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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 1998 Miranda Lee

© 2019 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Fogosa paixão, n.º 475 - março 2019

Título original: The Boss’s Baby

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-1307-588-4

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Capítulo 16

Capítulo 17

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Capítulo 1

 

 

 

 

 

– O que é que se passa?

Olívia ergueu o rosto e viu o patrão. Com grande dificuldade, colocou de lado os pensamentos angustiantes e forçou um sorriso sem muita expressão, muito parecido com os que costumava usar no escritório.

– Nada – respondeu, procurando ser natural. – Está tudo bem.

Desviando o olhar, Olívia tentou ocupar-se, arrumando os objectos que estavam sobre a mesa. Não iria falar dos seus problemas ao seu superior. Eles não tinham intimidade; o seu relacionamento era apenas profissional.

Quando Olívia foi contratada, há dezoito meses, Lewis Altman advertiu-a, dizendo que a esposa não ficara muito satisfeita com a antiga secretária, porque, segundo ela, não tinha uma postura adequada e vestia-se de uma forma ousada e provocante.

Olívia estava satisfeita com a sua imagem reservada e os seus modos conservadores, e era assim que agradava à mulher do patrão. Além do mais, era mesmo recatada e sempre usou um guarda-roupa muito sóbrio.

Anos antes, decidira usar trajes simples em preto, combinando sempre com o branco ou a cor creme. Desse modo, todos os acessórios necessários podiam ser neutros. Tudo era muito económico, até mesmo o seu corte de cabelo. Sendo liso e longo, bastava prendê-lo para trás ou amarrá-lo, e estava pronta para trabalhar. Olívia não costumava usar muita maquilhagem, e as jóias que a adornavam eram poucas e discretas.

Nas poucas visitas ao escritório, a esposa de Lewis Altman nunca teve nenhuma razão para ter ciúme da secretária do marido. Olívia preocupava-se em não interferir na vida pessoal do patrão.

Alto, forte e moreno, Lewis era muito vistoso e atraente, mas, para Olívia, nada disso importava, uma vez que estava apaixonada por Nicholas, o homem com quem ia casar-se brevemente.

Por ironia, Lewis e a mulher tinham-se separado há seis meses, e aquilo deixara-o triste e introvertido. Ter reparado na distracção de Olívia não era normal, e, até certo ponto, irritante.

– Não pareces nada bem – insistiu.

– Não? – as mãos de Olívia alisaram a roupa num movimento automático.

– Não me refiro à tua aparência física, mas à forma como te estás a comportar. Desde que chegaste, esta manhã, permaneces aí, sentada e a olhar fixamente para o espaço.

Espaço. Era essa a palavra que a deprimia. Nicholas, o noivo, dissera-lhe na noite anterior que precisava de mais espaço, porque se sentia sufocado. E esse foi um dos motivos para o fim da sua relação.

– Nem ligaste o teu computador – completou Lewis.

Ao consultar o relógio, Olívia percebeu que já eram quase nove e meia. Estava ali, sem fazer nada, havia mais de uma hora.

– Desculpa-me…

O suspiro de Lewis demonstrava toda a sua frustração.

– Pelo amor de Deus, Olívia! Não precisas de pedir desculpa! Não estou preocupado se estás ou não a trabalhar. Preocupo-me é contigo.

– Como? – encarou-o.

Há muito tempo que ninguém se preocupava com ela, talvez porque queria passar uma imagem de eficiência e frieza. Os pais sempre a consideraram auto-suficiente, assim como as suas duas irmãs mais novas. Em geral, era Olívia quem dava conselhos e encontrava as soluções.

Tinha toda a sua vida organizada… Pelo menos até à véspera, quando Nicholas arrumou as malas e saiu do apartamento onde moravam. Porém, antes de partir, acusou-a de ser demasiado controladora.

Culpou-a pelos dois anos de sofrimento que passaram juntos. Disse-lhe que se sentia vigiado, dominado e sem forças para reagir. Estava cansado de economizar dinheiro, de jantar sempre em casa e de fazer sexo só na cama.

Nicholas era mais jovem que Olívia, e fez questão de lho lembrar, antes de partir. Disse que precisava de se divertir antes de assumir um relacionamento mais sério.

Necessitava de mais divertimento e de mais espaço. Ainda não se sentia pronto para casar e assumir a responsabilidade de ter uma esposa e filhos. Com certeza não queria um compromisso, mas sim conduzir um Porsche e viajar sem preocupações com mulheres belas e experientes ao seu lado.

Os comentários a respeito da sua relação sexual deixaram-na desapontada. Olívia nunca imaginou que Nicholas estivesse tão descontente com o seu desempenho.

