunfal no país. Na sua opinião, alguém que não desejasse atenção não deveria agir como se precisasse dela. Por isso, optara por um voo comercial, seguindo-se depois uma viagem de carro de quatro horas, de Edimburgo à costa. A rota iria levá-lo pela pitoresca área rural e ele tinha a intenção de chegar ao Castelo Dunlosie sem ninguém dar por si.

Impaciente, Alejandro deixou o tablet de lado e desencostou os ombros largos do assento. Ele nunca conseguia ficar sentado durante muito tempo nos voos.

E foi então que ouviu uma leve tosse vinda da sua esquerda que o levou a olhar.

Era a Olhos Castanhos.

Ela tinha feito algumas viagens pelo corredor para ir à casa de banho. Ou a mulher tinha um problema de bexiga ou, o que seria mais provável, estava em busca de atenção.

Ele examinou-a com frieza. Possivelmente, não era esse o tipo de atenção que ela queria.

A cada viagem pelo corredor, ela parecia bambolear-se mais, e ele desconfiava que ela estivesse um pouco bêbada.

Ela também era consideravelmente alta para mulher. Ele olhou para baixo e encontrou os culpados: um par de sapatos azul-turquesa de saltos muito altos, ridiculamente sobrecarregados com fitas que acarinhavam os seus finos tornozelos.

Ela, por seu lado, também estava a olhar para ele, com os seus olhos castanhos e cachos cuidadosamente arranjados. Irritantemente, ela continuava linda.

Pardon, monsieur.

A voz dela soava um pouco arrastada. Confirmava-se: estava bêbada.

Nada impressionado, ele murmurou:

– Talvez devesse fazer um favor a todos nós e ter cuidado com a bebida, señorita.

Ela pestanejou.

Pardonnez-moi?

– Ouviu-me bem.

Por um momento, ela pareceu ficar palavras. Depois, franziu o nariz e bateu o pé.

Alejandro teve de recorrer a um grande autocontrolo para não sorrir.

– E se me saísse da frente em vez de ficar a chatear as pessoas? – perguntou ela, com o seu sotaque francês a marcar o seu inglês perfeito.

Ele olhou-a com insolência. desde o topo dos seus cachos brilhantes até às fitas em cascata sobre os seus sapatos pontiagudos, e depois novamente para tudo o resto.

O que havia no meio era belissimamente bem distribuído…

Ela recuou um pouco, mas ele não ia deixá-la escapar impune.

– Você dá muito trabalho, não é, chica? – perguntou ele languidamente.

– Perdão?

– Há quatorze pessoas na primeira classe – enunciou ele. – O seu nome não está escrito no avião e os membros da tripulação não são seus escravos. Que tal dar-nos a todos um descanso?

Os olhos dela afastaram-se dos dele.

– Não sei do que está a falar– murmurou ela. – Agora, saia-me da frente, pode ser?

Era tudo o que ele precisava.

– Obrigue-me.

Ela empinou o queixo e entreabriu a sua boca de botão de rosa.

Ele deu por si a sentir-se algo surpreendido. Normalmente, não chateava as mulheres, especialmente raparigas tontas que ainda precisavam de amadurecer.

Por um momento, ele pensou que aqueles grandes olhos castanhos fossem encher-se de lágrimas. Ela, de facto, parecia à beira de alguma coisa.

Então, ele pôs-se de lado, mas só ligeiramente.

Ela fez um som muito francês de reprovação, desviou o rosto e caminhou para o seu assento. Mais uma vez, no comando. O egoísmo sobre duas pernas.

E foi então que ela estragou tudo com um olhar quase furtivo para trás, como se para certificar-se de que ele não estava a segui-la.

Uma pontada de dúvida pareceu invadi-lo.

Alejandro tinha tirado algumas conclusões duras com base em poucas informações.

Mas a vida ensinara-lhe a prestar atenção ao que as pessoas diziam com as suas ações e não com as suas palavras.

Ela mal tinha chegado ao seu lugar, quando a ouviu a choramingar suavemente.

Alejandro virou-se rapidamente.

Non, não faça isso!

Ele relaxou, um pouco surpreendido com os seus reflexos, quando nem sequer tinha simpatizado com a mulher. Agora, ela estava de volta, infernizando a vida a toda a gente.

