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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

© 2012 Linda Susan Meier

© 2015 Harlequin Ibérica, S.A.

Uma vida ao teu lado, n.º 1470 - Abril 2015

Título original: Nanny for the Millionaire’s Twins

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

I.S.B.N.: 978-84-687-6592-1

Editor responsável: Luis Pugni

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

Chance Montgomery estacionou o SUV em frente dos grandes portões negros, de ferro, da casa da mãe. Pressionou o botão do controlo remoto que ela lhe tinha dado e, depois de os portões se abrirem, percorreu o caminho sinuoso, indiferente, ao ver que nada tinha mudado. As folhas das árvores altas que levavam à mansão tinham-se tornado vermelhas, amarelas e cor de laranja, como sempre acontecia em outubro, em Pine Ward, na Pensilvânia. A mansão de pedra, castanha e cinzenta, a casa da sua infância, parecia exatamente igual, como no dia do seu décimo oitavo aniversário, quando fugira dali.

Fugira porque a sua vida estava uma confusão. Tinham sido dias, meses, anos de traições e mentiras.

Ironicamente, estava de volta pelo mesmo motivo. A mulher que julgara ser o amor da sua vida deixara-o, quando percebera que estava grávida de gémeos. Nunca o amara, apenas o usara como um degrau para chegar onde queria, na carreira. Nove meses depois, tinha tido os bebés e parecera cuidar deles adequadamente durante cerca de seis meses. Depois, subitamente, há duas semanas, tinha-os levado para casa dele e dissera-lhe que não os queria. O facto de ela ter desistido das crianças era estranho e reforçara a valiosa lição que aprendera, quando descobrira que o seu pai adotivo era, na verdade, o seu pai biológico. As pessoas não eram de confiança. A maioria olhava apenas para o seu próprio umbigo. Deveria ter-se lembrado disso, quando ela lhe dissera que estivera com ele apenas para o usar. Mas não. Agarrara-se à esperança de que, mesmo que não o amasse, poderia amar as crianças.

Era um idiota.

Chance estacionou o SUV em frente de uma das portas da garagem, desligou o motor e saiu do carro. Como se estivesse à espera dele, a mãe correu na sua direção.

– Chance, querido! – o cabelo branco como a neve tinha um corte curto, mas elegante. As calças e a camisola de gola alta, preta, com pérolas, fazia-a parecer a pessoa do jet-set que era.

A mãe envolveu-o num abraço e, quando se afastou, os olhos estavam cheios de lágrimas.

– Estou tão feliz por estares em casa.

Chance aclarou a garganta. Desejou poder dizer o mesmo, mas a verdade era que não estava feliz por estar ali. Não estava feliz por não conseguir tomar conta dos gémeos. Não estava feliz porque a mãe dos bebés não queria fazer parte da vida deles. Não estava feliz porque cada pessoa que surgia na sua vida o magoava, o traía ou mentia.

Exceto Gwen Montgomery. A devota esposa que o pai tinha feito com que o adotasse. Uma mulher que, apesar de ter descoberto que era filho ilegítimo do marido, não tinha deixado de o amar.

– É bom estar em casa.

Era uma meia verdade. Mas, como poderia dizer a verdade àquela mulher alegre, que tinha à sua frente?

Que aquela casa o fazia lembrar-se de um pai em quem não confiava. Que a sua vida estava uma confusão…

Não podia.

Gwen uniu as mãos e pediu, muito animada:

– Deixa-me vê-los!

Chance aproximou-se da porta traseira do SUV, no momento em que uma mulher ruiva saía da mansão. Teria mentido se dissesse que não tinha notado que era dotada de um lindo rosto. Olhos grandes, castanhos, um nariz arrebitado e lábios carnudos, suculentos. Mas usava uma blusa branca, simples, calças cinzentas e uns horrorosos sapatos pretos.

A mãe disse:

– A propósito, apresento-te Victoria Bingham. Ela prefere que lhe chamem Tory. Contratei-a para ser a ama dos gémeos.