O noivo parecia compreendê-la e sempre declarou que respeitava os limites impostos na prática de alguns rituais mais ousados. Parecia até partilhar a mesma opinião, todavia…

«Não há nem um osso, uma célula sensual em todo o teu corpo, Olívia. Não sabes como fazer um homem feliz na cama.» Naquele instante, Olívia pensou que Nicholas estava louco, mas ali, naquele momento, começou a acreditar no que ouvia.

– Olívia? O que é que se passa?

Com muito esforço, conteve as lágrimas.

– É o Nicholas?

Tudo o que Olívia conseguiu fazer foi assentir com um gesto.

– Ele está doente?

Ela fez que não.

– Não me digas que se zangaram!

Olívia estremeceu diante do tom de voz de Lewis. Este parecia incrédulo. Vinte e quatro horas antes também não acreditaria que isso pudesse acontecer.

Tinha a certeza de que ela e Nicholas eram feitos um para o outro, que se amavam e desejavam as mesmas coisas. Iriam casar no ano seguinte. Comprariam uma casa e teriam um filho antes que ela completasse trinta anos.

E ali estava. Vendo apenas solidão à sua frente e um futuro sem os sonhos realizados.

Demorou muito tempo para encontrar Nicholas, e agora estava com vinte e sete anos. O que seria da sua vida?

– Por favor, Lewis… Não quero falar sobre o assunto.

Olívia ligou o computador e começou a mexer no teclado.

– Não te preocupes muito. Espera um ou dois dias, e Nicholas voltará à razão.

Olívia encheu-se de esperança.

– Achas?

– Nenhum homem em perfeita consciência deixaria uma mulher como tu.

 

 

Nicholas voltou mesmo. Mas, não rastejava, nem pediu para ficar. Regressara apenas para levar algumas coisas que tinha esquecido na casa de banho.

Ao dirigir-se para a saída, e sem demonstrar nenhum tipo de sentimento, disse com algum sarcasmo que podia ficar com toda a mobília.

Da janela, observou-o a dirigir-se a um Porsche novo, no qual devia ter gasto todas as suas economias. Era o dinheiro que se destinava à compra do imóvel que ambos desejaram.

Olívia ficou imobilizada e a chorar, encostada numa poltrona.

 

 

A sua depressão parecia aumentar com a proximidade do Natal. As pessoas deveriam sentir-se felizes nessa ocasião.

No serviço, Olívia parecia agir por instinto, mas quando chegava a casa, nem comer conseguia. À hora do almoço, andava pelo Centro Comercial Parramatta tentando evitar qualquer contacto com pessoas conhecidas.

Dizia a Lewis que tinha de fazer compras de Natal, mas, na verdade, desejava apenas ficar longe dos olhares gentis e curiosos do patrão.

Distraída por causa do seu estado emocional, Olívia só percebeu que não comprara nada para o chefe no último dia de trabalho do ano. Não providenciara nem mesmo uma lembrança.

Um forte sentimento de culpa dominou-a ao receber um belo cartão dourado de Lewis, sem mencionar a caixa de chocolates, que colocou na gaveta.

Tinha de sair e comprar-lhe algo. Aproveitaria a festa de confraternização para ir às compras. Ninguém sentiria a sua falta. Afinal, todos os funcionários da Indústria Altman estariam ocupados em celebrar a chegada das cinco semanas de folga.

A recepção seria no jardim, e todos poderiam dançar e divertir-se na própria fábrica. A comida era muita e boa, e o champanhe de primeira.

A comemoração custaria uma fortuna a Lewis. Olívia, sendo a sua secretária, sabia dos custos.

No entanto, o evento já era uma tradição, e ele tinha como financiá-lo. A Altman era uma empresa relativamente pequena, mas os lucros cresciam todos os anos, e o rendimiento aumentou ainda mais após entrar no mercado internacional, três anos antes.

Lewis tinha trinta e quatro anos e era filho único. O seu pai morrera quando era ainda menino. Foi educado pela mãe, que tinha três empregos para que não faltasse nada ao filho. Uma das razões da ambição de Lewis era o desejo de recompensar a mãe por todos os sacrifícios. Queria dar-lhe tudo o que não tivera.

Olívia nunca vira a senhora Altman, mas falava com ela pelo telefone. Percebeu, nalgumas das suas conversas, que a mãe de Lewis nunca aprovou o seu casamento.

A união de Lewis com Dinah durou dois anos. Olívia, agora, podia compreender o que Lewis sofreu quando Dinah o deixou.

