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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 1997 Miranda Lee

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Projecto de seduçâo, n.º 385 - agosto 2018

Título original: The Seduction Project

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9188-536-8

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

 

 

 

 

«Vinte e cinco anos!», pensou Molly, enquanto escovava o cabelo castanho que lhe caía à altura do ombro. «Um quarto de século! Como é que pode ter passado tão depressa?!», interrogou-se.

Suspirando, colocou os ganchos no carrapito e nem precisou de olhar para o que estava a fazer. Usava aquele tipo de penteado há tanto tempo que até perdera a conta. Era rápido, prático e, o melhor de tudo, barato, não precisava de gastar um único centavo no cabeleireiro para executá-lo. Aquele dinheiro economizado era de grande importância para Molly, pois tinha de ajudar a mãe a pagar a hipoteca da casa onde moravam.

Ainda estava a pensar nos seus problemas financeiros quando olhou finalmente para o espelho e contemplou o resultado dos seus esforços. Ora, não havia qualquer dúvida de que ela era o verdadeiro estereótipo da bibliotecária eficiente. O penteado era apropriado e discreto, a blusa tinha mangas à altura dos cotovelos e gola alta, para completar a saia pregueada cobria-lhe os joelhos e os óculos de aro dourado davam-lhe um ar intelectual.

Engraçado, se fechasse os olhos podia lembrar-se de si mesma na manhã do dia em que fizera quinze anos e nada, ou quase nada, tinha mudado desde então.

Continuava a morar com a mãe, era tão tímida e comum como fora quando adolescente e, pior, ainda amava Liam Delaney desesperadamente.

Havia momentos em que Molly tinha raiva de si mesma por permitir que tal sentimento continuasse a tomar conta do seu coração. Se fosse esperta, teria esquecido Liam há muito tempo! Era masoquismo amá-lo. Sim, puro masoquismo. Ele jamais retribuiria os seus sentimentos. Jamais!

Claro que, depois de muitas desilusões, já não se entregava às fantasias da adolescência, onde imaginava Liam a acordar numa linda manhã ensolarada para, como num passe de mágica, descobrir que o sentimento que tinham um pelo outro não era apenas a velha amizade platónica que mantinham desde a infância, mas sim a mais profunda e avassaladora paixão. Oh, não, assim que fez vinte e um anos, Molly baniu de vez aquela fantasia ridícula para longe e preferiu ficar mais próxima da realidade. Além de que, era difícil preservar tal sonho quando estava sempre a ver o tipo de raparigas que Liam costumava levar a casa.

A palavra comum jamais poderia ser usada para descrever tais mulheres e muito menos os termos intelectual ou «rato de biblioteca», como Molly sempre fora chamada pelos amigos.

Na verdade, as namoradas de Liam eram muito mais admiradas pelos seus corpos esculturais do que pelo intelecto. Ele gostava de mulheres altas, bronzeadas, com pernas longas e bem torneadas, peitos fartos e cabelos que pareciam acabados de sair de um anúncio de champô.

Molly reconhecia que tinha os peitos certos, mas nada no mundo poderia acrescentar-lhe os quinze ou vinte centímetros que precisava para superar o seu metro e sessenta, e chegar à altura de uma modelo profissional. Havia também o detalhe dos cabelos; embora os seus estivessem sempre sedosos e brilhantes, eram daquela tonalidade comum de castanho que não seria capaz de chamar a atenção de quem quer que fosse.

Portanto, tinha desistido dos seus sonhos de adolescente em relação a Liam. Ele nunca trocaria uma das beldades esculturais pela rapariga mais comum e normal do bairro!

O bom senso fizera-a ver que aquele amor era uma causa perdida, mesmo assim, continuava tão apaixonada como no primeiro dia que Liam e a família tinham-se mudado para a casa ao lado da dela.

Sim, esse também era um dos motivos, somado à falta de dinheiro, pelo qual Molly não se mudara da casa da mãe. Afinal, se o fizesse, teria poucas oportunidades de voltar a vê-lo e perderia a oportunidade de receber as suas visitas ocasionais para conversarem sobre banalidades ou mesmo para ouvirem uma boa música.

Liam costumava dizer que ela era a sua melhor amiga, mas Molly tinha consciência de que não era bem assim. Ela simplesmente estava sempre à mão quando Liam precisava de conversar ou pedir-lhe a opinião sobre os seus novos projectos para jogos de computador, e designs gráficos.

Diante de tal lembrança, um profundo desapontamento invadiu-a, mas foi logo substituído por um repentino acesso de fúria. «Como é que Liam podia ser tão cego!?», indignou-se. E também tão insensível!? Aliás, por que é que ela própria tomara parte naquela mentira idiota de serem apenas «bons amigos»?!

Os bons amigos deviam compartilhar os bons e os maus momentos, não era?! Onde se encaixava aquela premissa no seu relacionamento? Era o dia do seu aniversário! Mas ele lembrara-se? Não, claro que não! O dinâmico chefe da Ideias & Efeitos, Lda. não podia lembrar-se de algo tão trivial e desinteressante. Estava muito ocupado a administrar a empresa de sucesso que erguera do nada. Aliás, Liam já nem tinha tempo para visitar a mãe! Molly não o via desde o Natal e isso fora há dois meses.

Hoje, Liam também não lhe telefonara, nem sequer lhe mandara um cartão de felicitações, muito menos um presente, embora no aniversário dele Molly tivesse perdido uma tarde inteira para tentar descobrir qual a lembrança mais adequada para o seu «melhor» amigo. Como se não bastasse, tinha-lhe até feito um bolo e colocado trinta velas!

