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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

© 2013 Harlequin Books S.A.

© 2015 Harlequin Ibérica, S.A.

Diplomacia de alcova, n.º 38 - Fevereiro 2015

Título original: Bedroom Diplomacy

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas

registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas

filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

I.S.B.N.: 978-84-687-6443-6

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Capítulo Treze

Capítulo Catorze

Capítulo Quinze

Capítulo Dezasseis

Capítulo Dezassete

Capítulo Dezoito

Volta

Capítulo Um

 

Rowena Tate tentou agarrar-se à pouca paciência que lhe restava enquanto a secretária do pai, Margaret Wellington, lhe dizia:

– Ele pediu-me para te informar de que vem a caminho.

– E…? – perguntou ela, sabendo que havia mais qualquer coisa.

– Só isso – respondeu Margaret.

– Consegues mentir ainda pior do que eu.

Margaret suspirou e, a seguir, acrescentou com um ar compreensivo:

– Pediu para te comportares da melhor forma possível.

Rowena respirou fundo para se acalmar.

Naquela mesma manhã, o pai tinha-a informado por correio eletrónico de que iria levar um convidado para conhecer a creche. E tinha exigido, não pedido, porque o grande senador Tate nunca pedia nada, que tinha de estar tudo em ordem. Tinha sugerido, e não era a primeira vez desde que Rowena ficara à frente do projeto favorito do pai, que continuava impulsiva, irresponsável e incapaz. Rótulos que, segundo constava, o pai nunca lhe iria deixar de atribuir.

Espreitou pela janela para ver as crianças a brincar no parque. Passados cinco dias sem parar de chover, o sol, finalmente, tinha começado a brilhar e estava um tempo agradável, coisa normal para o mês de fevereiro no sul da Califórnia.

Mesmo quando estava mal-humorada, ver as crianças a brincar fazia-a sempre sorrir. Nunca tinha mostrado interesse por elas até ao nascimento do filho, Dylan. E naquele momento, não conseguia imaginar um trabalho que a fizesse sentir-se ainda mais realizada.

– Nunca vai confiar em mim, pois não?

– Colocou-te à frente do centro.

– Sim, mas já passaram três meses e continua a controlar tudo aquilo que faço. Às vezes, parece que está à espera que faça alguma asneira para poder dizer que bem me avisou.

– Isso não é verdade. O teu pai ama-te, Row. Simplesmente não sabe como demonstrá-lo.

Passados quinze anos a trabalhar como secretária do pai, Margaret era praticamente da família, e uma das poucas pessoas que compreendia a complicada relação que existia entre Rowena e o senador.

Margaret tinha estado presente desde que a mãe, Amelia, tinha provocado um impressionante escândalo ao trocar o marido pelo protegido dele.

E as pessoas questionavam-se porque é que Rowena estaria tão preocupada.

«Estava», recordou a si própria.

– Quem é desta vez? – perguntou a Margaret.

– Um diplomata britânico. Não sei muito sobre ele, só que quer que o teu pai assine um tratado tecnológico com o Reino Unido. E julgo que tem um título qualquer nobiliárquico.

Certamente que o senador adorava aquilo.

– Obrigada pela informação.

– Boa sorte, querida.

A campainha anunciou a chegada do pai. Rowena suspirou e levantou se da cadeira. Tirou a bata manchada de tinta que tinha vestido para a aula de pintura daquela manhã e guardou-a no armário. A seguir, atravessou a sala e o parque para abrir a porta, que estava sempre fechada à chave. Não só para as crianças não saírem, mas também para não entrar nenhum estranho.

O pai estava do outro lado, vestido para ir jogar golfe e com aquele sorriso de político espelhado no rosto. Rowena reparou no homem que estava com ele.

Muito bem.

Quando Margaret lhe tinha falado de um diplomata inglês, tinha imaginado um senhor careca e arrogante.

Aquele homem era mais ou menos da sua idade, louro e estava penteado com estilo. Tinha os olhos azuis, tão azuis que parecia que usava lentes de contacto, e estavam protegidos por umas pestanas tão grossas e escuras que conseguiam causar inveja a qualquer mulher.

Até poderia mesmo ter algum título nobiliárquico, mas tinha barba de três dias e uma cicatriz na sobrancelha esquerda, o que lhe dava um ar atrevido. Era um pouco mais alto do que o senador e magro, embora de porte atlético.

A rebelde que havia em Rowena decidiu que tinha de ser seu, mas a Rowena sensata, madura e adulta percebeu que os homens atraentes daquela forma acabavam sempre por desencadear problemas. E, ao mesmo tempo, muita diversão. Até conseguirem aquilo que queriam e partirem para outro lugar onde o sol fosse mais brilhante. Aquilo fora precisamente o que tinha acontecido com o pai do seu filho.

Rowena marcou o código de segurança e abriu a porta para que eles entrassem.

– Querida, quero apresentar-te Colin Middlebury – disse o pai, que só a tratava por «querida» quando queria passar uma imagem de homem de família. – Colin, esta é a minha filha, Rowena.

