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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 1999 Maureen Mary Lee And Anthony Ernest Lee

© 2019 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

O outro, n.º 532 - junho 2019

Título original: The Virgin Bride

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-1328-200-8

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

 

 

 

 

«Um dia maravilhoso», pensou Jason quando saiu à rua. A Primavera tinha chegado por fim. E com ela o Sol. Estava uma temperatura ideal. A cidade nunca tivera melhor aspecto, uma cidade situada nas colinas que, naquela estação, estavam cheias de vegetação. O céu estava limpo. Os pássaros cantavam em uníssono nas árvores próximas.

Era impossível sentir-se infeliz num dia como aquele, decidiu Jason enquanto caminhava pelo passeio.

Contudo…

«Não se pode ter tudo na vida, filho» – dizia-lhe a sua mãe.

Que razão tinha.

O coração deu-lhe uma volta ao recordar-se dela e da vida tão desgraçada que tinha tido. Tinha-se casado aos dezoito anos com um homem que bebia e que jogava. Quando fez trinta anos, já tinha sete filhos. Aos trinta e um, o marido tinha-a abandonado. Aos cinquenta estava esgotada e envelhecida e fazia cinco anos que tinha morrido de enfarte do miocárdio.

Tinha só cinquenta e cinco anos.

Jason era o filho mais novo, um rapaz inteligente e carinhoso que se tinha transformado num adolescente triste e ambicioso, decidido a enriquecer quando fosse mais velho. Matriculou-se em Medicina não porque gostasse, mas porque pensava ser uma profissão onde se ganhava muito dinheiro. A sua mãe tinha colocado objecções, argumentando que ninguém poderia ser médico só por dinheiro.

Como lhe gostaria de ter dito que por fim tinha-se transformado num bom médico e que era muito feliz, apesar de não ser rico.

Claro que ninguém era completamente feliz. Isso era algo muito difícil.

– Bons-dias, doutor Steel. Um dia precioso, não é verdade?

– Sim, Florrie – Florrie era uma das suas doentes. Rondava os setenta anos e quase todas as semanas ia à consulta para se queixar de algum dos seus muitos ataques.

– Parece que Muriel tem bastante trabalho hoje – disse Florrie, referindo-se padaria que havia do outro lado da rua. Do autocarro que tinha parado em frente ao estabelecimento, entravam e saíam pessoas para comprarem empadas.

A padaria de Tindley era famosa nos arredores. Alguns anos antes, tinha conseguido fazer com que aquela localidade ficasse famosa ao ganhar o prémio da melhor empada de carne da Austrália. Os viajantes e os turistas que iam de Sidney a Canberra desviavam-se da auto-estrada somente para comprarem uma empada no Tindley.

Em resposta à tão repentina afluência de visitantes, as lojas que existiam em cada lado da rua, que antes estavam quase vazias, tinham aberto de novo as suas portas para venderem toda uma gama de artigos de artesanato local.

Aos arredores de Tindley tinham acorrido artistas de todo o tipo, pela paisagem e a tranquilidade que se respirava. Contudo, antes daquele florescimento do mercado, tinham tido que vender os seus produtos às lojas situadas em sítios mais turísticos, sobretudo na costa.

Num determinado momento, não só as empadas atraíam os turistas como também os artigos de pele e barro, madeira e outros produtos feitos à mão.

Em resposta a tanta popularidade, tinham aberto mais negócios, onde se oferecia chá de Devonshire e comida para levar. Também tinham aberto um bom par de restaurantes e uma pensão que se enchia aos fins-de-semana com as pessoas que escapavam de Sidney e que gostavam de montar a cavalo, caminhar pelo bosque ou sentar-se a observar a paisagem.

Num período de cinco anos, Tindley tinha ressurgido quase do nada e tinha-se convertido num sítio próspero. Um lugar que se podia dar ao luxo de ter dois médicos. Jason tinha comprado parte do consultório do velho doutor Brandewilde e não se tinha arrependido disso em nenhum momento. Ainda que tivesse de admitir que tinha tardado em se habituar ao ritmo do lugar, acostumado como estava a trabalhar doze horas por dia no consultório de Sidney. Tivera que lutar ao princípio contra o seu impulso de consultar da maneira mais rápida possível.

Actualmente, não se podia imaginar a estar com um doente menos de quinze minutos. Os seus doentes tinham deixado de ser rostos anónimos e tinham-se transformado em pessoas que conhecia e apreciava. Pessoas como Florrie. Uma conversa agradável com o doente era uma prática habitual do médico rural.

O autocarro arrancou e aos poucos desapareceu de vista.

– Espero que Muriel não tenha vendido o meu almoço – comentou Jason. Florrie começou a rir.