– Molly!? – a voz da sua mãe ecoou pela casa e trouxe-a de volta à realidade. – Por que é que demoras tanto? O teu pequeno-almoço já está na mesa há muito tempo!

– Vou já, mãe! – gritou, apressando-se a descer a longa escadaria de madeira da casa onde morava desde que nascera.

Ao chegar ao rés-do-chão, notou que o pequeno-almoço daquela manhã consistia num copo de sumo de laranja, um ovo cozido, uma fatia de pão integral, um pouco de margarina e café preto. Na verdade, era um grande luxo se fosse levado em conta o facto de que, normalmente, Molly só comia cereais com leite antes de ir para o trabalho.

Desde que o marido morrera de ataque cardíaco, há pouco mais de dois anos, a sua mãe tinha ficado obcecada por dietas saudáveis e sem gordura. Nada, absolutamente nada, que contivesse gordura e calorias excessivas entraria nas refeições preparadas por Ruth McCrae.

O que significava que a hora da refeição não costumava ser muito agradável para Molly, pois ela tinha o que se podia chamar de um fraco por doces. Ainda assim, não podia negar que tal mudança de hábitos acabara por favorecer a sua silhueta, que um dia já fora muito além do peso normal para o seu metro e sessenta.

– Uau! – exclamou Molly, sentando-se à mesa da cozinha. – Parece tudo muito apetitoso!

– Bem, hoje é o teu aniversário, minha querida – disse Ruth, – merecias algo mais elaborado e prometo que também vou preparar-te um jantar especial esta noite.

A jovem não pôde deixar de se perguntar o que é que, nos dias de hoje, poderia ser considerado um jantar especial. Contudo, apostava que não seriam batatas fritas e um bom bife, acompanhado por bolo de chocolate e uma chávena de café com creme para finalizar.

– Vai ser óptimo, mamã – agradeceu, pegando na faca e no garfo, pronta para atacar o ovo.

– Não vais abrir o teu cartão? – indagou Ruth, com ar choroso.

Automaticamente, Molly olhou para o lado e descobriu que havia um envelope branco junto à fruteira que ficava no centro da mesa. Sorrindo, pegou nele e, ao abri-lo, deparou-se com um cartão com uma mensagem doce e sentimental. Contudo, o que mais a surpreendeu foram os dois bilhetes de lotaria que tinham sido colocados no meio do cartão com padrões floridos.

– Obrigada, mamã.

– Não tens que me agradecer. Gostaria de ter podido comprar mais alguma coisa, mas isto foi tudo o que consegui com o dinheiro que sobrou – respondeu Ruth num tom de desculpa.

Molly encarou-a com um sorriso cativante.

– Não sejas palerma. Posso ganhar uma fortuna e depois nós duas teremos a oportunidade de fazer um cruzeiro à volta do mundo.

– Ah, eu não gostaria de nada disso – protestou a senhora McCrae. – Aprecio muito a minha casa para ficar a andar por aí. Mas tu podes ir.

Apesar da concordância, Molly percebeu que a ideia não agradava muito à mãe. Talvez Ruth já estivesse arrependida de ter dado à filha única a oportunidade, por mais remota que fosse, de ficar rica e deixar o ninho para sempre.

Ruth McCrae era uma mulher naturalmente tímida, que se tornara ainda mais reclusa e reservada após a morte do marido. Só saía de casa quando precisava de ir fazer compras ao centro comercial da pequena cidade onde moravam, na área metropolitana de Sidney, onde também ficava a biblioteca na qual Molly trabalhava. A senhora McCrae não tinha amigos íntimos e vivia para cuidar da filha, e do pequeno jardim que crescia diante da antiga casa.

Às vezes, Molly aborrecia-se com o excesso de zelo e preocupação da mãe, porém, acabava sempre por aceitar que não havia como mudar o seu destino. Apesar de tudo, sabia que tinha muito em comum com Ruth, principalmente a timidez.

Aliás, a única coisa que não se encaixava na sua personalidade pacata, era o amor platónico e irracional que nutria por Liam Delaney. Este, sim, era capaz de fazê-la sair do sério e estremecer de paixão diante da sua simples presença.

Pena que Liam nunca tivesse notado que, por trás dos olhos verdes de Molly, houvesse algo que ia além da simples amizade. Ah, o belo senhor Delaney nem fazia ideia que durante noites e noites a fio, Molly sonhava em fazer amor com ele de uma forma sensual e sem pudor.

Sim, imaginava-o viril e sexy, tocando-a com intimidade, beijando-a com erotismo e descendo os lábios por todo o seu corpo virgem, a ponto de fazê-la agarrar-se aos ombros largos e gritar o seu nome com uma paixão desenfreada. Então, quando já não conseguisse conter-se mais, ele penetraria na tepidez das suas partes mais íntimas, levando-a a explodir de prazer.

Só de pensar nisso, Molly perdia o fôlego e experimentava o gosto agridoce do desejo humedecer-lhe os lábios e também a sua feminilidade.

«Oh, és mesmo parva, Molly McCrae!», ralhou consigo mesma. «Está na hora de mudar. Não podes ficar a vida inteira a derreter-te de amor por um homem que nem repara na tua existência. Já viveste um quarto de século e ainda não aprendeste a lição!?».

Dando um longo suspiro, levou o copo de sumo aos lábios e decidiu que, a partir daquele instante, Liam Delaney não significaria mais nada na sua vida. Nada mesmo!

Doce ilusão a de Molly! Na sua ingenuidade virginal, subestimava a paixão acreditando que esta dependia única e exclusivamente da vontade humana e não dos anseios do coração, aliás, os mesmos anseios que incitam os acordes do desejo e ateiam o fogo do mais primitivo dos instintos, o sexual.