Editado por Harlequin Ibérica.
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28001 Madrid
© 1999 Maureen Mary Lee and Anthony Ernest Lee
© 2019 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Na noite de casamento, n.º 472 - fevereiro 2019
Título original: The Wedding-Night Affair
Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.
Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
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Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.
Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-1307-585-3
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Créditos
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Epílogo
Se gostou deste livro…
Fiona Stillman, depois de muito tempo, resolveu fazer a preparação. Quando estamos felizes costumamos esquecer certas coisas de que nos lembramos com facilidade quando a tristeza vem. E aquele era um desses momentos.
O seu coração parecia sangrar. Sabia que perderia Philip. Amavam-se, davam-se bem na cama e fora dela, estavam de casamento marcado, mas, quando olhava para os pais dele, uma nuvem negra parecia surgir e impor-se como uma parede intransponível.
Então, na tentativa de descobrir e de obter algum alívio, dirigiu-se ao aposento que tinha só para as suas práticas, sempre trancado. Usava uma longa camisa de flanela, branca, que lhe ia até aos tornozelos.
Acendeu o castiçal de três velas e um palito de incenso, e concentrou-se. Pediu com muito fervor que, no seu sono, Bamelkut viesse falar com ela, como acontecia desde que era criança.
Esse dom era visto por Fiona com extrema naturalidade. A sua família tinha raízes irlandesas, e ensinara-lhe desde tenra idade a desenvolver um sentimento de amor e respeito por tudo o que existisse sobre a face da Terra.
A sua avó manipulava os quatro elementos com mestria, e costumava cuidar da saúde, física e mental, de todos aqueles que dela se aproximavam para pedir ajuda. Tanto pessoas como animais eram tratados pelas poderosas mãos de Bridget, e o mal afastava-se deles.
Bridget soube com antecedência quando se iria dar a sua «passagem». Organizara um jantar para todos os parentes, com muita música e muitas flores. No final, dera um beijo e um grande abraço a cada um, antes de se despedir com estas palavras:
– Esta noite deitar-me-ei na minha cama pela última vez. Assim que acordarem, voltem para cá. O meu espírito terá seguido a longa viagem, por isso será preciso que providenciem o meu funeral.
Uma comoção profunda tomara conta da residência. Aquela doce velhinha, miúda, reverenciada por todos pela sua bondade, sabedoria e altivez, iria deixá-los.
– Nada disso! – ela sorriu, ao ver os semblantes carregados. – A morte deve ser abençoada da mesma forma que a vida. Uma é irmã da outra. Os nossos ciclos completam-se, e não temos de nos revoltar, mas de aceitar e agradecer tantas bênçãos. Parto feliz por ter seguido à risca a minha missão. Alguns de vocês também possuem dons maravilhosos, que devem ser usados a favor dos que necessitam.
Bridget aproximara-se de Fiona, na época com doze anos.
– Minha menina, continua com o que vens a fazer. Dá seguimento, porque, entre outras coisas, o poder que te foi concedido por merecimento vai amparar-te quando as trevas teimarem em cobrir a tua alma de tristeza. Tu jamais estarás só. Lembra-te sempre disso.
Beijou-a, acenou para os presentes e foi para o seu quarto.
Morreu com mais de cem anos de idade, em completa lucidez.
Ao recordar aquele dia, Fiona esboçou um lindo sorriso.
– Avó, que saudades! Tomara que a sua afirmação me ajude. A melancolia que sinto parece que vai matar-me.
Fiona traçou no chão o círculo mágico e deitou-se no centro dele. Deitou-se de barriga para cima, cobriu-se com um cobertor de lã branco e passou a chamar, em silêncio, pelo seu mestre.
Os seus músculos relaxaram pouco a pouco, a sua respiração tornou-se regular e profunda.
Em poucos minutos, Fiona viu-se num lugar conhecido, para onde não ia há meses. Era uma floresta cerrada, linda, com cascatas de água, muitos pássaros e animais selvagens, que vinham até ela para lhe dar as boas-vindas.
Naquele dia, porém, o sol não conseguiu espantar a densa bruma. Fiona via com muita dificuldade o que tinha pela frente.
Caminhou entre as árvores, deixando que o instinto a levasse para onde devia ir.
Depois de muito caminhar, chegou à entrada de uma caverna.
– É aqui – concluiu.
Olhou para dentro. Escuridão total.
Começava a ficar tensa, quando, de lá de dentro, uma voz se fez ouvir:
– Anda, Fiona. Estou à tua espera.
Era Bamelkut, sem dúvida.
Fiona aproximou-se devagar, para não correr o risco de tropeçar e cair.
Avistou a luz de uma fogueira e dois vultos à sua volta.
– Senta-te aqui, junto a mim, minha filha.