O homem pousou aqueles olhos incríveis sobre ela e esboçou um sorriso algo atrevido. Ela, no entanto, sentiu o coração a bater descompassadamente.

– Menina Tate – cumprimentou num tom suave. – É um prazer conhecê-la.

«O prazer é meu», pensou Rowena. Olhou para o pai e percebeu que a estava a avisar com o olhar para se portar bem.

– Bem-vindo a Los Angeles, senhor Middlebury.

– Por favor, trata-me por Colin – disse ele com um sorriso e arqueando ligeiramente uma sobrancelha.

Ela apertou-lhe a mão e sentiu um formigueiro de prazer.

Tinha passado muito tempo desde a última vez que um homem a fazia sentir-se daquela forma.

– O Colin vai ficar aqui, na mansão, enquanto acertamos os pormenores do tratado que vou assinar – disse o pai. – Cerca de duas a três semanas.

Aquela costumava ser a parte mais chata de ser a filha de um político, ter de fazer o papel de anfitriã perfeita, mas com um convidado como Colin Middlebury…

Até poderia ser um idiota, mas pelo menos era bonito.

O pai olhou para o parque.

– Onde é que está o meu neto?

– Lá em cima, com o terapeuta da fala – respondeu ela.

No rés do chão ficava a creche e no primeiro andar havia todo o tipo de equipamentos dedicado à fisioterapia, terapia da fala e terapia ocupacional. Por isso, o seu filho Dylan recebia os cuidados necessários e ela podia ficar à frente da creche sem interrupções. A ideia tinha partido do pai, evidentemente. Queria apenas o melhor para o neto.

– A que horas é que acaba? Gostava que o Colin o conhecesse.

Ela olhou para o relógio.

– Dentro de meia hora. E não pode ser interrompido.

– Fica para outra altura – disse Colin, que a seguir perguntou a Rowena: – Vens jantar esta noite ao Estevez?

Rowena teria aceitado, mas ao ver a cara do pai respondeu:

– Fica para outra altura.

– Colin – disse o pai, – anda, vou mostrar-te a parte de dentro.

– Magnífico – respondeu ele.

– Comecei este projeto há dois anos – contou o senador com um orgulho notável.

Não disse, nunca o fazia, que a ideia tinha sido de Rowena.

– Eh, Row.

Rowena olhou para o outro lado do parque e viu Patricia Adams, subdiretora do centro, além de sua melhor amiga, que se abanava toda e vinha com um ar emocionado.

Passado algum tempo, o pai e Colin saíram novamente do edifício e, a avaliar pela cara do pai, algo o tinha deixado aborrecido.

– Alguém deixou tinta na ponta de uma mesa e o Colin sujou as calças – explicou.

Colin, por sua vez, parecia muito calmo apesar da mancha de tinta cor-de-rosa que tinha na perna esquerda.

– Não faz mal, a sério.

– Sai com água – disse Rowena. – Tenho a certeza de que a Betty, a nossa governanta, poderá tratar disso. No entanto, se não conseguir tirar a mancha, eu própria comprarei outro par para substituir esse.

– Não é preciso – respondeu Colin.

– É melhor deixarmos-te regressar ao trabalho – acrescentou o pai, voltando a sorrir de forma contrariada. – Colin, importas-te que fale um pouco a sós com a minha filha?

«Pronto», pensou ela.

– Evidentemente que não. Posso ir andando para casa.

Rowena acompanhou o pai para o interior do edifício e, depois de entrarem, ele virou-se para ela e disse:

– Rowena, a única coisa que te peço quando trago um convidado ao centro é que tudo esteja limpo e apresentável. O que é que te custava ter limpado a tinta? O Colin pertence à realeza, é conde, e herói de guerra. Porque é que foste tão rude com ele?

Rowena pensou que se fosse um herói de guerra, de certeza que deveria ter passado por coisas muito piores do que uma simples mancha de tinta nas calças, mas não o disse.

Como tantas outras vezes, colocou o orgulho de parte e respondeu:

– Desculpa, deve ter ficado esquecida quando fizemos a limpeza. Vou ter mais atenção da próxima vez.

– Se é que há uma próxima vez. Se não consegues ser responsável pela limpeza do centro, como é que vais conseguir tratar das crianças?

– Desculpa – repetiu ela.

– Depois de tudo o que já fiz pelo Dylan e por ti… – disse o pai abanando a cabeça.

A seguir, saiu a reclamar.

Ela encostou-se à parede, aborrecida e frustrada e, sim, também magoada, mas não derrotada.

– Eh, Row – disse Tricia da porta. – Está tudo bem?

Ela respirou fundo, endireitou-se e esboçou um sorriso forçado.

– Não faz mal.

– Ouvi aquilo que o teu pai disse acerca da tinta. A culpa foi minha. Pedi à April para limpar as mesas e esqueci-me de verificar se estavam todas bem limpas. Sei da exigência que se impõe quando temos visitas. Deveria ter sido mais cuidadosa. Desculpa.