Ela prosseguiu com uma saraivada sussurrada do que parecia ser um francês furioso, mas estava a falar tão depressa que era difícil dizer. E tudo era dirigido à pobre assistente, que estava a arrumar a desordem que ela tinha criado à sua volta.

Várias cabeças se ergueram para espiarem pelo corredor.

Alejandro voltou para o seu lugar e verificou o telemóvel. Estava cansado daquela mulher.

Viu que tinha uma mensagem do noivo.

Mudança de planos. Faz-me um favor e vai esperar uma das madrinhas depois de aterrares. O nome dela é Lulu Lachaille. Chegará no voo 338, Porta 4. É uma mercadoria preciosa. Se a perderes, a Gigi vai cortar-me os tomates e cancelar o casamento.

 

 

Alejandro pensou, por alguns instantes, responder não, enquanto já se via a dizer adeus à sua pacífica viagem de carro. Os casamentos eram o seu pior pesadelo. Passar quatro horas num carro com uma madrinha tagarela não era exatamente algo que considerasse empolgante.

Embora a festa fosse, obrigatoriamente, estar repleta de dançarinas de pernas longas, portanto não deveria ser assim tão mau…

Dios.

Ele enfiou a cabeça no corredor, só para descobrir que a senhorita francesa também estava inclinada para fora.

Tinha a expressão pura e esperançosa de uma princesa dos desenhos animados a aguardar a ajuda de uma das suas criaturas mágicas.

Foi então que ela o viu e a sua expressão ficou sombria. Os seus olhos estreitaram-se, como os de um gato.

E, como se estivesse a aproveitar a deixa, uma assistente de bordo apareceu ao lado da donzela, com água e o que parecia ser algum tipo de medicamento.

Uma dor de cabeça? A situação não parava de melhorar.

Ele abriu o anexo que Khaled lhe tinha enviado, mas parte dele já sabia o que ia encontrar.

Ele não sabia se deveria rir ou chorar.

No ecrã, um anjo de olhos escuros e ar sério olhava para ele.

Ela era realmente um prodígio!

Ele lançou um olhar resignado pelo corredor. O único problema era: ela era mesmo ela.

Capítulo 2

 

 

 

 

 

Obrigue-me?

Trotando pela passagem de desembarque, Lulu estava furiosa. Ele era o que estava em primeiro lugar na lista de reclamações que queria apresentar à companhia aérea.

As mulheres deveriam poder voar sem serem molestadas por idiotas que pensavam ser moralmente superiores.

Embora ela presumisse que ele também pensaria mal dela por não ter cedido o seu assento.

O coração de Lulu deu um salto.

Ela reparara nos olhares dos outros passageiros e sabia que todos tinham pensado o mesmo, mas o que poderia ela ter feito?

A tripulação fora informada do seu estado e fora muito atenciosa com todos os seus pedidos. Era óbvio que apenas uma assistente não recebera o memorando sobre os seus problemas com voos – e, quando lhe pediram que trocasse de lugar, os seus pés transformaram-se em chumbo.

A ideia de mudar tudo, quando ela já tinha criado um espaço seguro para si na área do seu assento, foi demasiado esmagadora. Mais valia a terem convidado a saltar do avião!

Quando estava à espera à frente da passadeira rolante das bagagens, Lulu já não estava a fumegar de raiva, mas estava ainda muito chateada.

Que tipo de pessoa não cedia o seu lugar a um idoso doente?

Talvez ela devesse ter ouvido o conselho da sua mãe e ter trazido alguém para acompanhá-la no voo?, preocupou-se Lulu. Assim, nada daquilo teria acontecido.

Mas como podia ela esperar ter algo parecido a uma vida normal, quando precisava sempre de andar com companhia? Ela era uma mulher adulta, não uma inválida! Era capaz de fazer melhor do que aquilo. Ela endireitou o corpo. Podia esforçar-se mais…

Ela estava a esforçar-se.

Depois de ter tentado estragar a relação da sua melhor amiga, há seis meses, ela agora esforçava-se ativamente.

Tinha trocado o terapeuta arranjado pelos seus pais por outro e conseguido um diagnóstico adequado. Ao menos, agora, ela sabia que as suas atitudes para com Gigi tinham sido motivadas pela ansiedade da separação e eram um sintoma da sua doença.