Normalmente, teria aceitado a mão que ela lhe estendia, a fim de trocarem um cumprimento. Em vez disso, no entanto, virou-se para a mãe e disse:

– Mãe, eu tinha dito que quero criá-los sozinho. Vim para ter a tua ajuda e não a de uma estranha.

Gwen endireitou-se, como se a tivesse ferido de morte.

– Bom, claro que vou ajudar. Mas também precisas de uma ama, para coisas como fraldas…

– Eu posso trocar as fraldas. Troquei trezentas, nas últimas duas semanas. Estas crianças foram abandonadas pela mãe. Não vão perder o pai também.

– Oh, querido. Não vamos permitir que essas crianças cresçam sem amor. Também tiveste uma ama, até aos quatro anos. Achas que te amo menos do que uma criança criada sem ama?

Chance abanou a cabeça. O amor de Gwen tinha sido provado um milhão de vezes, quando aceitara a infidelidade do marido, bem melhor do que ele próprio tinha aceitado.

– Então? Ter uma ama é uma ajuda perfeitamente adequada.

– Suponho que sim – murmurou. Virou-se para a porta do SUV e, ao abri-la, revelou os seus verdadeiros motivos de orgulho e alegria. O pequeno Sam gritou de forma indignada, como se detestasse estar preso dentro do carro, enquanto todos conversavam. Cindy exibiu um sorriso radiante.

– Oh, querido! São maravilhosos!

De facto, eram.

De pé, junto do carro, Tory Bingham observou os dois bebés louros, de olhos azuis. Não queria aquele emprego. Após anos de cirurgias e fisioterapia, para recuperar a perna esquerda, a qual tinha sido fraturada num acidente de moto, finalmente, podia caminhar com o apoio de sapatos ortopédicos. Também podia conduzir. Tinha planeado passar uns dias com o noivo, que não tinha ficado tão bem como ela, depois do acidente. Mas os pais tinham outros planos.

Queriam que ela arranjasse um emprego. Pior, queriam que continuasse com a sua vida. Enquanto o noivo estava deitado numa cama, a lutar, eles queriam que seguisse em frente.

Mas tinha vinte e cinco anos de idade. Não tinha dinheiro e não tinha um seguro de saúde. Todas as despesas médicas tinham sido pagas pelo seguro da moto de Jason, mas ela já tinha ultrapassado os limites.

Os pais podiam ser amigos dos Montgomery, mas não possuíam o dinheiro que aquela família possuía.

Não tinha outra escolha, tinha de aceitar o trabalho que Gwen lhe tinha oferecido.

E agora, o filho pródigo não a queria.

Tudo bem. Podia encontrar trabalho num outro lugar.

Porém…

Bom, os bebés eram adoráveis. Os dois anjos doces, sentados nas cadeirinhas, tinham feito com que sentisse o coração a bater com mais força e não conseguia deixar de os admirar.

Chance baixou a cabeça, para entrar no SUV.

– Vou tirá-los daqui.

– Está bem – Gwen apressou-se a contornar o reboque preso à traseira do SUV. O reboque onde havia uma moto grande, preta. – Pode pegar em Sam. Eu levo Cindy.

Ela abriu a porta e inclinou-se para pegar na menina, mas, em segundos, saiu novamente do carro.

– Tory, pode ajudar-me com os cintos? Não consigo desapertá-los.

– Sim – e apressou-se a ir ajudar.

Aparentemente, não seria mandada embora. Mas, mesmo ficando o mais longe possível da assombração negra, no reboque, o peito ficou apertado de terror, conforme contornava o carro. Lembrou-se do seu acidente de moto, houve um flash silencioso na sua mente. Um acidente que lhe tinha destruído a perna e que quase tinha levado o homem que amava.

– Depressa, Tory!

Abriu a porta do SUV, baixou a cabeça para desapertar o cinto e ficou a apenas alguns centímetros do rosto mais adorável do universo. Uns olhos grandes, azuis, pestanejaram para ela. Uns lábios de querubim soltavam bolinhas de saliva.

– Olá.

A bebé gargalhou de felicidade.

– Quem é a coisa mais fofa deste mundo?

Desapertou o último cinto e tirou a bebé da cadeirinha.

