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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 1997 Miranda Lee

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Ódio e amor, n.º 377 - setembro 2018

Título original: Red-Hot and Reckless

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9188-753-9

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

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Capítulo 1

 

 

 

 

 

Amber Hollingsworth estava preocupada. Pensava nos negócios, tal como fazia com frequência nos últimos dias. Julgava muito interessante o facto de gostar tanto de dirigir a empresa da família. E o mais incrível era que se saía bem. Ainda não era tão eficiente como o seu pai, mas o contabilista da empresa tinha comentado que a Hollingsworth parecia mais saudável do que nunca.

Amber girou a chave e abriu a porta, não se apercebeu que a sua madrasta estava parada no vestíbulo à sua espera.

– Meu Deus, Beverly! – exclamou Amber, quando a viu. – Assustaste-me, não te tinha visto.

– O teu pai quer falar contigo, Amber. Agora.

– Qual é o problema?

– Não faço ideia – Beverly olhou-a com frieza, virou-se devagar e saiu.

Esforçou-se para não fazer uma careta. Em vez disso, suspirou e atravessou o espaçoso vestíbulo até a um corredor largo que levava ao lado direito da residência. O aposento tinha sido o escritório de Edward Hollingsworth, e era muito masculino e marcante, como o seu proprietário. Há um ano atrás, depois do derrame que Edward sofrera, o lugar tinha sido transformado numa suite. Em frente ao que fora uma sala de bilhar, era a sala de fisioterapia. Bateu com certa hesitação e não abriu a porta antes de ouvir a permissão forte do pai. De modo surpreendente, o derrame não tinha alterado a fluência nem a voz de Edward e, às vezes, Amber pensava se isso tinha sido uma sorte ou não. Nunca conseguiria acostumar-se à palidez daquele homem outrora forte e bronzeado, nem àquela cadeira de rodas aos pés da cama ou àquela perna magra e sem vida que Bill, o enfermeiro de Edward, massajava com vigor.

– Olá, papá. Queria ver-me? Como vai, Bill?

Era um homem grande e calvo. Tinha uma natureza tranquila, que era muito apropriada à função que exercia.

– Como está o nosso paciente hoje? – perguntou Amber.

– O seu pai parece-me um pouco amuado.

– O paciente está sem paciência, menina – Edward mexia um pouco a perna enquanto Bill continuava com a massagem. – Portanto, não tentes desviar o rumo da conversa, pois não dará resultado. Pára agora, Bill. Vai beber alguma coisa. Tenho de discutir negócios sérios com a «Empresária do Ano» aqui presente. Bill saiu em silêncio, pois estava acostumado à irascibilidade de Edward Hollingsworth, que não era do tipo que suportava a inactividade. Tratava-se de uma pessoa agitada e dinâmica. E ter de ficar parcialmente paralisado e deitado a maior parte do dia, sobretudo por ainda só ter sessenta e dois anos de idade, não combinava com o seu temperamento.

– Quero saber se leste os jornais locais desta semana, Amber. Duvido que tenhas lido ou não estarias com esse olhar de satisfação interior. Bill traz-me sempre a primeira edição, mas a esta hora todo o povo de Sunrise já terá tirado o seu exemplar da caixa do correio e estará a ler que Edward Hollingsworth é um sujeito insensível e ambicioso, e que sua filha é a sua cópia perfeita.

– O quê?!

– Olha aqui, lê tu mesma! – Ronald atirou-lhe o jornal.

Ela pegou nele, sentou-se na beira da cama enorme e leu a manchete: «VIÚVA DECLARA GUERRA AOS HOLLINGSWORTH!». E depois em letras menores: «A senhora Pearl Sinclair, da Fazenda Sinclair, Rodovia Potts, disse à Gazeta de Sunrise que os Hollingsworth a estão a pressionar para que venda a sua casa e as suas terras».