– Tricia, se não tivesse sido a pintura, teria sido outra coisa qualquer. Tem de arranjar sempre alguma coisa.

– Ele não te deveria tratar dessa forma.

– Fi-lo passar por muita coisa.

– Estás diferente, Row. Conseguiste refazer a tua vida.

– Mas não o teria conseguido sem a ajuda dele. Fez muita coisa pelo Dylan e por mim.

– Isso é o que ele quer que penses, mas não significa que te possa tratar como se fosses criada dele. Terias conseguido resolver as coisas sozinha.

Rowena queria acreditar naquilo, só que, da última vez que tinha ficado sozinha, tinha arruinado completamente a vida.

– Sabes que a minha proposta continua de pé. Se quiseres vir com o Dylan passar um tempo lá a casa…

Se fosse, não teria dinheiro suficiente para pagar os tratamentos de Dylan e o pai teria um motivo para lhe tirar o menino. Era uma ameaça que tinha feito desde que Dylan nascera e sabia que era capaz de levá-la avante.

– Não posso, Tricia, mas obrigada na mesma.

Aquela falta de responsabilidade tinha-a colocado no sarilho em que estava e tinha de sair dele sem ajuda.

 

 

Colin nunca tinha gostado de dar ouvidos a rumores. Nas famílias reais, os rumores espalhavam-se como pragas. Por isso, quando tinha ouvido falar da filha do senador de forma pouco justa e sem qualquer respeito, tinha preferido esperar para conhecê-la. Era possível que lhe tivesse escapado algo, mas tinha-lhe agradado.

Aquela era a sua primeira missão enquanto diplomata e estava num lugar em que não tinha pretendido estar, nem naquele momento da vida, nem nunca, mas estava a tentar tirar o maior partido de uma situação infeliz.

Tinham-no avisado de que quando se lidava com políticos americanos, em particular com uma pessoa tão poderosa e influente como o senador Tate, era preciso ter as costas quentes. A família real contava com ele para levar avante o tratado tecnológico, que era fundamental, tanto para o Reino Unido como para os Estados Unidos.

Em ambos os países tinham ocorrido casos graves de pirataria informática e telefónica e o tratado tecnológico iria proporcionar às autoridades internacionais as ferramentas necessárias para julgar de forma justa os culpados.

Graças à pirataria informática, a imprensa tinha descoberto que o presidente Morrow tinha uma filha ilegítima, e tinha-o feito durante a festa de comemoração do seu próprio mandato e diante da sua família, amigos e pessoas famosas. Pior ainda, a sua presumível filha, Ariella Winthrop, estava apenas a uns metros dele aquando da divulgação da notícia e ela também tinha sido completamente apanhada desprevenida.

Os Estados Unidos queriam, finalmente, negociar. Dependia de Colin fazer com que tudo corresse bem.

Tinha percorrido metade do caminho que conduzia à mansão quando o senador Tate o conseguiu alcançar.

– Peço imensas desculpas – insistiu ele.

– Não faz mal, a sério.

– Não é segredo nenhum que a Rowena teve problemas no passado – disse o senador, – mas lutou imenso para conseguir ultrapassá-los.

Apesar disso, a Colin parecia que o senador exercia demasiado controlo sobre ela. Era um disparate aborrecer-se por causa de uma mancha de tinta.

– Todos nós já fizemos coisas das quais não nos orgulhamos – respondeu.

O senador permaneceu em silêncio durante algum tempo e, a seguir, com um ar preocupado, acrescentou:

– Posso ser sincero contigo, Colin?

– Claro que sim.

– Já percebi que tens fama de conquistador.

– A sério?

– Não tenciono utilizar isso contra ti – acrescentou o senador. – A tua vida não é da minha conta.

Colin não podia negar que tinha saído com algumas mulheres, mas não era nenhum canalha. Nunca saía com nenhuma sem antes de deixar bem claro que não iria haver promessas.

– Senhor, acho que as pessoas exageram.

– És jovem, estás na flor da idade, por isso é que te compreendo.

Colin percebeu que o senador ainda não tinha acabado de falar.

– Noutras circunstâncias, nem tão pouco teria falado no assunto, mas vou acolher-te na minha casa durante alguns dias e quero deixar claro que espero que cumpras algumas regras.

Regras?

– A minha filha consegue ser muito… impulsiva. No passado, foi vítima de homens sem escrúpulos que achavam que podiam usá-la para chegar até mim. Ou, simplesmente, que a poderiam usar.

– Senhor, garanto que…

O senador ergueu uma mão para mandá-lo calar.

– Não é nenhuma acusação.

A Colin parecia-lhe que sim.

– Posto isto, tenho de exigir que enquanto estiveres na minha casa, consideres a minha filha como um fruto proibido.

Não poderia ter sido mais direto.

– Posso confiar em ti, filho?

– Claro que sim – respondeu Colin, que não sabia se se haveria de sentir menosprezado ou divertido, ou se deveria obedecer ao senador. – Estou aqui para trabalhar no tratado.

– Ainda bem. Vamos começar a trabalhar.