A ideia de participar na confraternização não lhe agradava. Como poderia divertir-se?

O toque do telefone trouxe-a de volta à realidade por um momento.

– Escritório do senhor Altman. Fala Olívia Johnson, a sua secretária. Em que posso ajudá-lo?

– Gostaria de falar com o meu filho, caso ele não esteja muito ocupado. Lembrei-me de que hoje é o dia da festa.

– Ele ainda está no laboratório, senhora Altman. Vou passar a chamada.

– Antes disso, quero desejar-lhe um feliz Natal e agradecer toda a sua gentileza para comigo.

– Muito obrigada, senhora Altman. E um feliz Natal para a senhora também.

– O que vai fazer durante as férias?

– Irei até à casa dos meus pais.

– E onde é que moram?

– Perto de Morisset.

– Fica na costa central, não é?

– É isso, entre Gosford e Newcastle. São duas horas de comboio, mas, como eu o apanho em Hornsby, demora um pouco menos.

– Sim, sim… Bem, o que acha de combinarmos um almoço para um dia qualquer do ano que vem? Adoraria conhecê-la e ver se é o que imagino. Perguntei ao Lewis, e tudo o que ele me disse foi que era morena, e que tinha um olhar muito inteligente. Quando perguntei sobre a sua aparência física, ele ficou perplexo por um tempo e disse apenas que era de altura mediana.

Olívia ficou surpresa por Lewis não a conseguir descrever, mas não o poderia culpar. Os conjuntos pretos usados no escritório não eram desenhados para chamar a atenção ou marcar a silhueta.

– O meu filho está muito satisfeito consigo, querida.

Olívia não sabia dizer se gostara ou não do que ouvira.

– O Lewis ficou muito preocupado com o fim da sua relação com o seu namorado. Disse-me que estava muito abalada.

– Sim, é verdade…

Olívia não queria falar da sua vida com a senhora Altman.

– Não deixe que o orgulho a prejudique, Olívia. Ligue para o rapaz e diga-lhe que lamenta. Peça desculpas mesmo se for ele o culpado pela discussão. Afinal, depois de tudo resolvido, isso não terá a menor importância.

Olívia ergueu as sobrancelhas, indignada. Nunca passaria por aquela humilhação.

Ainda assim, a senhora Altman tinha alguma razão. O orgulho muitas vezes é um forte empecilho para uma reconciliação. Decidiu que havia uma grande diferença entre ser humilhada e telefonar a Nicholas. Ele devia estar no serviço, e em poucos minutos estariam a conversar.

O coração de Olívia disparou diante da possibilidade.

Assim que passou a chamada para Lewis, telefonou-lhe. Passados alguns instantes, alguém atendeu.

– Nickie.

Olívia foi apanhada desprevenida.

– Irene? – indagou, insegura.

Irene era uma colega de Nicholas que, por vezes, atendia o telefone quando ele não estava presente.

– A Irene não trabalha aqui há algum tempo – respondeu a voz feminina. – O meu nome é Ivete, e estou a substituí-la.

A substituta de Irene tratava Nicholas por Nickie?!

– Posso falar com o Nicholas, por favor?

Após um período de silêncio do outro lado da linha e um suspiro melodramático, Ivete perguntou:

– Por acaso estou a falar com a Olívia?

– Chame o Nicholas, por favor.

– Ele não está, e, além do mais, está a perder o seu tempo. O Nickie não a quer ver nem quer falar consigo. Sou tudo o que ele precisa.

Olívia respirou fundo. Com grande esforço conseguiu manter o controlo.

– E desde quando é assim?

– Há mais tempo do que imagina, querida – provocou Ivete. – Não sabe o que um homem como o Nicholas precisa. O que o Nickie quer é paixão, espontaneidade e muito divertimento.

– Estamos a falar de sexo, é?

– Sim.

– E acha que ele não fazia sexo comigo? – ripostou, procurando atingir, da mesma forma, a mulher sem coração que lhe roubara o noivo.

– Claro que sim, mas não da forma como ele queria, anjinho. Agora tenho de desligar. Estamos no meio de uma festa. Um muito bom dia e tenha um óptimo Ano Novo!

Olívia ficou imóvel, com o aparelho junto à face.

De repente, foi tomada por uma imensa raiva. Bateu com o telefone no descanso e levantou-se, sentindo o sangue a correr rapidamente pelas veias.

Decidiu divertir-se e esquecer Nicholas e Ivete. Era tudo o que tinha de fazer.

Tirou o laço que prendia os cabelos. Abriu os dois botões da blusa e caminhou, determinada, em direcção à música.