«Isto é uma desgraça!», afirmava a mulher. «É um escândalo! Não quero desfazer-me do que é meu. Sou uma viúva de guerra. Cheguei aqui recém-casada, tive um filho e uma filha nesta cidade, e todas as minhas memórias estão aqui. Este é o meu lar. Como se pode pôr preço a tudo isto? Os Hollingsworth dizem que precisam da propriedade para fazer o estacionamento do seu novo shopping center e cinema e que é o único espaço que lhes convém. Mas isso é absurdo, pois Edward Hollingsworth possui metade de tudo o que existe aqui. Ele que construa o seu shopping noutro lado. Não serei forçada a vender o que é meu. E, no que diz respeito à sua filha, digam a Amber Hollingsworth que não serei obrigada a vender as minhas propriedades. Percebo agora o que ela estava a tentar fazer quando veio até à minha casa, sentou-se na minha cozinha e tomou chá comigo, fingindo ser agradável comigo. Estava a tentar ludibriar-me com a conversa de que queria fazer o melhor por Sunrise Point. Quando é que algum Hollingsworth fez alguma coisa boa para esta cidade? Edward Hollingsworth só faz o bem para ele mesmo, e a sua filha não é melhor que o pai! Sei que me oferecerão mais agora. Mas podem oferecer-me o mundo, que a minha resposta será sempre a mesma: não! Digam isso à família Hollingsworth por mim. E, se Amber Hollingsworth vier a minha casa outra vez, tentando convencer-me com o seu lindo sorriso e suas maneiras gentis, atiçarei o meu cão contra ela. Rocky, é bom que saibam, foi impedido de participar numa competição por ser muito feroz!»

O artigo vinha acompanhado da fotografia da velha senhora, em pé na frente da varanda da casa humilde, com um olhar desafiador e acompanhada por um enorme cão cinzento.

Não conseguiu evitar o riso.

– Vai atiçar Rocky? O animal apaixonou-se por mim no dia da minha visita!

– Amber, isto não tem graça nenhuma! Tu disseste-me na segunda-feira à noite que a venda era certa. Agora, apenas quarenta e oito horas depois, temos um briga destas! Nós dois sabemos que não há outro terreno grande e suficientemente plano para o estacionamento do complexo. Não se pode construir um shopping ao lado de uma montanha ou muito longe da cidade, que o fracasso é certo. Se não conseguirmos o terreno da senhora Sinclair, o nosso projecto estará acabado.

Ela sabia que o pai estava certo. Sunrise Point não poderia expandir-se por razões logísticas. Em primeiro lugar, não se podia construir nem casas nem hotéis em qualquer lugar ao longo das praias, pois ali era considerado parque nacional. Segundo, a serra acompanhava toda a costa, portanto, não havia espaço para Sunrise se expandir, e a maioria das residências eram erguidas em declives. Suspirou.

– Olhe, pai, não sei o que é que esta senhora está a planear, mas ela não poderia ter sido mais agradável e simpática do que foi quando a visitei. Disse que a minha oferta era generosa, mas que precisava de algum tempo para pensar. Pediu-me para voltar na próxima segunda-feira, e tive a impressão de que a espera era apenas uma formalidade e que a senhora Sinclair queria efectuar a venda.

– Bem, pelos vistos aconteceu alguma coisa durante estes dias, e a velhinha mudou de ideias. Talvez tenha conversado com algum parente que a convenceu de que a oferta feita por ti não era suficientemente generosa. Podes chamar-me cínico, mas este artigo é um truque para conseguir mais dinheiro!

Amber sentiu uma dorzinha aguda no estômago.

– Você pode estar certo, pai. E acho que sei quem é o responsável por esta mudança: Ben Sinclair, o neto dela. Ben vai querer tirar-nos tudo o que puder.

– Parece que conheces esse rapaz muito bem, mas eu nem sabia que a senhora Sinclair tinha um neto.

– Oh, pai, como é que não se lembra de Ben? – perguntou Amber irritada. – Ele estudava na mesma turma que eu. Veio morar com a avó na adolescência. Ben surpreendeu todos quando tirou as melhores notas nos exames, e foi o terceiro a ser colocado no Estado. A sua fotografia saiu em todos os jornais.

– Como é esse rapaz?

– Tem cabelos e olhos pretos e uma aparência muito boa, se não dermos atenção à sua permanente expressão zangada.

– Não faço a menor ideia de quem seja. O único rapaz da tua turma de que me recordo é de Chris Johnson, com quem tu deverias ter casado em vez daquele playboy com quem te envolveste, quando fui tolo o suficiente para te dar de presente de formatura uma viagem de cruzeiro.

– Eu era jovem demais para me casar com qualquer pessoa, tinha apenas dezoito anos. Gostaria que tivesses conseguido impedir-me – riu.

– Seria como tentar impedir que chovesse numa floresta tropical. Tu és tão teimosa como eu, quando resolves fazer alguma coisa. Ninguém seria capaz de te impedir de casar com Chad. Pelo menos, tiveste o bom senso de te divorciares dele, apesar de ter demorado muito. Mas, voltando ao assunto, o que vais fazer a respeito de Sinclair? Sei que estás muito empenhada nisso, filha, mas vale a pena este escândalo? Quero ter o respeito de todos em Sunrise, pois, quando eu melhorar, pretendo concorrer ao cargo de Presidente da Câmara.