Pela primeira vez, desde o acidente, suspirou de deleite. A bebé pousou-lhe a mãozinha no rosto e ela soltou uma gargalhada. Mas Gwen aguardava ansiosamente para pegar na menina ao colo e entregou-lha.

– Meu Deus! – disse Gwen. – É um prazer conhecer-te, Cindy. Sou a tua avó.

Tory ergueu as sobrancelhas. Gwen ainda não conhecia a própria neta? Sabia que Chance estivera afastado durante algum tempo, mas pensara que se tinham reconciliado.

Gwen contornou o reboque, novamente.

– Vamos levá-los lá para dentro.

– Na verdade, mãe… – Chance recuou. – Sam precisa de mudar a fralda. Talvez seja melhor levá-los para a casa de campo.

– Oh!

– Foi uma longa viagem e, depois de mudar as fraldas, tenho de os alimentar.

Gwen sorriu. Estava tão feliz por o filho estar em casa, que concordaria com qualquer coisa.

– Está bem. Tory e eu acompanhamos-te.

Chance dirigiu um olhar a Tory e ela encarou-o. Já tinha notado que era alto e magro. Que o cabelo era preto e os olhos azuis. Que uma camisa de flanela vermelha se adaptava perfeitamente ao corpo másculo, assim como as calças de ganga justas. Mas, fitando o azul dos olhos dele, detetou outras coisas.

Astúcia. Aqueles lindos olhos cor de safira tinham a cautela de um homem que não confiava facilmente em alguém.

O que era simplesmente perfeito. Nunca tinha trabalhado a tempo inteiro, só tinha tomado conta de crianças durante três verões, quando estava no liceu. E agora, o seu primeiro emprego obrigava-a a lidar com um pai desconfiado.

Bom, não iria implorar para a contratar ou defender. Não queria trabalhar para um homem mal-humorado. Principalmente, para um homem que não conhecia.

As amas viviam com a família que as empregava. Se a contratasse, teria de passar vinte e quatro horas perto dele.

– Pensa, Chance – pediu Gwen. – Se tiveres uma ama, não terás de te levantar a meio da noite para cuidar dos gémeos. E, se te levantares, terás de mudar a fralda e alimentar apenas um dos bebés.

Passou a mão pela nuca, como se estivesse tenso e a achar difícil refutar aquele argumento.

– Está bem. Podem acompanhar-me.

Depois de acomodarem as crianças nas cadeirinhas, novamente, Tory sentou-se no meio dos gémeos e Gwen acomodou-se no banco do passageiro, ao lado do filho.

Enquanto percorriam a estrada que contornava a floresta, atrás da mansão de Gwen, Tory começou a pensar como seria a sua nova vida.

Engoliu em seco. Será que os seus primeiros instintos estavam corretos?

Talvez se devesse ter mantido firme com a mãe e ter dito que não queria um emprego. Queria estar com Jason, para cuidar dele, para o ajudar a recuperar. Não queria ficar presa numa casa, com um homem que não conhecia.

Pararam em frente de uma casa térrea, demasiado grande para ser apelidada de casa de campo.

Gwen guiou-os para uma divisão que tinha remodelado e mobilado, para ser o quarto das crianças.

Chance deitou Sam, para trocar a fralda ao bebé. Gwen deitou Cindy no outro lado.

– Tory, querida, enquanto trocamos as fraldas, podes preparar a papa para os bebés?

– Claro – feliz por escapar, apressou-se a ir ao SUV, presumindo que iria encontrar alimentos para os bebés. Mas tudo o que viu foi dois sacos. Quando os levou para a cozinha e os remexeu, encontrou apenas roupa.

– Gostou de alguma coisa que viu?

O coração quase pulou para fora do peito, ao ouvir a pergunta de Chance. A voz era baixa e profunda, e a forma sexy como ele cruzou os braços, e se recostou contra o balcão da cozinha, fez com que a pulsação acelerasse.

O aborrecimento invadiu-a. Porque continuava a reparar em coisas naquele homem? Estava noiva. Não deveria estar a admirar o lindo rosto dele ou a notar a forma como se mexia.

Exibindo um sorriso profissional, disse:

– Estava a procurar as papas.