Fiona obedeceu e virou-se para observar quem era a outra pessoa, do outro lado das chamas.
Não pôde distinguir os traços, mas viu que era uma rapariga. Esquálida, andrajosa, com uma cabeleira comprida, ruiva e embaraçada, não levantava a cabeça para a olhar. Mantinha-se encolhida, como se temesse alguma coisa.
– Até que enfim, Fiona! Ficaste muito tempo sem vir falar comigo. Mas eu entendo, embora ache que não é nada bom para ti. Vamos, filha, diz-me tudo o que quiseres. Estou aqui para te servir.
Fiona olhou no fundo daqueles olhos negros. Quando ainda era bebé, Bamelkut já a procurava nos seus sonhos para lhe ensinar a lidar com os quatro elementos da natureza. Era amoroso, doce, dedicado. Consolava-a sempre nas fases difíceis e encorajava-a na vida prática.
«Como seria bom se toda a gente tivesse um mestre como Bamelkut…»
– Todos têm, Fiona – ele demonstrara sempre a capacidade de ler os seus pensamentos. – Mas poucos sabem ou querem encontrá-lo. Ninguém está só. Acontece que é mais fácil dar ouvidos ao nosso egoísmo.
Fiona, curiosa, indagou:
– Quem é aquela menina?
– Tu não a conheces?
– Não.
– Bem, isso agora não tem importância. Fala-me de tudo o que quiseres. Vamos ver o que podemos fazer.
E Fiona falou de si durante um tempo que não poderia determinar. Queria entender porque é que um amor tão grande como o dela e do futuro marido parecia fadado ao fracasso. Estava grávida, e o mundo deveria parecer cor-de-rosa, mas a sua intuição dizia que algo mais forte a separaria de Philip, e temia ser dominada pela depressão.
– O que eu posso fazer para conseguir evitar perdê-lo, Bamelkut? E quanto ao bebé que carrego no ventre? Tenho sentido cólicas terríveis. O que vai acontecer?
O ancião fechou os olhos. Parecia adormecido. Após alguns minutos, pronunciou-se:
– Minha querida, nem tudo na vida ocorre como gostaríamos. Algumas vezes, não temos o que queremos por algum tipo de punição; outras, para o nosso próprio bem. Existem ocasiões em que necessitamos de aprender, e a Providência, que é mãe amorosa, cuida para que a aprendizagem venha até nós. Sofremos por não compreender.
– No entanto, o que será que tenho que aprender de tão sério que seja preciso, para isso, que perca o homem que amo?
– Isso cabe-te a ti descobrir. Nada, Fiona, absolutamente nada ocorre sem motivo. Se agora não tens condições de compreender, pelo menos aceita. A serenidade é importantíssima para não nos deixar sucumbir ao desespero e ao erro.
– Isso é tão difícil…
– Mas não impossível.
Fiona tornou a olhar para a menina. A pequena parecia ainda mais encolhida.
– Aceita o que tiver de ser, Fiona. Existem situações em que é preciso que venha a tempestade para que o sol volte a brilhar, com mais intensidade que antes até.
Uma lágrima escorreu pela bela face de Fiona. Já não tinha dúvidas de que o que estava para acontecer dilaceraria o seu coração.
– Está bem, Bamelkut. Se é inevitável…
– É, sim. Porém, eu digo-te: confia no destino. Faz a tua parte, não te revoltes, e aguarda. Tu és ainda muito jovem, mas o teu espírito é velho e experiente. Saberá portar-se de forma adequada.
– Nem uma palavra de esperança? Tenho de perdê-lo, e pronto?
Bamelkut deu um dos seus sorrisos enigmáticos e ergueu uma sobrancelha.
– Nada é definitivo. Tudo está em constante movimento. Se Philip tiver de ser teu, será.
Fiona beijou as mãos do seu mestre e deixou a caverna.
Do lado de fora, uma chuva fortíssima caía, o vento fustigava o seu rosto. Tornou-se mais difícil ainda caminhar.
Exausta, Fiona encolheu-se debaixo de uma árvore e chorou toda a mágoa que trazia dentro do peito.
Então, levantou-se, fez o sinal, agradeceu aos elementos e voltou.
Fiona despertou, e depois ergueu-se da esteira, desfazendo o círculo mágico. As velas estavam quase no fim.
– Bem, ao que parece vou ter de enfrentar muito sofrimento. Não sei o que será de mim, mas não me vou deixar abater. Seja o que Deus quiser.
Dizendo isso, dirigiu-se ao seu quarto, onde a sua cama quente a esperava. Acomodou-se entre os lençóis e demorou muito tempo a adormecer, pois a lembrança da sua avó, naquele instante, era tão nítida que se tornava quase palpável.