– Então, sugiro que façamos todo o possível para que este projecto dê certo. A cidade precisa disso.

– Concordo contigo, mas para construir o shopping iremos precisar da Fazenda Sinclair. Como a obteremos? Oferecendo mais dinheiro, como a viúva sugeriu?

– Acho que sim.

– E quanto é que achas que vale?

– Não tenho bem a certeza…

Na realidade, Amber não estava certa a respeito de nada naquele momento. Pearl Sinclair não lhe parecera interessada em dinheiro no dia em que a visitara, nem parecia costumar ceder a pressões, nem sequer às pressões de Ben. Pearl parecera-lhe rija como uma árvore. Se a boa senhora sentisse carinho pela quinta em que vivia era uma coisa, mas a casa estava a cair aos pedaços, e a fazenda, deteriorada, só possuía um galinheiro e um celeiro semi-destruído. O terreno tinha sido vítima de tremendas inundações, a pior dos últimos vinte e cinco anos na zona; por conseguinte, no mercado, a propriedade também não valia muito.

– Quem sabe estejamos a interpretar os factos da maneira errada e a senhora Sinclair esteja apenas com medo de enfrentar uma mudança ou de ter de procurar um outro lugar para viver. Talvez isso tudo seja aterrorizador demais para uma senhora tão idosa.

– Minha querida Amber, isso não explica o seu ódio e o seu violento ataque contra nós. O neto deve ter-lhe enchido os ouvidos com mentiras deslavadas.

Edward ficou em silêncio, e Amber tentava afastar da sua mente pensamentos e memórias que não desejava ter.

– E quanto ao filho e à filha que ela mencionou? Onde estão?

Amber encolheu os ombros.

– Não sei. Ou se afastaram dela ou morreram. Acho que Ben é o seu único parente próximo, ou o único que a visita, e não com muita frequência. A senhora Sinclair reclamou, ao tomarmos chá, que o neto nem tinha aparecido no último Natal. Ben mora em Sydney, para onde foi com uma nova namorada, o que a deixou muito contrariada.

– Espero que o rapaz apareça em breve. O que é que ele faz, sabes?

– Ben é advogado e trabalha para uma grande empresa.

– Deus do céu, é tudo o que precisamos: brigar com um advogado da cidade grande! Não há dúvida de que o homem saberá tirar proveito da situação.

– É certo que Ben vai querer mais do que isso – Hollingsworth encarou-a.

– O que é que isso quer dizer, Amber? Houve alguma coisa entre ti e esse Ben Sinclair? Conta-me a verdade, filha. Não mintas, porque não sabes mentir.

«É claro que sei, pai. Sou óptima nisso, pois vivi uma mentira nos meus seis anos de casamento com Chad. Ninguém imagina como fui infeliz e como me senti fracassada!»

– Não – Amber mentiu de novo. – Não há nada de pessoal entre Ben e eu. Quando ele vivia aqui, era muito pobre e também muito anti-social, e eu achava que Ben tinha implicância comigo só por eu ser rica.

– Quando Ben ler este artigo no jornal, implicará ainda mais.

– Talvez nem leia.

– Garanto-te que esse rapaz é o responsável por isto, e podemos esperar por Ben Sinclair em nossa casa muito em breve.

– Que agradável… – esboçou um sorriso falso.

O olhar do pai fixou-se nela.

– Não há mesmo nenhum amor mal resolvido entre vocês dois, Amber?

– Não. Nos últimos dez anos, mal trocámos duas palavras e, na época da escola, Ben foi sempre muito antipático, e deve continuar igual.

Tinha-o visto várias vezes nos últimos tempos desde que voltara para casa, na rua e na igreja, nas comemorações de Páscoa e Natal, excepto no último, quando o procurara em vão, pois ele não viera. Mas, quando se encontravam, o cumprimento dele restringia-se a um simples aceno de cabeça ou a um frio e distante: «Olá, Amber».

– Antipático ou não, filhinha, terás de negociar com Ben se quiseres construir o complexo.

– Veremos, pai – Amber tentava não deixar transparecer a ansiedade que sentia.

– Sinto que a coisa é mais séria do que parece. Toma cuidado, filha. Não quero o nosso nome envolvido em nenhum escândalo!