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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2000 Miranda Lee

© 2019 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Casamento em perigo, n.º 526 - junho 2019

Título original: Marriage in Peril

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-1328-094-3

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Prólogo

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Epílogo

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Prólogo

 

 

 

 

 

Brooke esperou, tensa, a reacção da mãe. Sabia que não ia ser muito boa. A mãe nunca aprovara as suas decisões.

Brooke não se considerava uma provocadora. Poucas vezes, durante os seus vinte e um anos de vida, contrariara a vontade da mãe, e, na maioria das vezes, tinham sido pequenos delitos, como ler com uma lanterna debaixo dos cobertores ou pôr batom assim que virava a esquina, no caminho para a escola.

A sua única decisão deveras desafiadora foi tornar-se receptionista num grande hotel de Sidney, em vez de tirar o curso de direito, e mudar-se para um pequeno apartamento em Bond, para viver sozinha.

Mas, nenhuma dessas decisões tinha sido tão importante como a de planear o casamento, que ia acontecer na manhã seguinte, sem lhe dizer uma única palavra.

A tensão crescia enquanto Brooke esperava que a mãe dissesse alguma coisa. Mas Phyllis Freeman limitou-se a ficar sentada à mesa do jardim, fumando em silêncio.

A tortura do silêncio não era adoptada, com frequência, pela mãe. Ela era uma mulher perspicaz e muito inteligente, com uma mente aguda e uma língua ferina, que usava para destilar argumentos extremamente lógicos quando bem o entendia. Phyllis tinha ideias definidas sobre tudo, mas particularmente sobre o papel e os direitos da mulher moderna.

Advogada, que se especializara em casos de discriminação, ela era uma especialista quando se tratava de defender a causa feminista. Aos quarenta e dois anos, depois de dois divórcios, tornara-se uma mãe intransigente e uma mulher que odiava o sexo oposto.

Brooke não sabia por que é que ainda a amava. A mãe era uma pessoa muito difícil. Deixara dois bons maridos e passara a ocupar-se da vida sentimental da filha.

Nenhum dos seus namorados conseguira agradar-lhe. Havia sempre alguma coisa que não estava bem.

Era por isso que Brooke evitava apresentar Leo à mãe. Não queria correr o risco de estragar aquele que sabia ser o amor da sua vida.

Mas as coisas tinham avançado de uma forma irreversível, chegando a um ponto em que era impossível continuar a esconder os acontecimentos de Phyllis. O casamento com Leo estava prestes a tornar-se um facto consumado.

Brooke tinha considerado a ideia de só lhe contar depois de tudo estar feito, mas chegou à conclusão que seria muito cruel. Naquele instante, porém, começava a achar que talvez esse tivesse sido o melhor a fazer.

O seu estômago contorceu-se quando viu a mãe apagar o cigarro e levantar a cabeça para olhá-la com os seus frios olhos azuis.

– O casamento foi ideia tua? – perguntou. – Ou dele?

– Foi dele – anunciou. Estavam ao luar quando Leo lhe fez a proposta, depois de saber que ela estava grávida. Naquele momento descobrira que ele a amava e que não queria apenas divertir-se com ela.

A sua mãe sempre lhe dissera que as acções valiam mais do que as palavras. Para Brooke, o casamento envolvia amor e compromisso. Leo não a queria apenas fisicamente, ao contrário dos seus outros namorados.

Brooke sabia que a mãe tinha passado pelo mesmo na sua juventude. Os homens que marcaram a sua vida tinham ficado cegos pela sua beleza e tinham sido incapazes de amar a mulher que estava por trás de toda aquela perfeição física. Quando jovem, a mãe fora uma mulher deslumbrante, com os seus longos cabelos loiros, a sua pele perfeita, os seus grandes olhos azuis, os seus lábios carnudos e um corpo que parecia ter sido concebido para o pecado. Diziam, com frequência, que Brooke era muito parecida com a mãe.

De qualquer forma, os anos tinham sido severos com Phyllis Freeman. O vício do tabaco envelhecera-lhe a pele e a amargura provocara-lhe rugas à volta dos olhos e da boca. Os cabelos, outrora longos, eram agora curtos e as raízes grisalhas. Feminista convicta, a mãe nunca ia ao cabeleireiro, nem usava maquilhagem. Também estava muito magra, talvez por viver basicamente de cigarros e café. A saúde da mãe deixava Brooke bastante preocupada.