Chance deu-lhe o saco das fraldas.

– Está tudo aqui. A minha mãe disse que o frigorífico está cheio de alimentos, incluindo leite. Use o que há no frigorífico, porque o que tenho esteve neste saco de fraldas durante horas.

Dito isso, virou-se e afastou-se, e Tory deixou escapar um suspiro, que nem se percebera que estivera a conter. Preparou rapidamente a papa. No momento em que a levou para o quarto das crianças, Chance e a mãe estavam acomodados nas cadeiras de baloiço, cada um deles com um bebé ao colo. Colocou as duas pequenas tigelas na mesa, entre as cadeiras, e afastou-se. Chance alimentou Sam e Gwen deu a papa a Cindy.

Sem nada para fazer, Tory permaneceu de pé, junto da porta, observando-os. Quando acabaram de comer, Chance levantou-se da cadeira.

– Acho que devemos pô-los a dormir. Já se alimentaram e devem estar cansados.

– Então, não costumam dormir a sesta, neste horário? – perguntou Gwen.

Chance soltou uma gargalhada.

– Horário? Eu não lhes digo quando devem dormir ou comer. São eles que me dizem.

Lembrando-se da confusão que tinha havido no primeiro verão, com a família Perkins, advogados ricos, com crianças que mandavam neles, Tory não conseguiu conter um «Oh, meu Deus!», que escapou dos seus lábios.

Arrependeu-se instantaneamente. Os belos olhos azuis de Chance estreitaram-se e os lábios apertaram-se, formando uma linha fina.

Deu palmadinhas nas costas de Sam e, um pouco depois, deitou o bebé sonolento no berço. Seguindo o exemplo dele, Gwen fez o mesmo com Cindy. Os bebés adormeceram instantaneamente e Chance dirigiu-se para a porta, sempre com a mãe a segui-lo.

Tory seguiu-os para fora do quarto das crianças, sentindo-se embaraçada. Chance já não gostava dela. Mas, tinha de tornar as coisas piores, com a sua boca grande?

Quando entraram na sala principal, Gwen virou-se para Chance.

– Visto que os bebés estão a dormir, não há razão para ficarmos por perto. Além disso, podíamos aproveitar para conversar um pouco – e sorriu. – Porque não voltamos para a mansão e nos dirigimos para «o esconderijo», onde há um bom conhaque? Também podemos fazer um lanche.

Chance tirou as chaves do bolso das calças de ganga. Em seguida, olhou para Tory.

– Cuide das crianças.

Assentiu com a cabeça, enquanto uma onda de alívio a invadia. Esperançosamente, ele e a mãe iriam conversar o tempo suficiente, para que ela pudesse descobrir uma maneira airosa de sair daquele emprego, visto que as respetivas mães eram amigas. Ele não a queria e ela não queria trabalhar para ele.

Depois de eles saírem, Tory relaxou e deambulou pela casa.

Estivera tão preocupada com Chance e com a papa, que não tinha tido a oportunidade de ver bem a casa.

Era o lar perfeito para uma família jovem. Ou para recém-casados.

Tory deslizou a mão ao longo do balcão de granito. Deveria estar casada, nesse momento. A viver numa casa linda, como aquela. A cuidar dos seus próprios bebés. Mas, certo dia… Numa dada hora…

Não. Um minuto tinha mudado tudo.

Em vez de estar casada, ser mãe ou ter uma carreira, passara horas num quarto de hospital, a conversar com um noivo que não podia responder.

Nem sequer tinha a certeza se ele conseguia ouvi-la.

Forçando-se a melhorar o humor, dirigiu-se para a sala de estar, que tinha um sofá enorme de couro e uma televisão com ecrã gigante. Girou o copo nas mãos, formando um círculo. Para uma «casa de campo», era algo inacreditável.

– Então agora, está a dançar?

Virou-se para encarar Chance, enquanto ele entrava pela porta da frente.

– Estava apenas a explorar um pouco – pressionando a mão contra o coração galopante, tentou acalmar a respiração. – Pensei que estava com a sua mãe.

– Não vou deixar os meus bebés, indefinidamente, com uma estranha.