Mas teria sido muito fácil usar a sua condição como pretexto para o seu comportamento – mentir para trazer Gigi de volta para casa só para que ela pudesse sentir-se mais segura e, pelo caminho, tentar roubar a alegria da sua melhor amiga junto de um homem que provara ser a melhor coisa que já lhe tinha acontecido. Quem fazia algo assim? Uma pessoa fechada em si mesma, o que era algo que ela já não queria ser.

Era por isso que estava no processo de transformar a sua vida.

Tinha-se inscrito num curso de figurinista e agora tinha ambições na vida para além do cabaré.

Essa fora a única coisa a dar-lhe a autoconfiança necessária para pensar que seria capaz de enfrentar o voo sozinha.

Mas em todos os seus preparativos para voar não tinha previsto um machão grandalhão, a encurralá-la no corredor enquanto ela voltava da casa de banho, local, aliás, onde a maior parte do conteúdo do seu estômago tinha ido pela sanita abaixo.

– Você dá trabalho – disse ele. Como se ela fosse defeituosa; algo que ela debatera arduamente com o seu terapeuta para convencer-se de que não era.

Lulu percebeu que tinha a mão a tremer, quando indicou a sua bagagem ao simpático assistente do aeroporto que se oferecera para ajudá-la.

Ali estava algo em que o fulano do avião poderia ter sido útil, em vez de mostrar-se tão horrível para ela.

Oh, esquece-o, disse-se ela rapidamente. Ele provavelmente já te esqueceu!

Para ser sincera, enquanto empurrava o carrinho das malas rumo à saída, ela estava a sentir-se um pouco desesperada e ansiosa por ver as amigas que também seriam madrinhas: Susie e Trixie. Ao menos elas iriam proporcionar-lhe uma proteção contra o resto do mundo.

Neste momento, Lulu não se achava capaz de enfrentar grandes desafios.

Dez minutos depois, ela estava ainda a examinar ansiosamente a multidão e a perguntar-se se iria mesmo conseguir chegar ao castelo antes de Gigi dizer «Sim, aceito».

Estava a tirar o telemóvel para tentar contatar as outras raparigas, quando foi empurrada por um novo afluxo de gente e foi embater num corpo quente, sólido. Incrivelmente sólido. Masculino, a julgar pelo tamanho, pela solidez e pelo peso das mãos fortes que a agarraram pelos ombros para segurá-la.

Ele disse algo e Lulu gelou.

Ela reconheceu a voz.

Dieu, era o valentão do avião.

Foge… Foge!

Mas as suas pernas pareciam de gelatina. Por mais que ela se dissesse que homens hostis já não a assustavam – ela tinha direitos… estava protegida pela lei –, Lulu ainda se sentia incrivelmente vulnerável. E odiava a sensação. Estava a esforçar-se tanto para ser forte.

O que não explicava porque é que fixara o olhar naquela boca imensa e sensual, reparando na sombra ao longo do queixo, onde ele claramente tinha feito a barba naquela manhã e provavelmente precisaria de refazer mais tarde. Ele era muito másculo.

Lulu lembrou-se de que não gostava de homens másculos. Não gostava da forma como eles forçavam, empurravam e se acotovelavam para abrirem caminho pelo mundo e safarem-se sempre através da intimidação. Eles deixavam-na tensa. Só que aquele homem não estava exatamente a deixá-la tensa; era outra coisa.

E era com esta outra coisa que ela agora se debatia, mesmo sabendo que ele era um fanfarrão.

Ela não gostava dele e ele estava a olhar para ela como se também não gostasse muito dela.

Buenas tardes, señorita – cumprimentou, numa voz que parecia moldada para fazer uma proposta indecente. – Creio que está à minha procura.

Lulu repreendeu automaticamente a reação ardente no seu baixo-ventre, incitada pelo som do sotaque espanhol profundo e sensual.

Não, não, não – ele não ia acender fogo nenhum nas suas entranhas.

Ela endireitou-se.

– Tenho a certeza de que não estou.

Alejandro sentiu-se tentado a encolher os ombros e a ir-se embora, e deixar que aquela princesinha descobrisse da maneira mais difícil que ele não estava a tentar seduzi-la. Mas, afinal, tinha de fazer o favor ao amigo cumprindo o seu dever. E ela era esse dever.

Lulu continuou a fitá-lo como se ele fosse saltar-lhe para cima e, então, ele estendeu-lhe a mão.

– Alejandro du Crozier.

Ela olhou para a mão de Alejandro como se ele tivesse puxado uma arma.