– Eu acho que tu, sendo tão romântica, nem sequer consideraste a possibilidade de fazer um aborto – murmurou Phyllis.

Naquele momento Brooke odiou-a.

– Não, nunca pensei nisso, nem por um instante – afirmou, indignada. – Eu amo Leo. Com todo o meu coração.

– Quanto a isso, não tenho qualquer dúvida – respondeu Phyllis, com cinismo. – Se assim não fosse, por que é que dormirias com ele sem usar protecção? Só não percebo como é que ele não pensou nisso.

Brooke nunca iria admitir que ficara tão atraída por Leo, ao ponto de se deixar levar pelo impulso. Não quisera interromper o homem que amava, naquela primeira noite, para falar de métodos contraceptivos. Mas, quando o período não apareceu, ela não entrou em pânico. Entretanto, os dias passaram numa tensão crescente, até que, finalmente, um teste de gravidez confirmou que Brooke estava grávida. Nunca pensou em usar qualquer tipo de subterfúgios, para forçar Leo a casar com ela. Ao receber a notícia, confortara-a e acariciara-a enquanto ela chorava e lhe confessava que não sabia o que fazer.

– Não te preocupes, mi micetta – murmurou suavemente, abraçando-a. Chamava-a sempre daquela maneira. A palavra significava «gatinha». Leo dizia que ela parecia uma gata depois de fazer amor, aninhando-se no seu peito como uma pequena felina. – Vamos casar assim que for possível. Mas não será uma grande cerimónia. E, pelo menos por enquanto, não vamos poder ter uma lua-de-mel. De momento, não tenho tempo para isso.

Mais tarde, sentira-se culpada por tê-lo decepcionado, mas nunca quando estava nos seus braços, nunca quando ele a chamava de micetta.

Neste momento, também se sentia culpada. Não por causa de Leo, mas pela mãe. Phyllis devia estar magoada por ser a última a saber de tudo.

No entanto, Brooke recusava-se a pedir desculpas. Não podia amolecer. Sabia que, se o fizesse, a mãe atacá-la-ia sem perder tempo.

– E o que é que o teu futuro marido faz para viver? – perguntou a mãe.

– Ele é empresário. A empresa da família dele comercializa produtos italianos no mundo inteiro. Leo está prestes a abrir um escritório e um armazém aqui em Sidney.

– Ora, ora… – murmurou Phyllis. – Onde é que encontraste esse… Leo? Ele não parece ser o teu tipo de namorado.

– Leo estava a viver numa suíte do Majestic, até comprar uma casa – respondeu Brooke, observando o efeito que essa informação provocaria na mãe.

O Majestic era um dos hotéis mais caros de Sidney, com vista para a baía e para a Opera House, e que hospedava as celebridades das artes e da política internacional. Brooke trabalhava lá há seis meses quando, em Fevereiro, numa noite quente de Verão, levantou os olhos do monitor do computador e viu, pela primeira vez, o lindo rosto de Leo.

– Qual é o nome completo dele? – perguntou Phyllis. – Quero saber quem é esse homem maravilhoso e tão bem-sucedido chamado Leo que engravidou a minha filha, mas que não teve coragem de vir até aqui para me encarar.

– Ele queria vir – protestou Brooke. – Mas eu insisti em vir sozinha.

– É verdade?

– Sim, é verdade. O nome dele é Leonardo Giuseppe Panini – declarou, com orgulho. Ela sabia que aquele era o nome de uma família muito tradicional. Leo tinha-lhe contado que vários dos seus antepassados eram pessoas célebres em Itália. Um deles, do qual Leo descendia em linha directa, fora um importante poeta do século dezoito.

– Ele é italiano? – perguntou Phyllis, horrorizada.

Brooke ficou surpresa com a reacção da mãe.

– É, sim. Nasceu em Milão, mas fala inglês correctamente – acrescentou. – Viajou muito com os pais, quando era criança. Estudou em Harvard, depois trabalhou durante alguns anos em Nova Iorque, Londres e Paris. E agora está aqui, em Sidney. Quase não tem sotaque.

– O sotaque dele não é o problema – respondeu a mãe. – Com ou sem sotaque, ele é um italiano.

– E qual é o problema?