– Não sou uma estranha. As nossas mães são amigas.

Chance gesticulou com a mão, para que ela se sentasse no sofá.

– Temos de conversar.

Resignada, sentou-se no sofá, tal como ele tinha pedido.

Chance sentou-se numa das cadeiras reclináveis.

– Você passou dos limites, quando me questionou sobre o horário de as crianças irem dormir.

Tory recuou.

– Tecnicamente, não o questionei. Disse apenas «Oh, meu Deus!».

– O que é pior. Tive a impressão de que quis dizer: «Ei, Chance. Está a fazer tudo errado».

– Desculpe.

– São os meus filhos. Passei duas semanas com eles, sozinho. Mas estou disposto a dar-lhe uma oportunidade porque, honestamente, posso vir a precisar de ajuda. Mas tenho de lhe dizer que, se me criticar, podemos acabar com isto agora mesmo.

Tory estudou-o, enquanto todas as peças do quebra-cabeças começavam a encaixar na sua mente. Gwen tinha dito que a mãe dos gémeos tinha deixado os bebés com ele, dizendo que não os queria de volta. O que explicava a desconfiança que ele demonstrava. Ele não queria uma ama.

Queria criar as crianças, sozinho.

Admirável. Contudo, não sabia como. E, porque estava a fracassar, de certa forma, estava hipersensível.

Não era mal-humorado. Era apenas um pai hipersensível, que precisava de alguém para o ajudar.

Subitamente, ser essa pessoa não parecia ser assim tão terrível.

– Estamos entendidos?

– Sim.

– Ótimo – nesse instante, um dos bebés começou a chorar. Chance levantou-se da cadeira.

Tory também se levantou.

Enquanto se dirigiam para o quarto das crianças, ele declarou:

– Aqui está a única razão para eu não me importar de a ter por perto. Eles não dormem durante mais de vinte minutos e, quando acordam, parecem gatinhos a trepar pelo meu corpo. Não tenho um minuto de paz.

– Esteve a cuidar das crianças durante duas semanas?

– Mais ou menos. Por vezes, gostam de brincar no chão.

– E o seu emprego?

– Tenho uma empresa de construção civil, por isso, pude fazer o que queria, durante a primeira semana. Mas, quando percebi que o meu tempo estava totalmente tomado pelas crianças, deleguei toda a responsabilidade no meu diretor geral.

Tory sustentou-lhe o olhar, cuidadosamente. Os olhos azuis não estavam raivosos, mas sim cautelosos.

– Não pode viver assim para sempre.

Chance soltou uma gargalhada curta e seca.

– Não brinque.

– Mesmo assim, não quer uma ama.

– Não quero ser como o meu pai.

– Ele nunca tinha tempo para si?

Chance suspirou e passou os dedos pelo cabelo curto, escuro.

– As crianças estão apenas a adaptar-se à perda da mãe. Não posso abandoná-las também.

Cautelosamente, ela perguntou:

– Então, quer sugestões sobre algumas coisas?

Ele suspirou.

– Sim.

– Não vi um baloiço para bebés ou um andarilho no seu carro…

– Um andarilho? – franziu o sobrolho e observou-a, como se fosse louca. – Como usam as pessoas mais velhas?

Se não estivesse tão sério, poderia ter dado uma gargalhada.

Sem querer insultá-lo, falou cuidadosamente.

– Um andarilho é uma cadeira com rodinhas, onde colocamos o bebé. Isso ajuda-o a aprender a andar, mas também o entretém.

– Quer dizer que não têm de passar cada minuto a gatinhar em cima de mim?

– Sim.

– E, suponho que o baloiço também é útil?

Ela recuou e assentiu com a cabeça.

– Estou surpreendida por a sua ex-mulher não lhe ter dado essas coisas, quando lhe entregou as crianças.

– Liliah não era minha esposa. E não vai ser esposa de ninguém. E, como pode ver, também não conseguiu ser mãe.

Depois, virou-se e dirigiu-se para o quarto das crianças. Tory fechou os olhos, com força.

Justamente quando parecia que estavam a começar a dar-se bem, dissera algo estúpido.

Nunca iria dar certo.