– Por favor, deixe-me em paz – disse ela, algo furtivamente, e virando-se de lado.

– Não estou a tentar engatá-la, señorita. – Ele tentou novamente, com uma paciência que considerava notável.

Ela virou-lhe por completo as costas, mostrando claramente o que pensava daquela alegação.

– Parece evidente que não percebe o que se passa. Lulu – acrescentou ele secamente.

O uso do nome dela teve o efeito pretendido. Ela olhou para trás, observando-o cautelosamente, fazendo Alejandro lembrar-se absurdamente de uma criatura tímida a pôr a cabeça para fora da toca.

– Co… como sabe o meu nome?

Ele cruzou os braços.

– Eu sou a sua boleia – disse ele categoricamente.

– A minha boleia?

Para seu constrangimento, ela recuou e quase tropeçou na sua bagagem de mão. A mão dele disparou e agarrou-a pelo cotovelo, salvando-a de uma queda.

– Cuidado, bella – alertou ele, com o seu hálito quente a roçar o alto da orelha de Lulu.

Os joelhos dela tremiam.

Ela tentou libertar-se, confusa.

– Pode deixar-me passar?

Señorita – disse ele, prendendo-a no lugar –, eu, Alejandro du Crozier, vou levá-la ao casamento.

Os olhos dela voaram para os dele. Ele sabia do casamento? Isso significava que também era convidado.

– Mas a Susie e a Trixie vêm buscar-me para irmos para o casamento. – Assim que ela falou, percebeu que os planos poderiam ter sido alterados.

– Não conheço essas mulheres. Só sei da sua existência. – A expressão dele dizia que aquilo não estava propriamente a tornar-lhe o dia agradável.

O que era bom, concluiu Lulu. Já eram dois. Ela deu outro puxão e ele soltou-a.

– Não tenho o hábito de sair com homens estranhos, senhor… Senhor…

Ele tirou o telemóvel e segurou-o à frente dela. Ela olhou para a mensagem no ecrã e então olhou para ele com um espanto mudo.

O Khaled mandou-o a si?

Ele concedeu à pergunta o olhar que ela merecia.

– A menos que esteja interessada em ir a pé, chica, sugiro que venha comigo agora.

Ele não lhe deu oportunidade para opor-se. Estava a ir-se embora. E claramente esperava que ela o acompanhasse.

Lulu ficou a olhar para ele.

Ele era o homem mais rude do mundo.

Ela deu por si atrapalhada com o seu carrinho, usando apenas uma das mãos para controlá-lo, com a sua bagagem de mão a bater dolorosamente contra a perna.

Ela certamente não ia viajar com ele num carro durante três ou quatro horas.

Ia encontrar um táxi.

Ia confiar a sua pessoa e a sua bagagem a um homem pago para cumprir a tarefa, e não àquele que pensava estar a fazer-lhe um grande favor.

O dinheiro era o maior aliado e protetor de uma mulher. Lulu sabia que era assim. Sem dinheiro, a sua mãe teria sido incapaz de escapar do seu pai violento.

Mesmo agora, com a sua mãe alegremente casada com outro homem, Lulu esforçava-se para manter a sua conta bancária e gerir o seu dinheiro. O dinheiro dava-lhe opções. Lulu levantou o queixo. Agora, a sua conta pessoal permitia-lhe pagar para viajar até ao Castelo Dunlosie.

Mas, quando saiu do prédio, Lulu deu de caras com um dia nublado de Edimburgo. Estava a cair uma chuvinha e ela parou para tirar o seu guarda-chuva, abrindo-o e espiando em redor. Viu a paragem de táxis, mas havia uma fila.

Muito bem. Às vezes, as opções de uma mulher não são as ideais e não há volta a dar.

Ela seguiu resolutamente naquela direção, consciente de que as suas belas meias com costuras estavam a receber pequenos salpicos de água suja a cada tração das rodas do carrinho. O facto de ela estar a sentir-se totalmente exausta por causa do seu medo de voar que a perturbara nas últimas horas não estava a ajudar. Lulu só desejava ficar quentinha e confortável dentro de um carro, tirar os sapatos, ficar a ver o mau tempo apenas através de um para-brisas.

Talvez ela se tivesse precipitado um pouco…

Foi então que ela viu o Jaguar vermelho estilo vintage cuidadosamente restaurado.

O vidro da janela da sua boleia foi descendo.

– Entre – indicou-lhe ele.