– Nunca faria tal coisa, doutor. É o seu cliente favorito. No outro dia dizia-me que, se tivesse trinta anos a menos, já lhe tinha deitado a mão e assim não tinha que aguantar a casamenteira da Martha.

Jason começou a rir. Não era só Martha Brandewilde que era casamenteira. Desde que chegara àquele povoado que todas as senhoras padeciam da mesma doença. Normalmente não era comum que um homem atractivo e solteiro, com menos de quarenta anos, fosse viver para um sítio como aquele. Com apenas trinta anos, mais charmoso que a maioria, era considerado o partido perfeito para muitas.

Ainda que nenhuma delas tivesse êxito, apesar de Jason ter sido convidado para várias festas onde sempre por casualidade tinha perto dele uma rapariga que não tinha companhia. Jason suspeitava que tinha defraudado o todas as que tinham tentado ajudar nesse sentido. Martha Brandewilde era a que mais frustada se sentia.

Porém, o que o alegrava realmente era o facto de, apesar da sua falta de entusiasmo pelas raparigas que lhe eram oferecidas de bandeja, ninguém tinha sugerido que era um solteirão endurecido. Aquilo era algo que gostava nos habitantes de Tindley. Tinham valores e pontos de vista muito antiquados.

Florrie franziu o rosto.

– Quantos anos tem, doutor Steel?

– Trinta, Florrie. Porquê?

– Um homem não deve casar-se muito tarde – aconselhou-o. – Porque se não, começa a ser maníaco e egoísta. Ainda que não deva casar-se com a primeira que apareça. O casamento é algo de muito sério. Mas é um homem inteligente e sabe disso. Assim é que não se casou ainda. Deus meu, veja que horas são! Tenho de me ir embora. Vai começar o The Midday Show e não o quero perder.

Florrie deixou Jason a pensar no que lhe tinha acabado de dizer.

O que importava era que estava de acordo com ela. Em quase tudo. A sua vida teria mais sentido se encontrasse uma mulher com quem compartilhar. Tinha chegado a Tindley depois de uma experiência bastante triste, mas não abandonava por isso a ideia de encontrar alguém. Queria casar-se, mas não com qualquer uma.

Mexeu a cabeça em sentido negativo ao pensar no tão perto que tinha estado de casar-se com Adele. Que desastre que teria sido!

O que importava é que tinha sido uma mulher com quem tinha estado disposto a compartilhar a sua vida. Bela. Inteligente. Muito sensual. Tinha estado cegamente apaixonado por ela, até ao dia em que lhe caiu a venda dos olhos e se deu conta do que havia por trás dessa fachada: um ser sem sentimentos que tinha sido capaz de assumir a morte de um bebé, sem se culpabilizar da sua própria negligência; dizia que a vida assim era e que não era a última vez que um acidente desse tipo ocorreria.

Nesse momento, decidiu deixar de a ver e separar-se do seu estilo de vida egoísta. E teve que pagar um alto preço por isso. Em vez de exigir metade dos bens a Adele, tinha-lhe deixado tudo. O apartamento em Palm Beach e o Mercedes. Tinha ido com a sua dignidade. Depois de ter comprado ao doutor Bradewilde metade do consultório, Jason tinha chegado a Tindley somente com a sua roupa, a sua colecção de vídeos e um carro, que estava longe de ser um Mercedes último modelo. Um carro de quatro portas, australiano, mas bastante duro e fiável. O carro típico de um médico rural.

Adele pensou que endoidecera e tinha-lhe dado seis meses para que lhe desse razões para tal. Mas era o que Jason tinha feito. Não queria continuar a viver depressa e com a obsessão de conseguir riqueza, nem tão pouco estava disposto a uma vida sexual tão retorcida como gostavam as mulheres do género de Adele. Queria paz e tranquilidade, tanto para o corpo como para a alma. Queria uma família. Queria casar-se com uma mulher que o respeitasse e amasse.

Todavia, era-lhe igual estar apaixonado ou não.

Naturalmente, era importante desejar a sua mulher. O sexo era tão importante para Jason como era importante para os restantes homens apaixonados. A Primavera não só afectava o povo, como também o afectava a ele. Necessitava de uma esposa e quanto antes.

Infelizmente, as possibilidades de se casar com a rapariga em que havia reparado em Tindley eram quase nulas.

Olhou a rua e fixou o olhar na pequena loja que havia na esquina. As suas portas estavam fechadas. Era normal, pensou. Não havia passado nem sequer uma semana desde o funeral de Ivy Churchill.

Encarregar-se-ia Emma da loja de guloseimas da sua tia? Que poderia fazer ele para conquistá-la? Porque é que o coração daquela rapariga tinha sido conquistado por um cretino que tinha saído da povoação fazia já uns quantos meses? Segundo a sua tia, a rapariga estava apaixonada por esse tipo e esperava com fervor o seu regresso.