– Agora percebo por que é que ele vai casar contigo – murmurou Phyllis. – Um australiano teria fugido da obrigação. Os italianos são muito cuidadosos com esse tipo de coisa, quero dizer, com os filhos. Mas espero que saibas como é que eles costumam tratar as mulheres, a partir do momento em que lhes colocam uma aliança no dedo. Tratam-nas como cidadãs de segunda classe. As esposas italianas são tratadas como escravas e parideiras de filhos.

– Leo não é assim! – defendeu-o Brooke, furiosa. Era muita petulância da mãe criticar o namorado sem o conhecer. – E estás enganada em relação os italianos. A tua opinião é ignorante e muito ofensiva!

Ela sabia disso porque a sua melhor amiga era italiana e o seu pai era um homem maravilhoso. Brooke adorava passar as tardes na casa de Antónia. O ambiente era muito melhor do que na sua própria casa. Não havia tensão ou discussões, apenas conforto, amizade e amor.

– Não sejas ridícula – disse Phyllis. – Os homens são todos iguais, basta que lhes dês oportunidade para isso. Mas o chauvinismo é uma doutrina entre os italianos. Eles acham-se uns deuses no seu círculo familiar e exigem ser tratados como tal. As italianas aprenderam a suportar isso, cresceram com valores e expectativas diferentes das nossas. Mas tu não és italiana. És australiana e, também, és minha filha. Somos mais parecidas do que pensas, quer queiras quer não. Ele vai fazer-te a vida negra. Ouve o que eu te digo!

– Estás enganada! – contestou Brooke, indignada. – Leo não me vai fazer sofrer, nem eu a ele. Eu não sou como tu. E para mim, Leo é um deus. Nada é bom o suficiente para ele. Ele nunca me vai deixar, como o pai fez contigo por causas das tuas discussões e críticas constantes. Vou dar ao meu marido tudo o que ele quiser. Vou estar ao seu lado sempre que ele precisar.

– Vais ser a companheira de quarto dele, queres tu dizer.

– Não é verdade. Vou ser a sua esposa!

– É a mesma coisa, aos olhos de alguns homens.

Brooke abanou a cabeça, assaltada por um misto de desespero e de frustração.

– Não sabes como fazer um homem feliz.

– É verdade, não sei. És uma mulher inteligente, mas, também, muito teimosa. Se acreditas que é suficiente entregares-te totalmente a um homem para conquistar a felicidade, então vais ter uma surpresa, mais cedo ou mais tarde.

Brooke não respondeu, limitou-se a apertar os dentes e a contar até dez.

– Vais ao meu casamento ou não? – perguntou por fim.

– Isso faz alguma diferença?

Um pesado suspiro escapou dos lábios de Brooke.

– Claro que faz diferença. Eu quero-te ao meu lado. És a minha mãe.

– Se é assim, estarei lá. Como também estarei ao teu lado quando a lua-de-mel acabar. E esse dia vai chegar. Podes acreditar em mim.

– Leo e eu nunca nos vamos divorciar, nunca!

– Dizes isso agora – murmurou Phyllis, acendendo outro cigarro. – Veremos daqui a cinco anos.

– A resposta será a mesma.

– Espero sinceramente que sim – Phyllis travou o cigarro, deixando o fumo escapar lentamente. – Quando é que vou conhecer esse italiano? – os seus lábios curvaram-se num sorriso maroto. – Presumo que seja bonito. Nunca te vi namorar com um homem feio.

– Ele é muito bonito.

– Vai buscá-lo. Estou a ficar curiosa.

Brooke sorria quando levou Leo à presença da mãe, abraçando-o de uma forma possessiva e protectora. Sorria por saber que o seu futuro marido não era apenas bonito. Ele era magnífico, em todos os sentidos.

Era um homem de trinta e dois anos, maduro e sofisticado, alto, com um corpo perfeito e um rosto que provocaria a inveja de muitas estrelas do cinema. Leo combinava o melhor de todas as características latinas, os olhos negros e brilhantes, o nariz clássico e os lábios sensuais. Os cabelos eram tão negros como os olhos, talvez até mais, e o seu corte era discreto. Brooke considerava-o o homem mais lindo do mundo.

Mas era o seu comportamento que mais a impressionava, a perfeição no vestir, os movimentos firmes, mas graciosos.

O sorriso de Brooke acentuou-se quando ela viu a expressão da mãe, que estava completamente surpresa.

– Este é Leo, mãe – apresentou-o, estreitando ainda mais o abraço possessivo.

Pela primeira vez na vida, Phyllis Freeman, ficou sem palavras.