Aquela senhora tinha contado tudo a Jason, numa das vezes em que tinha ido examiná-la, com certeza porque tinha dado conta dos olhares que dirigia à sua sobrinha. Ainda que a rapariga não se tivesse inteirado de nada. Das vezes que lá tinha ido, ela ficava tecendo ao lado da janela.

Para Jason tinha sido impossível não a feitar. Os seus olhos voltavam-se uma e outra vez para o mesmo sítio, para contemplar a bela imagem daquela rapariga sentada, arqueando de forma graciosa o pescoço, a sua mirada baixa, as pestanas descansando na palidez das suas faces. Levava sempre um vestido até aos tornozelos. Os raios de sol tinham iluminada os seus ombros, transformando o seu cabelo encaracolado em ouro puro. Do pescoço pendia um fio de ouro, que se mexia ligeiramente cada vez que movia a lançadeira do tear.

Jason ainda recordava o desejo que tinha sentido nesses momentos de acariciar o seu delicado pescoço e beijar-lhe os lábios. A sua doente disse-lhe algo que o afastou daqueles pensamentos tão eróticos, os quais inclusivamente o tinham excitado.

Jason franziu a testa, saiu do consultório e dirigiu-se à padaria. Após abrir a porta, mudou de expressão para uma mais agradável.

Uma das chatices de viver em sítios com Tindley era a de que nada passava despercebido. Não queria que todos começassem a comentar que o doutor Steel tinha problemas. Também sabia que não era bom fazer demasiadas perguntas, apesar de que morria por saber o que iria fazer Emma com a loja da sua tia.

– Bons-dias, doutor Steel – saudou-o Muriel. – O mesmo de sempre?

– Sim, obrigado, Muriel – respondeu-lhe a sorrir.

Não tinha feito mais do que tirar o sumo de laranja do frigorífico quando Muriel já lhe tinha posto num saco de papel a sua costumada empada de carne com cogumelos e dois pãezinhos. Estava quase a pagar, quando lhe picou a curiosidade.

– A loja de doces está ainda fechada – comentou como por casualidade.

Muriel suspirou.

– Sim. Emma disse-me que não lhe apetece abrir esta semana. Dá-me pena essa rapariga. A única coisa que tinha neste mundo era a tia e foi-se para sempre. O cancro é uma doença horrorosa.

– Tem razão – respondeu Jason enquanto lhe dava uma nota de cinco dólares.

Muriel abriu a caixa registadora para lhe dar o troco.

– Quando morrer, gostaria de morrer de enfarte, não de uma doença lenta. O que importa é que estou surpreendida de como Ivy durou tanto como durou. Quando o doutor Brandewilde a mandou para o Hospital em didney o ano passado para a quimioterapia, eu não lhe dava mais de alguns dias. Contudo, aguentou um ano. De certa forma, foi um alívio para Emma ter morrido. Ninguém gosta de ver sofrer. Mas esta rapariga ficou muito sozinha.

– Suponho que sim – comentou Jason. – O que importa é que é incrível que uma rapariga tão bonita como Emma não tenha namorado – aventurou-se Jason.

– Não lhe contaram da Emma e do Dean Ratchit? Acredito que Ivy lhe contou. Ao fim e ao cabo, foi muitas vezes visitá-la nos últimos meses.

– Não me recordo que mencionasse alguém com esse nome – respondeu Jason. O único Ritchitt que conhecia era Jim Ritchitt, um médio desgastado que vivia numa granja fora da localidade. – Tem alguma relação com Jim Ritchitt?

– É seu filho. Tem de se inteirar do que se diz por aí – disse Muriel enquanto entregava o troco. – Sobretudo se está a pensar em lançar uma olhadela nessa direcção, como suponho.

– O que é que se comenta?

– O caso de Emma e de Dean, com certeza.

– Estão a sair juntos?

– Oh, isso eu não sei. Dean gosta de raparigas liberais e Emma não é assim. Ivy educou-a respeitando os velhos valores. Essa rapariga acredita na castidade até ao casamento. Mas quem sabe. Dean tem mão para as mulheres, disso não há dúvida. E durante este tempo saíram.

– Saíram?

– Sim. Isso foi antes de Ivy ter ido a Sidney o ano passado. Surpreendeu-nos muito, porque Dean tinha estado a sair com outra o mês anterior. Emma levava um anel que ele lhe ofereceu quando foi a Sidney ver a tia. Quando, dois meses mais tarde, voltou de Sidney com Ivy, em toda a localidade se comentava que Dean tinha deixado grávida a filha mais nova dos Martin.

– A rapariga com quem saía antes de Emma?

– Não, não, essa era Lizzie Talbot. De todas as formas, ele nunca negou que se tinha deitado com a rapariga dos Martin, mas não quis reconhecer o filho. Disse que a rapariga era muito liberal e que ele não era o único que se tinha deitado com ela. Emma discutiu com ele mesmo à porta da loja de Ivy. Eu mesma ouvi a discussão. Toda a localidade a ouviu.

Muriel apoiou os cotovelos no mostrador, desfrutando da companhia.

– Dean teve coragem de pedir-lhe que casasse com ele. Emma negou-se e ele perdeu as estribeiras, acusando-a de que a culpa era sua, ainda que eu gostasse de saber a verdadeira razão. Recordo que se não se casasse com ele, como tinham pensado, o namoro acabaria. Ela respondeu-lhe, gritando também, que de todas as maneiras ela o dava por terminado. Atirou-lhe o anel à cara e disse-lhe que se casaria com o primeiro homem decente que encontrasse.

– É verdade? – indagou Jason, incapaz de ocultar a alegria que lhe haviam produzido aquelas palavras.

– Não caia em ilusões, doutor – advertiu-o Muriel. – Acredito que o disse por desespero. Diz-se muito da boca para fora, mas são só os actos que importam. Há já um ano que não sai com ninguém, ainda que não tenham faltado rapazes que lhe pedissem. Quem a vai pedir em casamento sem aconhecer minimamente? Todos sabemos que está à espera do regresso de Dean. Se regressar… – Muriel encolheu os ombros com resignação, como se o inevitável fosse Emma cair de novo nos braços do seu antigo amor.

E aquele homem tinha sido seu amante. Disso Jason não tinha a menor dúvida. As mulheres apaixonadas depressa esquecem os valores que lhes são transmitidos.

De todas as maneiras, imaginar Emma nas mãos de tão repugnante homem dava-lhe uma volta ao estômago. Era uma jovem tão doce e carinhosa que merecia alguém melhor.

Merecia alguém como ele, decidiu Jason. A modéstia nunca foi uma das suas virtudes.

– E o que aconteceu à rapariga que Jason deixou grávida?

– Foi para a cidade. Dizem que abortou.

– Acha que era dele?

– Quem sabe? A rapariga era um pouco doidivanas. Se era de Dean, seria a primeira vez que teve um deslize. Porque durante todos estes anos, saiu com todas as mulheres com menos de quarenta anos desta localidade, fossem solteiras ou casadas.

Jason arqueou as sobrancelhas.

– É um recorde. O que é que tem esse homem?

Muriel começou a rir.

– Não lhe posso dizer, doutor, porque tenho quase sessenta. Mas não há dúvida de que esse rapaz é muito bem posto.

– Que idade tem?

– É um pouco mais novo que o doutor, mas um pouco mais velho que Emma.

– E quantos anos tem a Emma?

Muriel esticou as costas, pondo uma expressão de reprovação.

– Doutor, doutor… o que é que andava a fazer enquanto ia a casa da Ivy durante estes meses? Esse é tipo de coisas de que têm de se inteirar primeiro, se já pensa em algo mais sério com a rapariga. Tem vinte e dois.

Jason franziu a testa. Tinha pensado que era mais velha. Tinha uma expressão mais madura, serena, que sugeria uma maior experiência de vida. Com vinte e dois anos não era mais que uma menina. Uma menina que tinha vivido toda a sua infância numa localidade pequena. Uma jovem inocente e sem experiência.

De repente, lembrou-se do compromisso de Emma com Dean Ratchitt. Não seria con certeza tão inocente. Nem teria tão pouca experiência. Os homens do género de Ratchitt não perdiam o tempo a sair com raparigas que não lhes davam o que queriam.

– Acha que Ratchitt vai voltar?

– Quem sabe? Se por acaso se inteirar que Emma vai herdar a loja, volta.

Jason duvidava muito de que o facto de Emma herdar aquela loja fosse fazer voltar um tipo daquele carácter. Aquele estabelecimento não dava mais que para viver, mas só porque não se pagava renda. A loja era muito pequena e não valia muito.

– Acredita que se ele voltasse, ela estaria disposta a sair com ele outra vez?

– O amor é cego.

Jason estava de acordo. Por Deus, ele não estava apaixonado pela rapariga. Queria tomar uma decisão sobre ela com a cabeça, não com o coração.

– Até amanhã, Muriel – despediu-se. Já tinha passado demasiado tempo na loja de Muriel e provavelmente aquela conversa seria rapidamente do conhecimento dos vizinhos.

Ainda que tão-pouco lhe importasse. Já tinha decidido dar o primeiro passo após terminar as consultas dessa tarde. Não queria esperar até que aparecesse Dean Ratchitt. Não queria perder tempo a pedir-lhe que saísse com ele. Ia directo ao que desejava. Ia propor-lhe que se casasse com ele.